moacir-saraiva

Os grupos sociais tendem a aceitar de bom grado situações e pessoas com as quais se antenem com suas crenças de qualquer natureza e, por outro lado, se não repudiam com veemência, mas veladamente situações e pessoas que não se enquadram no seu escopo de normalidade.

Ainda se assiste, em pleno século XXI, mesmo em uma sociedade muito desenvolvida nos aspectos tecnológicos, nas comunicações e nas ciências, campanhas e mais campanhas para se respeitar os afro-descendentes, as pessoas de gêneros diferentes, os idosos, os nordestinos, os pobres, os favelados, os diferentes credos religiosos, os refugiados, enfim, ainda se vive em uma sociedade cujos parâmetros para o respeito são movidos por critérios de grupos sociais como se estivessem na idade média em que não predominava a razão.

Nos estádios de países considerados “de primeiro mundo”,  quantas ofensas a jogadores de cor negra, não é só no Brasil que este fenômeno teima em não se desencravar das entranhas da sociedade. A despeito de existirem leis e mais leis tentando coibir comportamento como estes, de extrema ofensa a outro ser humano elas não são respeitadas.

Quando se pensa muito sobre este comportamento de intolerância, alguns huamnos sentem vergonha de pertencer à espécie humana.

Pensei que o preconceito ocorria apenas de gente para gente, mas outro dia vi que há pessoas em que esse sentimento é tão acentuado que tal infortúnio se estende até a animais. Demorei a me acostumar com a idéia, no entanto, aprendi que do ser humano pode se esperar tudo e mais alguma coisa.

Estava em uma praça na qual alguns donos de cães e cadelas passeavam com seus animais, alguns cachorros corriam, outros buscavam  peças que os donos arremessavam distante, enfim era só alegria dos cães naquele ambiente. Pareciam ser cães criados em apartamentos e quando se deparam com espaço se soltam. Cães grandes, pequenos, uns enfeitados, outros mais simples, enfim, os cães não se enjeitam independente de tamanho, de raça, de cor.

Lá se via cães de raças diferentes, poodle, beagle, dálmata, pug, dachshund, shih-tzu, terra-nova,  entre outras. Eis que apareceu uma cadela garbosa, bonita, e logo se enturmou com os demais, brincando, correndo. Geralmente, dono de cachorro quando se depara com um que não sabe a raça, num ato de indelicadeza, logo pergunta ao acompanante a raça do animal e a jovem que conduzia o recém-chegado disse se tratar de um vira lata. O interlocutor fez uma cara de espanto e aí se viu algo que pensei que só contra seres humanos acontecia.

Ele espalhou a notícia e os possuidores de cães de raça, começaram a recolher seus animais, alguns até acintosamente, e olhavam para a garbosa cadela  com desprezo, até com nojo, e se retirarem da praça como se a vira lata estivesse cheia de sarna, carregada de carrapato ou com uma mal contagioso.

Os cães perderam um bom momento de lazer, graças ao preconceito do ser humano.

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