A especialista mundial em tecnologia do varejo, Dra. Regiane Relva Romano, palestrou em Valença, no último dia 20, sobre a temática “Tecnologia aplicada aos negócios”, em evento realizado pelo SEBRAE, que marcou a abertura da Semana de Inovação do Projeto ‘Atendimento Regional Santo Antônio de Jesus’ que visa atender microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas de diversos segmentos com foco na melhoria da competitividade através do estímulo a prática da inovação, acesso ao mercado, gestão e cooperativismo.

Regiane Relva Romano é Doutora em Administração de Empresas; Mestre em Informática; Tecnóloga em Processamento de Dados; Pós-graduada em Análise de Sistemas, Automação e Banco de Dados e Administração de Ensino 3º Grau; Especialista em Redes/Internet/Intranet e Extranet e Especialista em Varejo. Escritora, Consultora, Professora e Palestrante Internacional.Nos últimos anos, Regiane tem-se dedicado à participação de feiras e congressos internacionais, com foco na busca de tecnologias emergentes que possam ser aplicadas aos negócios. Já palestrou em diversos estados do Brasil e em vários países, tais como: Alemanha, China, Polônia, Estados Unidos, Colômbia, Uruguai, entre outros. Seu foco atual é em pesquisas e trabalhos que envolvam IoT Internet das Coisas e na análise de seu impacto nos negócios e na humanidade; para tanto, faz parte de diversos grupos de estudos presenciais e virtuais no Brasil e no mundo.

Leia a seguir, a entrevista com Dra. Regiane Romano concedida ao jornal Valença Agora.

 

Doutora, como a senhora está percebendo o movimento da inovação no Estado da Bahia?

 

Eu percebo que vocês ‘vão muito bem, obrigada’. Por mais que as pessoas achem que a Bahia está atrasada, eu já fiz quase 15 palestras nesse Estado e em todas elas, o público assiste até o final, depois mantém contato comigo pelo facebook, me mandam idéias daquilo que estão fazendo em pequenos varejos como, por exemplo, o usowhatsapp para fidelizar os consumidores, tiram foto da coleção e colocam nofacebook, muitos querem melhorar o ambiente da loja colocando um catálogo eletrônico tentando envolver esse novo consumidor. Há muita resistência, é fato, mas isso não é uma característica dos baianos, é uma característica do ser humano que não quer sair da zona de conforto, mas em todos os lugares que eu passo, eu sempre falo sobre o público da Bahia, ele presta atenção em tudo, tem sede de conhecimento e isso me deixa muito feliz porque a gente só vai conseguir transformar esse mundo por meio de uma arma chamada conhecimento, e, como nós estamos globalizados, não basta o conhecimento local, você tem que ter uma visão do que está acontecendo no mundo, o quê que empresas iguais as minhas estão fazendo, como é que elas estão inovando, como é que eu posso fazer a mesma coisa com os recursos que eu tenho aqui, que obviamente são bem restritos e são finitos, mas tem uma coisa que o brasileiro tem que ‘dá de sobra’, que é a criatividade, então com essa criatividade misturada com a inovação e com o conhecimento, não tem como dar errado.

 

Percebe-se que existe um processo evolutivo gigantesco em todo o mundo na área de tecnologia. Como se aperceber de todo esse conhecimento e trazer pra realidade de uma empresa pequena na Bahia?

 

Você precisa saber o que está acontecendo no mundo, porque senão, pode vir uma inovação disruptiva, ou seja, que rompa com o modelo de negócios e que pode quebrar um negócio centenário, nós vemos gigantes morrendo e empresas minúsculas com 13 pessoas ganhando bilhões de dólares porque já estão se preparando para essa era digital.Não é mais o tamanho, a quantidade de funcionários ou a estabilidade que vai mandar nesse novo cenário, e sim a sua criatividade e abertura de cabeça pra esse novo mundo. Nós estamos na ChairEconomy, que é economia compartilhada, vai mudar absolutamente tudo, as pessoas vão deixar de ter posse para passar a fazer uso, então eu não preciso ter um carro, eu posso compartilhar um carro, eu posso ter uma carona solidária, veja o que aconteceu com o Uber e os taxistas, veja o que está acontecendo com o Airbnb, no mundo inteiro você começa a ter quartos sendo alugados pra pessoas que você nunca viu na vida, então essa economia compartilhada vai fazer com que esse negócio de ter posse comece a ser revertido e isso vai mexer diretamente no varejo, as vendas vão cair, a tendência é de você ter um problema completamente contrário a esse capitalismo maluco que a gente vive agora. Então, é preciso repensar, entender que ninguém hoje compra produto por produto, todo mundo compra solução de consumo, então veja o que é que você pode vender pros seu cliente pra resolver um problema dele e não vender apenas um produto praquele cliente, porque quando você vende produto eu posso comparar a um clique de distância de concorrentes do mundo inteiro, não só aquele que está na sua rua, na sua cidade, no seu Estado, no seu país, mas sim com um que está do outro lado do mundo, que tem o mesmo produto que você por um preço ridiculamente menor que o seu.

