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Dentro do cronograma relativo ao programa cultural do Estado da Bahia – programa este o qual participei da aprovação quando era membro do Conselho Estadual de Cultura (CEC-BA) –, o secretário Jorge Portugal esteve em nossa cidade, cumprindo agenda referente à implementação deste programa, dia 21/08/2015. Na ocasião, depois de ter ouvido, de parte doSuperintendente de Desenvolvimento Territorial de Cultura, Sandro Magalhães e do próprio senhor Secretário de Cultura elogios gentis sobre a minha gestão como conselheiro de cultura e principalmente como Presidente daquele Egrégio Conselho, ao fazer uso da palavra, calquei sobre a necessidade de a Prefeitura criar, com a ajuda da secretaria de Cultura, um Grupo Municipal de Balé, uma vez que a comunidade valenciana ligada à cultura escolheu como principal forma de manifestação artística – aquela que interessa mais de perto as pessoas que fazem arte na cidade – a dança. Ademais a criação deste grupo de dança seria, em grande parte, a coroação do trabalho da professora Cintia Bulcão, que já conseguiu – com grande esforço, mandar mais de 30 (trinta) jovens valencianos estudarem em Santa Catarina, na escola Bolshoi, realçando que era preciso alguma providência para apoiar estas vocações artísticas.

Aliás, antes de continuar com estas divagações sobre a crucial necessidade de se incentivar o quefazer artístico em Valença, devo penitenciar-me por não ter citado, frente ao secretário de cultura, o também muito importante trabalho na área de dança – no caso, ligada ao folclore afro-baiano – da professora Célia Praesent, cujas atividades neste campo são dignas de todos os elogios. Penitenciando pela falta, envio agora, junto com minhas desculpas, um forte abraço àquela brilhante profissional.

Por outro lado, a principal razão desta minha nota, é que não encontrei no veículo da impressa escrita de nossa cidade, a qual fui o primeiro colaborador dedicado a escrever sobre cultura, história e arte em caráter permanente, a necessária ênfase as minhas reivindicações. Vi tão somente vagas referências ao meu esforço, o que me pareceu injusto, não somente para todos aqueles que labutam pela cultura de um modo geral, mas também para com este colaborador que, de modo voluntário, tem se esforçado para o trabalho dos artistas desta cidade seja apoiado e reconhecido como seria devido.

No entanto, ao se falar em que fazer artístico em Valença não se pode deixar de citar o trabalho de Otávio Mota[1], de Juliano, de Juscimare Souza, de Irene Dóris, Ângela Mérice, de Adriano Pereira e todo um grande grupo de jovens que o acompanha no “Ocupação Cultural” e tantos outros, uns que já partiram, como Macária Andrade e Edgar Oliveira, e outros que persevera como Mustafá Rosemberg.

Bem, tendo chegado a este ponto, passo a outros assuntos também relacionados à cultura. A SEIVA está realizando uma série de eventos mostrando na prática que mesmo alguns jovens sejam levados pelo destino, outros ocupam seus lugares, dando continuidade a esta nobre tarefa de espalhar cultura.

Agora registro dois fatos relacionados com livros.

assinaturaRecebi de presente do meu amigo, o escritor Elieser Cesar, a indicação da importância de ler a obra do ficcionista soviético Anatoli Ribakov. O mais belo da indicação é que ela veio acompanhada de um dos mais importantes livros daquele escritor, “Os Filhos da Rua Arbat”, obra que, embora escrita de forma muito acidentada, realmente é marcante. Embora pense que já falei sobre ela aos leitores de Valença Agora, cabe correr o risco de voltar ao tema – recorrendo ao famoso repeteco (como diz o público) –, vou falar hoje de outro livro daquele autor, no caso, “Areia Pesada”, livro que ainda estou lendo, mas que justifica plenamente falar sobre alguns aspectos da maestria da sua feitura.

“Areia Pesada” é um livro cuja trama baseia-se em uma história real, ocorrida durante a II Grande Guerra, embora tenha seus primórdios antes do conflito que o precedeu, a I Guerra, passando pela Revolução de Outubro, isto visto desde uma comunidade judaica da Ucrânia. O narrador faz uso da linguagem irreverente infantil – um esperto ardil do qual lança mão o escritor para atrair a atenção do leitor, prendendo-o de forma irreversível.

Meu amigo, o escritor Elieser Cesar trouxe-me ainda o excelente livro de Javier Cercas, “Soldados de Salamina”, porém este está focado na Guerra Civil espanhola (1936-1939), não fazendo parte de literatura russa, daí que, oportunamente falarei sobre esta obra.

Aquele livro encontrava-se emprestado ao amigo Démorse, tendo sido devolvido ontem, quando nos reunimos para comemorar o nascimento do segundo filho de Maurício. Almoço realizado pela confraria “Clube do Bode”, da qual fazem parte os dois amigos citados, mais Mustafá Rosemberg, Alfredo Gonçalves de Lima Neto, Moacir Saraiva e Marcos Vieira, além das damas Euzedir Vaz Galvão, Juscimare Souza, Ângela Mérice. Os dois últimos infelizmente, por razões outras não estiveram presentes.

Comemorando ainda fatos relacionados com a vida e a morte, mas sempre ressaltando a importância da cultura na continuidade da vida, registro que as duas filhas do casal Marcia e Marcos, as jovens Louise e Anete passaram no vestibular e vão fazer faculdade, a primeira em minha cidade natal, Jequié, a segunda em Cruz das Almas.

Às duas jovens nossos parabéns e felicitações aos pais, meus amigos.

Falar de morte, o que nos faz doer o coração, não nos impede de falar de vida. E o fazer com toda alegria.

 

Valença, Ba, 21 de fevereiro de 2016.

 

© Araken Vaz Galvão

[1] Recentemente tivemos dois tristes infaustos: o falecimento de dois jovens, o filho do professor Dário Loureiro – também ligado à cultura, já é um nome importante na área de educação –; e filho do incansável batalhador cultural Otavio Mota. Comparecemos, minha mulher e eu, na sentinela do filho de Dário, mas não pude fazer-me presente à sentinela do filho de Mota, estava em Salvador, cuidando da minha frágil saúde. Por esta ausência, peço desculpa ao amigo Otávio Mota, embora me tenha feito representar por Juscimare, que naturalmente transmitiu as condolências de minha mulher e as minhas.

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