Ocupação Cultural inicia suas atividades em 2018

Dinamizar o Centro de Cultura Olívia Barradas, democratizando o acesso da população à formação, produção e fruição, além de promover o intercâmbio entre artistas do território e comunidade através da realização de oficinas e atividades culturais. Este é o objetivo do projeto Ocupação Cultural 2018, que este ano foi selecionado num edital do Governo da Bahia, com o apoio financeiro Fundo de Cultura da Bahia, através das Secretarias de Cultura e Fazenda.

A “Ocupação”, iniciou suas atividades em 2009, como um coletivo de artistas que reuniam-se a cada 15 dias, abrindo o centro para as múltiplas linguagens e expressões culturais, ao longo destes anos. Já realizou também edições em outros espaços alternativos, como praças, escolas, universidades de Valença e outros municípios, entre eles, Cachoeira, Santo Antônio de Jesus e Salvador. Por ela já se intercambiaram mais de 200 artistas, seja em apresentações ou atividades formativas.

Jailane Silva

Este ano, a Ocupação iniciou suas atividades realizando a primeira edição no Centro de Cultura no último dia 31 de Março com lançamento de livro, queima de Judas, recital de poesias, performances de dança, apresentações musicais e uma participação efetiva de artistas e da população em geral.

A primeira edição em 2018 homenageou as mulheres, o nascimento de Castro Alves e o dia do Teatro e do Circo, além de marcar também o lançamento das oficinas em dança, teatro, artes visuais, produção literária e contação de histórias.

Na a abertura, além de Otávio Mota, diretor do Centro de Cultura, as mulheres marcaram presença. Entre elas, Celeste Martinez, a cordelista Edilene Andrade, a presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais, Juscimare Sousa e as jovens Nelânia Castro e Jailane Santos, esta última lançando o seu livro de poesias, intitulado “O segredo de viver”.

Fernando Chissende - poeta angolano

Nesta primeira noite a Ocupação recebeu ainda como convidados o poeta angolano Fernando Chissende e o ator do Bando de Teatro do Olodum, Fábio Santana. “Vim passar o feriado na cidade com minha mãe e soube do evento. Sei da importância de fortalecermos atividades como essa no interior da Bahia, por isso estou aqui.”, afirmou Fábio após sua performance.

David Terra e os Indecorosos.

Relembrando a tradição de “malhação do Judas”, o mestre Josias Vianei fez, de forma bem humorada, a leitura do seu Testamento. Já o mês da dança, que é comemorado em Abril, foi marcado pelas performances de Everton Bacélla e Sulivan Andrade. A música ficou por conta de Ronaldo Soares, Matheus Santana e David Terra e os Indecorosos.

Durante todo o mês de abril, aconteceram oficinas de Artes Visuais e Produção Literária. Ministradas respectivamente por J. Pincel e Juscimare Sousa. As oficinas, com  20 horas de carga horária, encerraram oficialmente no último dia 28 com a certificação dos participantes. Na noite aconteceu também mais uma edição com a abertura da exposição “É tudo nosso, Brasil”, onde foram apresentados os trabalhos realizados pelos participantes.

Para o valenciano Rafael Souza, estudante de Artes Visuais na UFRB, que aproveitou as férias para realizar a oficina, a experiência “foi uma das melhores. O contato com os alunos e professores me faz querer sempre mais. Através do professor J.Pincel pude compreender como Valença tem um vasto conhecimento sobre arte e cultura, além de ter vários artistas de todos os tipos. A oficina além de aprimorar meu conhecimento em relação a Artes Visuais, servirá como experiência para futuramente também poder fazer algo desse tipo”.

No dia 28/04 teve também o espetáculo teatral “A menina que não gostava de regras”, apresentado pela Companhia Cabriola. Os presentes assistiram ainda a leitura de contos, crônicas e poesias produzidos pelos participantes da oficina de criação literária, além das performances de Wayne Popper e Liliane Blastom, que marcaram o mês da dança. A edição contou também com participações do poeta de Jequié Valdeck Almeida e do soteropolitano Samuel Lima. Na música, o grupo local de Hip-Hop DDM e o convidado da cidade de Capim Grosso, Daniel Penha e a Banda do Interior fecharam com chave de ouro a noite.

A programação estendeu-se também no feriado do Primeiro de Maio. Ao cair da tarde, na área externa do Centro de Cultura, bandas e músicos do cenário alternativo reuniram-se para prestar um tributo à Sherman Lucius. Sherman, filho do poeta Otávio Mota, faleceu precocemente em 2016, após participar de diversas bandas locais, deixando um grande legado musical já que suas composições foram tocadas por diversas dessas bandas.

Da homenagem participaram as bandas Covermind, Anarcomangue, Quilombra, Besouros que Fedem, David Terra e os Indecorosos; além das participações de Tucho (ex Pêra Peluda), Pablo Domingues, Jair Veiga, Araba e Wellington da guitarra.

Um dos momentos mais emocionantes do tributo foi quando subiram ao palco os familiares de Sherman, representados por sua mãe, Jussa Vasconcelos, seu pai, Otávio Mota e seu filho Raquim.  “Agradeço a vocês por hoje conhecer um pouco mais do legado musical de Sherman que foi tocado hoje” – declarou Jussa, antes de Otávio recitar emocionado uma poesia composta especialmente pra noite.

A Ocupação continua no Centro de Cultura com as oficinas de dança, teatro, contação de histórias e audiovisual, durante todo o mês de maio, além da exposição de Artes Visuais. Nos dias 1 e 2 de Junho, ocorre mais uma edição aberta ao público com o tradicional Forró dos Artistas.

Para secretária municipal de cultura, Janete Vomeri, “a OcupAção é muito criativa, a começar pelo nome. Mas também pela diversidade de linguagens. O projeto é muito feliz por mostrar que é possível fazer um movimento cultural que abrace a todos valorizando-os. Esse é um exemplo de democracia cultural.”