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Muitos enfermos de doenças ainda pouco conhecidas, num passado não muito distante, o estado não só cuidado deles como os sustentava enquanto vida tivessem. Para os portadores de algum distúrbio mental e aqueles com lepra, que hoje se chama hanseníase, em todas as capitais havia hospitais que abrigavam estes esquecidos da sociedade.

Aqui na Bahia, em Salvador, o Juliano Moreira é um hospital  que abriga pessoas com problemas mentais. O nome é uma homenagem a um médico baiano pioneiro na psiquiatria. Em outros estados, como no Piauí, o hospital para este fim foi desativado e se chamava Meduna, homenageando um médico húngaro, que fez pesquisas importantes nesta área, ainda totalmente nova, Ladislas J. Von Meduna.

Essa forma de cuidar, além de ser muito dispendiosa para o estado, alijava o sujeito da sociedade e muitas famílias abandonavam seus entes internados. O estado resolveu implementar uma nova política para pacientes com estas enfermidades, deixando-os no convívio da família dando o suporte necessário. Com essa nova política, muitos hospitais, com esta finalidade, foram fechados ou suas ações foram bem reduzidas.

No entanto, parte da sociedade ainda não absorveu esta nova política estatal e muitos familiares negligenciam com seus entes acometidos de alguns males. Quando este descaso é com aqueles portadores de algum distúrbio mental, tanto o “maluco” sofre, como também a sociedade. Sabe-se que não é fácil cuidar deste tipo de paciente, mas alguém tem de cuidar sob pena de acontecer com alguns o que está se sucedendo. A medicina afirma que se o sujeito for medicado como é prescrito pelos médicos, o enfermo não terá um comportamento tão anômalo  como se vê com aqueles que não são medicados.

Nas ruas de Valença, e de todas as cidades, se vêem alguns homens e mulheres com deficiência mental grave, tendo atitudes que afrontam a sociedade, uns até muito agressivos, além de colocarem em risco até suas vidas. Uns saem nus pelas ruas, outros se deitam em via pública, há aqueles que agridem gratuitamente, há ainda uns que comem resto de comidas tirando de sacos de lixo, enfim comportamentos desta natureza não faltam. E se agem assim é porque não foi medicado devidamente.

Recentemente, vi agentes públicos segurando um sujeito com estes distúrbios em virtude de ele ter agredido uma senhora. E a curiosidade do povo é grande demais e de imediato se formou um aglomerado em torno da cena. Logo me retirei, não vi se o sujeito estava sendo maltratado pelos agentes, se apanhou, enfim, constatei apenas se tratar de alguém cujas ações não eram deliberadas da vontade e sim de distúrbio mentais bastante aguçados.

A sociedade tem de entender que as enfermidades cujos danos ocorrem no cérebro a maioria delas não tem cura, algumas são progressivas. A família tem de chamar para si a responsabilidade, buscar sempre o médico, aplicar a medicação correta, nos horários certos, ter muita paciência e uma dose de amor maior do que o remédio.

 

 

 

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