carlos-magno

Jogar tudo para o alto e caminhar na areia macia da praia, sentindo o vento do mar. A maresia quase doce do mar de Guaibim. Ora, se fosse tão simples. Mas não é.

Goiânia é muito bonita. Uma cidade rica. Limpa. Principalmente nos bairros nobres. Nas periferias nota-se que o Brasil é igual. Somos um povo que consegue atrair pobreza para a periferia da riqueza. Não há divisão de renda. Há a separação de classes. Em todas as cidades brasileiras há esse fenômeno perverso. Nas cidades antigas e persiste o problema nas cidades novas. Brasília. Classes bem definidas. Pobres, separados. Ricos, separados. Luiz Eduardo Magalhães, na Bahia, mostra que a mentalidade não muda. Cidade nova, rica. Muito rica. Povo trabalhador e produtivo. Há o bairro pobre. Rio de Janeiro. Favelas. Leblon. Copacabana. Ipanema. E os morros à vista, desassistidos. São Paulo, a maior cidade do pais. Há separação de pobres e ricos. Salvador a mesma coisa. Coisa antiga. Ou seja: sempre fomos uma sociedade de não inclusão. A renda concentra-se em poucas mãos. A periferia fica com o trabalho e a com pobreza.

Criamos o conceito de condomínio fechado. Quem pode vai para um condomínio fechado. Luxo, conforto, sensação de segurança e isolamento intra muros. Extra muros, o mundo ruge. Casa grande e senzala. Ainda não temos comunhão na sala de visita.

Estamos sendo assaltados nos sinaleiros. Nos engarrafamentos. Na porta de casa. Extra muros. Assaltos violentos e impiedosos. Crimes horríveis. Cada um cidadão entregue à própria sorte. Explosão de bancos. Tomada dos muros de concretos das transportadoras de valores. Ousadia e demonstração de força dos marginais contra o Sistema. No meio dos marginalizados, nas periferias, a violência é tamanha que as ruas ficam desertas tão logo escurece. Tal como nas outras ruas, onde estão os mais abastados. Tudo se fecha. A marginalidade campeia. Se não há polícia, há o bandido. Em Natal, Rio Grande do Norte,  o terror imposto à sociedade de dentro das penitenciárias. O crime organizado se fortalece e ocupa o lugar do Estado falido. Queimam-se os ônibus. Os pobres ficam a pé.  Nossas rodovias ficam vazias à noite. Os caminhões com nossas mercadorias param em bolsões de segurança mútua dos caminhoneiros. Quando poderiam economizar os pneus rodando nas estradas mais frescas à noite, os caminhões param. Precaução. Medo. Nossas estradas são arapucas à noite.

O país dos impostos. Tanto imposto que não dá para enumerar. Um cipoal. Vontade de jogar tudo para o alto. Mas não dá. O jeito é fazer os Jogos Panamericanos. A Copa do Mundo e as Olimpíadas. Pão e circo. Pegar a lira e apreciar o incêndio que vem por aí.

Vontade de ir para a praia de Guaibim caminhar na areia.

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