Escritor e jornalista Elieser César, autor do livro ‘Vasconcelos Maia - Contista da Gente Baiana’, participou de noite de autógrafos na sede da AVELA.

À convite da Academia Valenciana de Educação, Letras e Artes (Avela), o escritor e jornalista Elieser César esteve em Valença no dia 25 de março para autografar o livro de sua autoria, Vasconcelos Maia - Contista da Gente Baiana, publicado em 2016 pela Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), na Coleção Gente da Bahia. O evento denominado “Vinho Literário” contou com a presença do presidente da Avela, Moacir Saraiva e de seus confrades Araken Galvão, Alfredo Gonçalves, Pedro Geraldo, Givaldo Couto, Ângela de Mérice, Maria do Perpétuo Socorro, Albete Freitas; do membro honorário da AVELA e diretor do Jornal Valença Agora, Vidalto Oiticica; do Venerável Mestre da Loja Maçônica Paz e Fraternidade de Valença, Roberval Vieira; do presidente do Rotary Club de Valença, José Elias Antar; do professor Gilson Antunes; do Defensor Público Carlos Vasconcelos Maia Filho, filho do contista Vasconcelos Maia, família e convidados.

Os acadêmicos Araken Vaz Galvão, Pedro Geraldo, Moacir Saraiva (presidente da AVELA) e o escritor Elieser César

Araken Vaz Galvão, Pedro Geraldo, Moacir Saraiva e o Jornalista Elieser Cesar

O anfitrião do evento, professor e colunista do jornal Valença Agora, Moacir Saraiva saudou a todos e disse que neste ano, a AVELA planejou realizar eventos para ‘chamar a sociedade’, aproximando os intelectuais da comunidade valenciana. Entre esses eventos planejados, já aconteceu o Café Literário. “Nós da Academia temos que dar uma certa pulsação na sociedade, uma vitalidade”, afirmou.

Acadêmicos e convidados prestigiam evento da AVELA

Acadêmicos e convidados prestigiam evento da AVELA

O convidado e autor do livro sobre o intelectual baiano Vasconcelos Maia, Elieser César é Jornalista e Mestre em Letras pela Universidade Federal da Bahia - Ufba. Nasceu em Euclides da Cunha, trabalhou em vários jornais, como Jornal da Bahia e O Globo (sucursal de Salvador) e colaborou para revistas como Nova Escola (Editora Abril) e Metrópole. Além de Vasconcelos Maia, Elieser é autor de conto, poesia, novela, ensaio e biografia.

Ao cumprimentar os presentes, Elieser agradeceu o convite da AVELA e relatou sobre o livro, que segundo ele, é uma análise da obra do “poeta dos saveiros”, (como ficou conhecido o contista Vasconcelos Maia).

De acordo com Elieser, a obra de Vasconcelos Maia, à qual se debruça sua narrativa, “retrata Bahia, a Cidade de Salvador, a beleza e os perigos do mar; o pequeno sertão profundo e a essência ancestral e mítica do candomblé”. Ainda segundo o escritor, “Vasconcelos Maia foi um homem do mar; um andarilho das ladeiras e becos de Salvador, um caboclo do interior e também um adepto da religião dos orixás. Toda essa eclética experiência, mundana e intelectual, ele transplantou para a sua obra, em contos, novelas e crônicas”. Apesar dos traços da personalidade de vida de Vasconcelos Maia, Elieser afirmou que seu livro não é uma biografia. “O livro tece considerações sobre os principais contos e as três novelas do escritor”, esclareceu.

O livro de Elieser é dividido em quatro capítulos e contém 200 páginas que trazem, além da análise da obra de Vasconcelos Maia, registros fotográficos, reprodução de arquivos de jornais com textos de Maia, reprodução de cartas e depoimentos de familiares do protagonista.

No capítulo 2, Elieser apresenta dados biográficos de Vasconcelos Maia, os quais destacamos aqui para que nossos leitores conheçam um pouco mais do pai do Defensor público da Comarca de Valença, Carlos Maia: “Nasceu em Santa Inês [...] em 20 de março de 1923. Aos seis de idade, veio para a capital em companhia dos pais, Manoel de Almeida e Asterolina Vasconcelos Maia. O garoto Carlito estudou no Ginásio Ipiranga, Carneiro Ribeiro e no Ginásio da Bahia, hoje Colégio Central. Desde cedo dedicou-se à literatura, tendo publicado em revistas como América (BA), Cigarra (Rio de Janeiro) e Revista do Globo (Porto Alegre). Assinou duas colunas de crônicas, “Dia sim, dia não” (Jornal da Bahia) e “Café da Manhã” (A Tarde). (pág. 45) O jornal Valença Agora também já publicou em algumas de suas edições informações sobre o escritor.

