Artigo Givaldo

O craveiro da índia é uma árvore de médio porte, podendo alcançar 15 metros de altura. Denominada, cientificamente, como Syzygium aromaticum e pertencendo à família Myrtaceae, a especiaria foi introduzida, no século XVII, nesta região que pertenceu à Capitania Hereditária de Ilhéus.

Entre os 22 municípios produtores de cravo na Bahia, três localizam-se no Vale do Jiquiriçá, seis no Litoral Sul e 13 no Baixo Sul. Valença tem a maior área com craveiros, 2.366 hectares, distribuídos por 1.132 estabelecimentos rurais, segundo o último censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como mostra a tabela seguinte.

Municípios produtores de cravo da índia, no Baixo Sul:

  Munícipios Área (ha) Estabelecimentos

rurais

Produção (t)
01 Valença 2.366 1.132 586
02 Taperoá 1.027 450 198
03 Camamu 738 328 136
04 Igrapiúna 514 241 93
05 Ituberá 508 267 152
06 Presidente Tancredo Neves 554 415 116
07 Nilo Peçanha 212 121 34
08 Piraí do Norte 176 140 33
09 Teolândia 118 93 30
10 Jaguaripe 32 15 4
11 Wenceslau Guimarães 28 56 15
12 Ibirapitanga 22 31 4
13 Gandu 10 19 6

Fonte: Dados condensados do IBGE, Censo Agropecuário 2017 – Resultados definitivos.

A cultura do cravo é uma atividade agrícola de grande importância socioeconômica, desenvolvida por mais de 90% de agricultores familiares. O craveiro é cultivado com baixíssima tecnologia, as únicas práticas realizadas na sua cadeia produtiva, após o plantio, resumem-se à roçagens manuais e combate à formiga.

O controle de ervas daninhas, nas áreas com craveiros, é realizado na maioria das vezes, apenas, para a realização da colheita. Raríssimos são os produtores que praticam a adubação e, talvez, não consigam atingir 5% da área existente no Baixo Sul da Bahia, 6.338 ha. A prática da adubação que deveria acontecer a cada semestre, é realizada, esporadicamente, de forma inadequada quanto a formulação do fertilizante e a quantidade por planta. Também, não executam gessagem nem aplicam calcário para correção de acidez.

Ironicamente, a única preocupação está voltada para mortalidade da planta, que tem que vegetar sadia, mesmo desnutrida. Ou seja, os craveiros podem até não produzirem por falta de nutrientes, contanto que não morram e se apresentem vigorosas e saudáveis diante dos olhos dos observadores.

O sonho dos produtores e de outros atores sociais é a descoberta de um defensivo que resolva o problema da mortalidade do craveiro, sem importarem com a produção de uma cultura que se encontra instalada em solos ácidos, e pobres de macro e micronutrientes.

A colheita das flores, ainda em botões, é praticada na primavera, sete meses após emissão e desenvolvimento das gemas florais. Uma planta sadia e bem nutrida tem potencial produtivo para 30 kg de cravo seco, ou 3 (t) por hectare, considerando uma densidade de 100 plantas/ha.

Ao se referirem às gemas florais que se revertem em folhas, no período chuvoso, é comum ouvirmos dos produtores: “os ferrões do cravo vão virar folhas porque está chovendo”.

Folha e flor originam-se na mesma gema, que pode interromper sua trajetória para a inflorescência, e transformar-se em folha sob falta de luminosidade no período de chuvas.

Esse fenômeno não acontece em plantas bem nutridas, com reservas de fotoassimilados e seiva elaborada, porque a luminosidade média anual já foi suficiente para a sintetização dos componentes inorgânicos em orgânicos, para os craveiros produzirem. Evidências asseguram que os craveiros instalados em solos distróficos e inférteis, precisam de um espaço de tempo maior, pelo menos dois anos, para recomporem energias à fim de se manterem, e ainda produzirem.

Referência:
Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/valenca/pesquisa/24/76693. Acesso em:  julho de 2024.

 

 

 

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