moacir-saraiva

Como é bom trocar idéias com sujeitos e sujeitas com um astral alto e melhor ainda se tais indivíduos têm um senso de oportunismo aguçado, pois vêem tudo pelo lado bom além de terem respostas precisas e engraçadas para quaisquer embaraços que porventura apareçam. As situações podem ser, aos olhos de outros, as mais tristes e adversas, ainda assim, o sujeito faz graça.

O sujeito não tinha qualificação profissional nenhuma, não havia parentes por perto, vez que morava longe de sua terra natal, em outro país, nem legalmente poderia exercer sua profissão, pois estava clandestino. Passava uma fome danada, longe de pensar na cultura do contracheque em que todo mês pinga na conta seu salário. Ao amanhecer cada dia, se perguntava o que iria fazer hoje para comer, mas sempre com alegria. As pessoas que conviviam com ele, poucos amigos que o ajudavam, dando esporadicamente alimentação, roupas e outros suprimentos jamais o viram reclamar de nada.

Nesta situação, as pessoas se alimentam melhor em fins de semana quando vão à casa de um amigo ou para lavar um carro, lavar a casa ou outro trabalho desta natureza a fim de se fazer o escambo diferente: permutar mão de obra por um almoço farto.

O sujeito quando alguém o perguntava como foi o almoço em sua casa, ele respondia com naturalidade?

- Lá em casa, não tem hora de meio dia, o relógio pula de onze horas para duas, portanto não sei o que hora de almoço.

Falava isso com tanta naturalidade que todos o perguntavam para dar risada. E foi criando fama com estas saídas.

Um dia em volta de amigos, comendo bem, com direito a vinho e outras iguarias cujo estômago já estava totalmente desacostumado ele se recordava dos bons tempos em que vivia em sua terra. Esse é um papo recorrente em quem mora muito tempo fora de sua terra quando se encontra com patrícios. Este foi o dia da conversa girar em torno disso, os mais emotivos, mesmo controlando seus sentimentos, chegam ao choro e há um respeito muito grande por parte daqueles que não choram nem com a morte da mãe.

Estes assuntos encerrados, começa a gozação, brincadeiras direcionadas a todos os participantes. Em um determinado momento o alvo foi o Espirituoso.

Alguém o perguntou o que iria fazer na segunda, ele respondeu com tranqüilidade:

- Estou igual “bosta” na água, boiando e sendo levado conforme os ventos.

Alguém o inquiriu sobre sua saúde, uma vez que ele não estava se alimentando devidamente e isso poderia trazer complicações para o organismo, enfim uma preocupação de gente solidária. O moço respondeu que a situação que por ora estava passando tinha um lado positivo, muito positivo. Ele estava comendo tão pouco, mas tão pouco que ele, há dias, não sabia o que era fazer cocô, pois um simples pum já despachava todo o resto daquilo que ele comia. Ele disse ainda que desta forma, economizava papel higiênico, sabonete e ajudava a humanidade a economizar água.

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