Vasconcelos Maia foi fundador da Associação Brasileira de Escritores, secção da Bahia, e, em 27 de outubro de 1976, entronizado da Cadeira Nº 14 da Academia de Letras da Bahia.” (pág. 47). “Vasconcelos Maia foi também um dos pioneiros do turismo no Estado, dando uma forte contribuição para profissionalizar o setor. Ele foi o primeiro diretor de turismo na Bahia, quando, de 1959 a 1964, dirigiu o Departamento de Turismo da Prefeitura de Salvador, na gestão do prefeito Heitor Dias”. (pág. 50)

“Vasconcelos Maia morreu, aos 65 anos de idade, de ataque cardíaco, na noite de 14 de julho de 1988. Deixou dois projetos inéditos: Diante a Bahia Azul (contos publicados em jornais e revistas, a partir de 1945) e Viagem à Baía de Tinharé (roteiro de cidades e vilas marítimas do sul da Bahia)”. (pág. 55)

O escritor Elieser César reproduziu em seu livro, depoimentos da primeira mulher de Vasconcelos Maia, Dylma Andrade Leire Miranda, mãe do Defensor Carlos Maia, e de seu filho Cláudio Miranda Maia. Acompanhe dois trechos:

“Carlito [Vasconcelos Maia] nunca foi um homem que se preocupou com problemas outros que não fossem intelectuais, inclusive para meus meninos. Podíamos não ter luxo ou roupas da moda, mas as melhores revistas da época estavam em casa”, disse Dylma sobre a relação do ex-marido com a Literatura. (pág. 56).

“A grande herança que tenho deles é a herança cultural e a herança do amor. Meus maiores amigos sempre foram meu pai e minha mãe, indiscutivelmente”, revela Cláudio Maia. (pág. 59).

Na contracapa do livro, o editor e escritor Mayrant Gallo, tece considerações sobre a obra de Vasconcelos Maia, que revelam sua importância: “[...] Suas histórias, aparentemente simples – a ponto de se achar que eram fáceis e sem profundidade -, são retrato e documento: representam o povo da Bahia em âmbito universal e proporcionam, para além do tempo e da geografia, sua permanência e sua perenidade. Quando se quiser saber como era a vida cotidiana na Bahia do século XX, Vasconcelos Maia deverá ser consultado. Ou melhor: lido. E isso basta para fazer de qualquer escritor uma memória sem sepulcro”.

Acadêmico Alfredo Gonçalves, escritor Elieser César e o Defensor Público Carlos Vasconcelos Maia Filho

Alfredo Gonçalves, Elieser Cesar e o Defensor Público Carlos Maia

Filho do ilustre escritor baiano Vasconcelos Maia, o Defensor Público Carlos Maia afirmou, em entrevista ao diretor do jornal Valença Agora, que se sente bastante orgulhoso sobre tudo que diz respeito à sua família, principalmente a seus pais. “Eu gostaria de agradecer à AVELA, gostaria de agradecer ao escritor Elieser Cesar que pra mim se tornou um novo irmão, porque ele sabe coisas de meu pai que eu não sabia. Ele consegue traduzir os contos de meu pai de uma maneira bastante elucidativa e isso me deixou bastante alegre, além dele ser um cara bastante inteligente. Eu fico agradecido a você [Vidalto Oiticica] por ser um constante incentivador e divulgador da cultura valenciana. Quando eu vejo você com esse seu trabalho árduo através do Valença Agora, me dá uma ideia do trabalho que meu pai deve ter tido com uma revista que ele tinha chamada ‘Caderno da Bahia’, onde divulgava artistas que hoje são famosos, mas que naquela época estavam no início. Tenho somente a agradecer, e se ele [o pai] estivesse aqui, ele estaria orgulhoso do mesmo jeito que eu estou”, declarou.

“Foi meu pai que sempre nos estimulou [filhos] a estudar, ‘não precisa ser o melhor da sala, mas devem estudar e tirar notas boas’. Foi meu pai quem mandava eu ler os livros de meu padrinho Erico Veríssimo”, relembrou Carlos Maia, demonstrando a importância de seu pai na sua formação.

Ao jornal Valença Agora, o Venerável Mestre da Maçonaria de Valença, Roberval Vieira, falou da importância da manutenção do hábito da leitura através do exemplo dos pais, em suas casas. “A importância do hábito da leitura é demonstrada pelo nosso irmão Defensor Carlos Maia. Eu estava dizendo a ele agora que, pelo fruto nós sabemos de qual árvore veio. A intensidade com que Carlos Maia age na sua profissão, na sua relação com as pessoas, nas instituições da qual faz parte, essa intensidade foi demonstrada hoje aqui, que veio de seu pai, do escritor que mostra o quanto ele transitou por toda uma literatura. Nosso defensor é tudo aquilo que trouxe da família, essa intensidade que mostra que viver a sociedade de forma intensa vem de raiz também”, considerou.

O escritor e acadêmico Araken Vaz Galvão falou sobre o Prêmio Jorge Amado que recebeu em outubro passado. A premiação é um reconhecimento de sua Obra, concedida pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro (UBE – RJ). Galvão possui 17 livros publicados e outros 23 à espera de publicação.

Sobre a contribuição que o Jornal Valença Agora vem dando à cultura e literatura na região, abrindo espaços para matérias como esta, o professor e colunista do Jornal Valença Agora, Gilson Antunes, destacou que o “jornal Valença Agora é um protagonista na formação de leitor e, principalmente, na formação de cidadão, no Baixo Sul. Acho importante e interessante que se mantenha esse diálogo, e que leve às pessoas informações com fundamentação, que é o que tem sido feito, isso só vai continuar fortalecendo e aumentando o interesse dos leitores que já são muitos”, frisou.

Após os pronunciamentos e autógrafos, fazendo jus ao nome do evento “Vinho Literário”, os presentes brindaram a realização de mais este evento da AVELA.

 

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