Um projeto-piloto criado através de uma parceria estabelecida pelo Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, com a Prefeitura de Itacaré, no sul do estado, está permitindo a construção de uma rede compartilhada visando conhecer, acompanhar e preparar as gestantes de alto risco do município para um parto acompanhado, de qualidade e com segurança.

A construção deste projeto surgiu a partir de um diagnóstico do HMIJS de que situações preveníveis que colocavam algumas pacientes em risco, poderiam ser detectadas na origem do município e que era preciso estabelecer um protocolo único de acompanhamento da gestação. “A iniciativa passou a nos oferecer uma rede do cuidado. Quando voltar para parir a gente vai saber que ela estava no domicílio tratando da mesma forma como estivesse internada com a gente”, explica o diretor-médico do Materno-Infantil, Samuel Branco.

Primeiro passo

Em Itacaré, o primeiro passo para a execução do projeto-piloto foi disponibilizar uma enfermeira obstetra exclusiva para a Atenção Básica. Até então, Carla Vecher trabalhava apenas nos plantões do hospital do município. Ela passou a atuar na estruturação da rede de obstetrícia, ofertando atendimento no pré-natal e estabelecendo um contato permanente com a equipe do hospital, onde ela também atua. A ideia passou a ser trabalhar essa gestante no município para quando ela chegar ao hospital já ter uma via estabelecida, desde a qualidade de pré-natal ao processo do parto.

Os números mostram a eficiência do primeiro momento deste projeto. Entre maio (quando começou) e dezembro de 2023, o matriciamento às gestantes apontou uma redução de 80 por cento nas urgências hospitalares obstétricas do município, resultado de um atendimento multidisciplinar desenvolvido na sede e no distrito de Taboquinhas. A Prefeitura de Itacaré passou a fornecer medicamentos essenciais para as gestantes, elaborar planos de parto, realizar capacitações em pré-natal e rodas de conversa em espaços abertos. Desenvolveu ainda campanhas com o tema “Gravidez na adolescência é barril”, com orientação sobre o uso de preservativos e pílulas de emergência, também distribuídos na rede municipal. No período, 178 atendimentos de pré-natal foram realizados, sendo, deste total, 112 de alto risco.

Hora de expandir

A ideia, agora, é expandir o projeto para os municípios mais distantes, especialmente da região de Valença, também atendida pelo Hospital Materno-Infantil. Uma primeira reunião foi realizada em Itacaré, visando explicar a iniciativa, propor parceria e atividades de capacitação das equipes municipais sobre os protocolos do hospital e as principais doenças de alta complexidade que chegam até ele. “Nós somos responsáveis pelas ações do muro para dentro da unidade, que pode não ter tanta eficiência se do muro pra fora também não for bem feito. A gestante é nossa. Mas vem de vocês”, explicou Samuel Branco ao grupo de convidados.

Nesta reunião, estiveram presentes representações dos municípios de Igrapiúna, Camamu e Cairu, além da diretora-geral do HMIJS, Domilene Borges; do diretor-médico Samuel Branco; a enfermeira obstetra Casrla Vecchier e da médica e coordenadora de obstetrícia do HMIJS, Carolina Zafalon. Domilene Borges explicou para os convidados que a iniciativa pensa também em ajudar a traçar um diagnostico como o território de Valença – composto por 12 municípios – conduz seus procedimentos de saúde. “Nossa preocupação é com a qualidade compartilhada”, assegura.

O Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio conta com 105 leitos destinados à obstetrícia, à gestação de alto risco, pediatria clínica, UTI pediátrica, UTI neonatal e centro de parto normal, integrados à Rede Cegonha e atenção às urgências e emergências, com funcionamento 24 horas e acesso por demanda espontânea e referenciada de parte significativa da região sul da Bahia. É uma obra do Governo do Estado administrada pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS).

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