Críticos dizem que esse é mais um esforço do governo para intimidar jornalistas nas Filipinas

A jornalista filipina Maria Ressa, diretora do site de notícias Rappler, conhecido por reportagens que investigam o governo do presidente Rodrigo Duterte, foi libertada sob pagamento de fiança no valor de US$ 1.900 (cerca de R$ 7.200) nesta quinta-feira (14).

Ela passou a noite presa após ser condenada a 12 anos de prisão, sob a acusação de difamação, por uma reportagem publicada em 2012, que relacionou um empresário a assassinatos e tráfico de pessoas e de drogas, com base em informações contidas em um relatório de inteligência de uma agência não identificada.

Críticos dizem que esse é mais um esforço do governo para intimidar jornalistas nas Filipinas. Ressa foi uma das jornalistas escolhidas pela Revista Time como personalidade do ano em 2018 por sua luta pela liberdade de imprensa.

"Para mim, isso é abuso de poder. É preciso expressar indignação e fazê-la agora. Liberdade de imprensa não é apenas sobre jornalistas, não é apenas sobre nós, não é apenas sobre mim, não é apenas sobre a Rappler. Liberdade de imprensa é a base de cada direito de cada filipino para a verdade ", disse Ressa em entrevista coletiva após deixar a prisão.

Em 2017, o empresário alvo da reportagem publicada cinco anos antes entrou na Justiça filipina, sustentando que a informação publicada estava errada e que o artigo era difamatório.

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, tem entrado em conflito com o Rappler. Os repórteres do site são conhecidos por fazer críticas às suas políticas e nomeações e questionar a exatidão de suas declarações.

CRÍTICA DESCOBERTA

Reportagens do site dirigido por Ressa acusaram o governo de criar um "ecossistema" de mídia social projetado para defender Duterte, ameaçar e desacreditar seus oponentes, e desencorajar os filipinos de criticá-lo por medo de serem atacados. O governo nega as acusações.Duterte sugeriu uma vez que o site era de propriedade americana e poderia ser ligado à Agência Central de Inteligência dos EUA. Ele chamou a publicação de "notícia falsa" e proibiu um repórter de cobrir seus eventos.

O Rappler, fundado em 2012, tem problemas com a Justiça filipina por evasão fiscal e violações de propriedade. A direção do site nega as acusações.

Esta é a sexta vez que Ressa é acusada pela Justiça filipina. Em todas elas, pagou fiança. O porta-voz de Duterte, Salvador Panelo, disse que o caso de difamação não tem nada a ver com o governo, e que Duterte não tem interesse em punir jornalistas.

"O presidente foi criticado, e ele não se incomoda", disse o porta-voz à rádio DZMM. Ressa passou a noite em uma sala na sede do Escritório Nacional de Investigação na capital, Manila, e não conseguiu pagar fiança antes porque a corte estava fechada.

A prisão de Ressa foi criticada por jornalistas e ativistas nas Filipinas e no exterior. A ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright disse que o ato foi "ultrajante" e que "deve ser condenado por todas as nações democráticas".A Anistia Internacional, com sede em Londres, disse que o governo de Duterte está usando a lei para "intimidar e assediar jornalistas". Dabet Panelo, do Sindicato Nacional dos Jornalistas das Filipinas, pediu a realização de protestos na sexta-feira (15).

Com informações da Folhapress.

Foto:Reuters/Eloisa Lopez

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