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De Melbourne, Amália Grimaldi. 2016

A lavoura da cana de açúcar aqui no norte da Austrália viu-se comprometida pela insurgente praga de besouros que rapidamente se multiplicavam.   A lava do inseto alimenta-se da raiz da cana de açúcar, e os ovos, enterrados no subsolo, tornam-se difícil de serem exterminados. Cientistas australianos então experimentaram um método de extermínio não convencional, e o governo do país deu o sim para que sapos fossem importados da América do Sul, a fim de controlar o avanço dos insetos.

Sinal verde, os sapos do Brasil aqui foram bem recebidos. Espalharam-se pelos canaviais de Queensland. Depois verificou-se que o rápido crescimento da população dos anfíbios já alcançavam o norte e o sul da Austrália.  É que, por ser espécie introduzida (CaneToad) e por falta de predador, o que seria um controle biológico terminou por transformar-se numa praga nacional. Os sapos tornaram-se responsáveis pela proliferação de doenças, e o pior, afetando a biodiversidade. Foi aí então, que um novo método de controle, desta vez foi implementado com a ajuda de comunidades residentes nas áreas afetadas. Para cada sapo capturado, o governo pagaria um centavo, resultando uma verdadeira ‘corrida ao ouro’.  A estação à caça aos sapos estaria aberta. Tive a oportunidade de verificar ‘in loco’ como a garotada de um populoso bairro do estado de Queensland reagiam. Visível era o espírito competitivo. Adultos e crianças se envolviam na caça aos sapos. Tonéis metálicos foram instalados no fundo dos quintais. Uma vez por semana, o carro da vigilância sanitária para em frente à casa cadastrada e faz a coleta. Mas, de fato, os sapos, encontrando fartura, seguem multiplicando-se pelos férteis campos australianos. Até que venha uma nova solução, que não seja pelo uso nefasto de produtos químicos, os cientistas continuam suas pesquisas, e a garotada, nesse jogo competitivo, segue lucrando - com dinheiro na caixinha.

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