O deputado Jornal Valença Agora 15 de março de 2016 Carlos Magno de Melo, Colunistas Um tempo desses, eu já estava em Brasília, contudo visitava Goiânia. Fui ao cinema em um dos shoppings. Sentei-me. Tomaria um café. Eu estava com uma amiga, que mais tarde foi comigo para a Espanha. Uma bela viagem que nos levou ao Priorato.Instigante região produtora de um vinho de muita personalidade. Mineral, robusto, elegante, equilibrado e caro. Infelizmente. Sim, mas antes que minha leitora se embriague e que meu leitor peça mais uma taça, volto ao café no shopping. Conversávamos, eu e a amiga, quando observei, no fundo do café. Numa mesa, um senhor. Era um homem que julguei conhecer. Não poderia encará-lo para ter certeza de que era realmente quem eu imaginava que fosse. Pagamos a conta e, antes de sairmos, pedi licença à minha bonita amiga e me dirigi ao homem. Estendi-lhe a mão em cumprimento e, já pedindo desculpas, fui perguntando se ele era Gilberto Santana. Ele ficou surpreso com o choque da minha abordagem e confirmou. Apertamos as mãos e me identifiquei para ele. Falei que era de Piracanjuba, filho do Jair de Melo, dono do Bar Castelo, em Piracanjuba e do Bar Serra Dourada, em Goiânia. Disse ainda que era muito amigo do primo dele, o Celso Santana, da Leila Santana, irmã dele. Gilberto Santana conhecia o Papai e sorriu largo. Solicitou-me que me sentasse. Agradeci e justifiquei que deveria ir ao cinema. Minha amiga estava me esperando. Apontei para mesa onde ela me sorria. Ele acenou com a cabeça, ao que ela respondeu com um thauzinho e com um gracioso sorriso. Ao despedirmos, apertamos as mãos mais uma vez e eu, então, falei que o admirava muito pela coragem que ele tivera no dia do golpe de 64. Eu tinha um rádio portátil e ouvia sobre o começo do que seria uma prolongada ditadura no Brasil. Jango estava sendo deposto. O Congresso Nacional, em sessão permanente. Deputados discursavam e concediam apartes e o clima era de nervosismo. Então, um jovem deputado por Goiás ocupou a tribuna e proferiu enérgico discurso em defesa da legalidade. Usou palavras duras contra os golpistas. Foi uma oração de grande bravura. Senti-me orgulhoso daquele deputado e de ele ser de Piracanjuba, minha terra natal e por ser filho de um amigo do Papai. E ele falava coisas que eu gostaria de falar. E ele era aplaudido pelos pares. Tamanha coragem em um jovem deputado goiano. Meu peito inflava de satisfação. Falei ao homem no café que sempre tivera vontade de cumprimentá-lo por aquele discurso e o fazia naquela hora, com atraso. Ele se levantou e nos abraçamos emocionados. Antes de sair, ainda falei que iria escrever uma crônica sobre o nosso encontro. Ontem, eu o reencontrei, no mesmo shopping, no mesmo café. Cumprimentei-o. Rápidamente tocamos no assunto da crônica. Eu lhe afirmei que a havia escrito. Mas, depois, fui ver. Não a escrevi. Então, fiz a prometida crônica, conforme atestam estas palavras impressas no nosso bravo "Valença Agora". Com certo atraso. Mais antes do que nunca. Deixe uma resposta Cancelar resposta Seu endereço de email não será publicado.ComentarNome* Email* Website