 

Nós temos dois extremos, o extremo na mega tecnologia e o extremo das pessoas estarem se isolando por estarem se prendendo nessa tecnologia. Qual mensagem a senhora deixariapra sociedade para que ela também seja mais humana?

 

Tudo tem que ter limite e nós estamos perdendo o limite, as pessoas não sabem mais o que é o físico e o que é o digital, por isso surgiu uma palavra chamada FIGITAL, que é a mistura do físico e do digital.Eu vejo até na minha casa, as pessoas sentadas juntas fisicamente e todas virtualmente em outro planeta praticamente. Isso é uma preocupação que eu tenho, porque nós estamos coisificando as pessoas e personalizando as coisas, tratando pessoas e coisas como se fossem exatamente as mesmas coisas de verdade. Em São Paulo já existem clínicas pra tirar a dependência do celular, a pessoa fica internado atétrês meses, sem acesso ao telefone para que volte pra realidade porque muitas pessoas começam a ter problemas de distúrbios de personalidade. Então é um momento muito crítico que eu acho que a gente tem que juntar psicólogos, pedagogos, uma sociedade inteira pra discutir esse assunto porque senão nós teremos problemas no futuro.

 

Nós estamos numa região que possui algumas peculiaridades. Somos o terceiro destino turístico da Bahia, somos o maior produtor de cravo do Brasil e de outras iguarias, mas, no entanto, nós somos uma região pobre. A senhora que roda o mundo e conhece o ‘topo’ da tecnologia, como nós poderíamos avançar de uma forma mais rápida, usufruindo dessa tecnologia e despertando a mentalidade da nossa região para transformá-la?

 

Eu acho que essa transformação já começou. Eu vejo nas minhas palestras todo mundo com celular na mão, tirando foto, compartilhandonas redes sociais, conversando através delas. Se você for perceber, cinco anos atrás não tinha existia esse movimento, então está se popularizando até o acesso ao que é básico hoje pra essa comunicação que é o smartphone, e, além disso, você começa a ter acesso a redes wifi em vários lugares, então o custo de comunicação começa a ficar mais barato, você ainda tem a vantagem de um whatsappque reduz a distância de parentes, de pessoas que estão mais longe da sua casa e do seu convívio. Eu acredito que as empresas pequenas precisam começar do básico, terem um sistema de gestão eficiente que controle a loja, que saiba os produtos que vendem, os produtos que não vendem, os que os clientes gostam, os que os clientes não gostam. O SEBRAE tem programas como, por exemplo, o Sebraetec que paga 70% da parte de consultoria e inovação e as pessoas precisam procurar. O maior problema das pessoas é a ignorância, porque elas ignoram o que existe de novo e já se colocam numa posição de que ‘não é pra mim’, de que ‘eu não posso ter acesso’, quando na verdade o que elas precisam é buscar o conhecimento porque ai sim ela vai conseguir julgar o que é que serve ou não pra ela.

 

Suas considerações finais.

 

Eu queria agradecera oportunidade e me colocar a disposição de todos. Eu amo o que eu faço, adoro estudar e adoro pesquisar.Quem quiser me seguir pelas redes sociais, eu estou em todas elas, é só procurar pelo meu nome Regiane Relva Romano e aí tudo que eu vejo pelo mundo eu vou compartilhando, já que estamos na ChairEconomy, nada mais justo do que eu compartilhar tudo que eu aprender por aí e eu quero aprender sempre.

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