carlos-magno

Os nossos netos. Quem são os nossos netos? Quando os recebemos, já passamos o período da nossa primavera. Adultos mais vividos. Estamos no nosso outono. Encaminhamo-nos para o inverno e tivemos o nosso verão muito bem vivido com o trabalho e com o prazer da juventude. Foi quando fizemos as bases para chegarmos à maturidade.

Os filhos ficam prontos. Eles se lançam e nada podemos fazer, senão observá-los. Eles estão preparados, embora, sempre achemos que não estejam. Mas eles sabem que romperam um cordão conosco e vão atrás da vida presente e à frente. Sabemos que é assim.

Estaríamos fadados a uma saudade infinda dos filhos. Relembrando-os crianças. Seríamos guindados a um momento de solitárias horas de uma grande espera para entrarmos no nosso inverno.

O nosso outonal momento nos capacita para mornas alegrias e reflexões. É assim que esperamos a chegada do inverno da nossa vida. O ocaso dentro das bordas do nosso inverno.

Mas opera-se o milagre. Os filhos nos legam os filhos deles. Lá vêm os nossos netos e nos trazem as nossas crianças de volta. A nossa primavera misturada com verões, outonos e frios agasalhados nos sorrisos e algazarras de gostosos invernos, quando a brincadeira de meninos e meninas aquece nossos corações enternecidos. Um outono de delícias.

Nossos netos são as nossas fontes renovadas na seiva de uma felicidade tardia, única e impensável se não fossem eles. Os nossos netos são as flores tardias do nosso outono, quando já pensávamos que nossos frutos estavam prontos para serem saboreados antes do inverno das nossas desperanças.

Quem são os nossos netos? São eles o renovar de asas que pensávamos estarem fechadas antes dos frios ventos do inverno. E, mais uma vez, abrimos voos de pássaros coloridos sobre a campina da vida.

*Publicado na edição impressa nº 603, do jornal Valença Agora

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