Excluídos aqui não gritam Valença Agora 13 de janeiro de 2017 Colunistas, Matutando O primeiro grito dos excluídos no Brasil, ocorreu em setembro do ano de 1995, com o objetivo de aprofundar o debate sobre a Campanha da Fraternidade promovida pela Confederação Nacional dos bispos do Brasil (CNBB) naquele ano, cujo lema: “Eras tu Senhor”. Em que pese, esse movimento ter atingido outros países, sendo um espaço aberto e plural, integrado por movimentos sociais, igrejas, a Igreja Católica não deixa de ter seu protagonismo na realização do evento até os dias atuais. Referido movimento é realizado na “Semana da Pátria”,, com ênfase no 7 de setembro, ocasião em que milhares de pessoas saem às ruas de diversas cidades brasileiras, com o intuito de denunciar as injustiças sociais. Em Salvador, calcula-se que o Grito dos Excluídos em 7 de setembro deste ano, teve a participação de 15 mil pessoas que se manifestaram principalmente em defesa da democracia. Este ano o tema foi, “Este sistema é insuportável: Exclui, degrada e mata”, sendo o 22º Grito dos Excluídos. A CNBB, divulgou Carta em apoio datada de 8 de junho do corrente ano, assinada por Dom Guilherme Antônio Werlang, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral Para o Serviço da Caridade, trechos a seguir: [...] Senhores Cardeais, Arce/Bispos, agentes de pastorais: Ao contemplar as faces da exclusão na sociedade brasileira, setores ligados às Pastorais Sociais da Igreja optaram por estabelecer canais de diálogo permanente com a sociedade promovendo, a cada ano, na semana da Pátria, o Grito dos/as Excluídos/as. Em seu percurso, o Grito experimentou desafios e dificuldades e soube, acima de tudo, manter, com liberdade profética, sua presença crítica diante da desafiante situação de exclusão que persiste para grande parte da população brasileira. [...] O Grito dos/as Excluídos/as não se limita ao sete de setembro. Vai além. Em preparação ao evento são promovidos debates, seminários, fóruns temáticos e conferências envolvendo entidades, instituições, movimentos e organizações da sociedade civil fortalecendo as legítimas reivindicações sociais e reforçando a presença solidária da Igreja junto aos mais vulneráveis, sintonizando-a aos seus anseios e possibilitando a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Em 2016 o 22º Grito dos/as Excluídos/as tem como lema “Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata”. O lema inspira-se no discurso do Papa Francisco durante o IIº Encontro Mundial com os Movimentos Populares, ocorrido na Bolívia, em 2015. Nele, o Papa conclama a promovermos mudanças que transformem este sistema capitalista depredador para uma economia a serviço da vida e dos povos. [...] A íntegra da carta poderá ser acessada no endereço eletrônico: <http://www.jubileusul.org.br/nota/3839>. Curiosamente a mídia nacional não dá ao referido evento a devida importância. Para, além disso, muito embora se tenha notícia do Grito dos Excluídos em sua 22ª edição ter também ocorrido no Sul da Bahia, lamentamos que, em nossa região não tenhamos observado tais manifestações. Fui informado que apenas alguns jovens estudantes universitários de Ituberá, que cursam universidades públicas na Capital do Estado, com bastante esforço foram às ruas, entretanto não tenho conhecimento do apoio dos organismos que os deveriam apoiar. É de fato desalentador, observarmos que, nesta região os movimentos sociais são incipientes, ao passo em que, o campo segue aberto para a dominação dos poderosos. Acreditamos que já não é sem tempo do verdadeiro funcionamento dos referidos movimentos, a começar pelas pastorais sociais, talvez assim, poderíamos começar a dar os primeiros passos na construção do bem comum, numa localidade onde reina absoluta a concentração dos bens e das riquezas. Sabemos que excluídos não faltam por aqui, isto posto deveriam abarrotar as ruas e praças e lançarem um grito ensurdecedor, entretanto são incontáveis as hipóteses para esse apavorador silêncio por parte dos excluídos/as daqui, que vai da cultura senhorial pautada no mando/obediência à incipiência dos movimentos sociais, entretanto é praticamente acertado afirmar que faltam aos excluídos/as deste lugar força, coragem e consciência de si para poderem gritar. *Publicado na edição impressa nº 594, do jornal Valença Agora. Deixe uma resposta Cancelar resposta Seu endereço de email não será publicado.ComentarNome* Email* Website