Em coletiva de imprensa, realizada no último dia 09, a Santa Casa de Misericórdia de Valença prestou alguns esclarecimentos aos jornalistas, sobre o novo fluxo de atendimento do seu Pronto Socorro. Estavam presentes, o provedor da Santa Casa, Dr. Guido Magalhães Júnior; o diretor médico, Dr. Ricardo Fonseca e o gestor Nadson Santana, além do setor de comunicação da entidade.

A partir desta segunda-feira (11), o Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia de Valença passa a atender, prioritariamente, casos de urgência (quadro que pode se agravar com falta de atendimento) e emergência (risco imediato de morte), função exclusiva dos prontos-socorros. A decisão tomada com o apoio do Ministério Público Estadual, e se deu devido ao grande número de atendimentos a pacientes da Atenção Básica (responsabilidade do município), o que agrava ainda mais o quadro de dificuldade financeira enfrentada pela instituição, que é uma entidade sem fins lucrativos.

anuncieAlém disso, com o recebimento de casos não urgentes no Pronto Socorro da Santa Casa, há prejuízos para a qualidade do serviço prestado devido à superlotação. São filas de espera gigantescas, impedindo que pessoas em estado grave sejam atendidas com maior agilidade. A cada 10 pessoas que procuram o serviço, em média, 6 não são de urgência ou emergência, o que representa 60% do atendimento mensal. Para este tipo de demanda, a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Saúde de Valença disponibilizam cerca de 19 unidades de referência (postos de saúde) para onde os pacientes não graves devem se dirigir. Em geral, portanto, esses casos poderiam ser atendidos com hora marcada, em consultórios e postos de saúde municipais. Informações de gráficos apresentados na coletiva, mostram que o Pronto Socorro realiza atualmente, uma média de 6 mil atendimentos por mês, quando sua capacidade instalada é de 3 mil atendimentos/mês. Em março passado foram 7.400 atendimentos.

“Essa medida pareceu coisa de última hora, mas não foi de maneira alguma. A gente já vinha nesse debate com a secretaria municipal de saúde, mostrando pra eles e pra população que a gente está extremamente sobrecarregado. O Pronto Socorro não está aguentando, nós não estamos conseguindo manter uma condição razoável de trabalho para os médicos, enfermeiras, técnicos, porteiros, pra todos, enfim, a situação está muito delicada”, desabafou o provedor Guido Magalhães.

De acordo com Guido, a nova medida pretende diminuir o tempo de espera, possibilitar maior eficiência na triagem e melhorar o fluxo de atendimento médico-hospitalar da Santa Casa de Valença, seguindo o Acolhimento com Classificação de Risco, que identifica, após uma triagem baseada nos sintomas, os doentes por cores representativas do grau de gravidade e do tempo de espera recomendado para o atendimento. Desta forma, ainda de acordo com Guido, será possível cumprir com a missão da Santa Casa, que é prestar um atendimento de qualidade e humanizado, aos pacientes de urgência e emergência.

É importante ressaltar que o uso consciente dos serviços do Pronto Atendimento colabora para o seu melhor funcionamento. Por exemplo, o Pronto Socorro não deve ser utilizado para solicitação de exames, troca de receitas, pedidos de atestados de saúde, entre outros; ao contrário, deve ser destinado ao atendimento de pessoas que correm o risco eminente de morte, como acidentados, aqueles com suspeita de infartos, derrames, apendicite, pneumonia, fraturas e outras complicações.

“O nosso pensamento não é desassistir ninguém, existem dois fluxos que podem ser seguidos, o fluxo que o SUS e a legislação propõem, é que as coisas ocorram do menos complexo para o mais complexo, então o que se entende é que a pessoa deve procurar a unidade próxima a sua casa de imediato para ser avaliado, se precisar ir para uma unidade de média complexidade é direcionada ao hospital, se aqui o problema não puder ser resolvido, esse paciente vai ser direcionado a uma unidade de alta complexidade. Inverter essa ordem é um grande erro, e é o que tem acontecido aqui, pacientes de baixa complexidade superlotando uma emergência que existe para atender pacientes de média e alta complexidade. Mas, é fundamental que os outros atores da atenção à saúde, façam seu papel, não vai adiantar realmente, o indivíduo ir no posto de saúde e não ter um médico lá, nosso pleito com a secretaria municipal de saúde é esse, que eles façam a parte deles”, explicou o diretor médico Ricardo Fonseca.

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Novo fluxo

 

A partir de agora, o Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia de Valença, funcionará da seguinte forma:

- O paciente chega ao PS e faz a ficha.

- Retorna para sala de espera, onde aguardará a Enfermeira do ACCR realizar a chamada.

- Casos classificados como amarelos (urgente) aguardam na sala de espera a chamada do médico.

- Casos classificados como laranja (muito urgente) e vermelhos (emergência), a enfermeira encaminhará o paciente para o médico ou Enf. Assistencial.

- Casos classificados como azuis (não urgente) e verdes (pouco urgente), a Enfermeira preenche a Ficha de Referência e encaminha o paciente para o Posto de Saúde mais próximo à sua residência, conforme lista apresentada pela secretaria de Saúde do Município.

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Depois das 17 horas e finais de semana

- Os pacientes classificados como azul (não urgente) e verde (pouco urgente) aguardarão a chamada para atendimento médico conforme sua classificação.

 

Paciente encaminhado pelo SAMU

- Terá prioridade na classificação de risco. Em casos de urgência e emergência, serão atendidos na própria unidade. Em casos de não urgência e emergência, o SAMU direcionará para uma unidade da rede de atenção básica (Posto de Saúde).

 

Conscientização do Uso do Pronto Socorro da Santa Casa

 

A Santa Casa informou que está preparando materiais informativos visando à conscientização do uso correto do Pronto Socorro com base na classificação de risco e orientando sobre os casos que não serão atendidos pela entidade.

Durante a coletiva, surgiram algumas dúvidas dos jornalistas sobre a capacidade do município de receber a demanda que não será mais atendida no PS da Santa Casa. A preocupação dos jornalistas presentes se concentrou no atendimento a esses casos não urgentes e pouco urgentes que terão que buscar atendimento nas unidades de saúde do bairro em que moram, já que grande parte destes pacientes busca a Santa Casa justamente pela pouca eficiência destas unidades. A coletiva não contou com a presença de representantes do poder público municipal, e as perguntas ficaram sem respostas.

A orientação do Ministério Público para as pessoas que não conseguem atendimento médico público, de acordo com o provedor Guido Magalhães, é procurar o próprio MP e formalizar a reclamação da falta de atendimento nas unidades básicas de saúde do município.

“Quem vai fazer esse controle, supervisionar se cada um está fazendo sua parte é o Ministério Público. A promotora deixou bem claro que vai fiscalizar, vai ao Posto de Saúde ver se o médico está lá, vai à Santa Casa pra ver se as coisas estão funcionando, e isso nos deixa muito tranquilos porque a presença do MP nesse processo é como se fosse uma forma de garantir que cada um faça a sua parte e que o povo não sofra, porque se um não faz a sua parte, a engrenagem não funciona de forma organizada”, concluiu o diretor Ricardo Fonseca.

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