Subiu para 839 o número de casos da doença no estado; Veja dados do último Boletim divulgado pela Sesab

Os dados mais recentes sobre a Febre Oropouche foram atualizados pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) nesta segunda-feira (29), após levantamento do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Subiu para 839 o número de casos confirmados da doença, que foi mapeada em 58 municípios do estado.  No Brasil, foram registrados 7.236 casos de febre do oropouche, em 20 estados brasileiros. Apesar das mortes no Nordeste, a maior parte dos casos está no Norte do país.

O município de Valença, no Baixo Sul da Bahia, registrou a primeira morte por Febre Oropouche no mundo. A informação, que já havia sido divulgada pela Sesab no dia 17 de junho, foi confirmada pelo Ministério da Saúde na última quinta-feira (25). Conforme o órgão, "até o momento, não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbito pela doença". A paciente tinha 24 anos, morava no distrito rural de Serra Grande, e a morte aconteceu no mês de março.

A segunda morte foi registrada em Camamu, município da mesma região. A paciente tinha 21 anos. O óbito aconteceu em maio deste ano, mas só foi divulgado depois porque, assim como no primeiro caso, diversos exames precisaram ser feitos para que a causa fosse confirmada. O Ministério destacou que as vítimas são mulheres, moradoras do interior, com menos de 30 anos, sem comorbidades, que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.

A Sesab detalhou que as mulheres foram internadas com febre alta, dor de cabeça, náuseas, vômito, diarreia, dores em membros inferiores, dor retroorbital, dores musculares, além de fraqueza, falta de energia e cansaço. Os sintomas evoluíram com sinais mais graves, como sangramentos nasal, gengival e vaginal, hipotensão, queda brusca de hemoglobina e plaquetas até o óbito

Em todo o estado, Ilhéus lidera a lista com 112 diagnósticos positivos. Logo em seguida, estão Gandu, com 82, e Uruçuca, com 68. Todas elas ficam no sul da Bahia. A doença foi registrada, até o momento, em 58 municípios baianos (Veja no final da matéria)

Valença aparece na lista com 14 casos confirmados. A Diretora de Vigilância em Saúde do município, Gabriele Sena, comentou sobre a doença no Programa Ligação Direta 1ª Edição, apresentado pelo jornalista Vidalto Oiticica, diretor executivo do Jornal Valença Agora. Gabriele disse nesta terça-feira (30), que a situação da Oropouche em Valença “está controlada, mas que é preciso vislumbrar o que pode ocorrer”, acrescentando que, a doença tem se manifestado diferente na região, o que deve estar sendo ocasionado por fatores ambientais e condições climáticas.

A diretora contou ainda que o município fez 100 exames de coleta em pacientes sintomáticas e enviou as amostras para o Lacen. “A coleta está sendo ofertada à população nas unidades de saúde”, informou. Gabriele disse também que desde o início, o município mobilizou equipe médica, equipe de enfermagem e agentes te endemias para atuar no enfretamento à Oropouche, e que as atividades estão sendo estruturadas principalmente com foco na prevenção, já que não existe vacina ou combate químico contra o mosquito transmissor da doença, o maruim.

“Pedimos a população que evitem os horários que o mosquito prefere, que é ao amanhecer e ao anoitecer e evitem áreas onde há muitos mosquitos, se possível. Recomenda-se usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele. Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada, folhas acumuladas”, são medidas de proteção.

O número baixo de testagem, de acordo com Gabriele é devido a não disponibilização dos testes pelo Ministério da Saúde. “Não somos região endêmica. Os insumos são mais ofertados em região endêmica. A partir do momento que tivemos demanda, o Ministério não conseguiu ofertar, por isso não foram feitas mais testagem”, explicou.

“Assim que apresentar os sintomas o paciente precisa procurar a unidade de saúde. Isso deve ser feito até o quinto dia de sintoma. No sexto não será mais viável”, orienta a diretora.

A maioria dos casos confirmados da Oropouche em Valença são da zona rural, apenas dois foram na zona urbana, sendo eles 01 no bairro da Bolívia e 01 no bairro São Félix. Na zona rural, há 01 caso no Jequiriçá, 01 caso em Serra Grande, onde ocorreu o óbito e 11 na região do Entroncamento, segundo Gabriele Sena.

A Febre do Oropouche é uma doença viral transmitida pelo inseto Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. Até o momento, não há registros de transmissão direta entre pessoas. O vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica. Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).

Os sintomas são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, febre, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.

Não existe tratamento específico. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico.

Com o aumento no número de casos, a Secretaria da Saúde da Bahia intensificou ações de investigação nas regiões em que houve registros. Técnicos da Vigilância Epidemiológica fazem captura do mosquito transmissor para identificar se estão infectados e compreender melhor o cenário.

Por meio de nota, a diretora da Vigilância Epidemiológica do Estado, Márcia São Pedro, disse que o poder público está em alerta desde o primeiro caso confirmado. “Toda vez que falamos em agravo de interesse a saúde pública, um caso já é um sinal de alerta para a vigilância epidemiológica, mesmo que não haja um cenário de ameaça iminente”, afirma.

Ainda de acordo com Márcia São Pedro, é importante que as pessoas usem roupas compridas e façam uso de repelentes. “Ressaltamos também que não se deve deixar lixo e folhas acumulados, pois a existência destes materiais facilita a reprodução do vetor”, afirma. Ela destaca que, ao aparecer sintomas, deve-se buscar uma unidade de saúde.

Confira municípios com casos confirmados da doença:

  1. Amélia Rodrigues (2)
  2. Feira de Santana (2)
  3. Conceição do Jacuípe (1)
  4. Jacobina (1)
  5. Itamaraju (6)
  6. Teixeira de Freitas (1)
  7. Porto Seguro (47
  8. Maragogipe (3)
  9. Cachoeira (1)
  10. Camaçari (3)
  11. Madre de Deus (2)
  12. Salvador (16)
  13. Lauro de Freitas (1)
  14. Amargosa (66)
  15. Aratuípe (2)
  16. Castro Alves (1)
  17. Conceição do Almeida (1)
  18. Elísio Medrado (26)
  19. Jaguaripe (40)
  20. Jiquiriçá (2)
  21. Laje (29)
  22. Muniz Ferreira (14)
  23. Mutuípe (23)
  24. Nazaré (2)
  25. Presidente Tancredo Neves (16)
  26. Santo Antônio de Jesus (14)
  27. São Felipe (9)
  28. São Miguel das Matas (6)
  29. Teolândia (43)
  30. Ubaíra (3)
  31. Acajutiba (4)
  32. Alagoinhas (1)
  33. Caatiba (2)
  34. Nova Canaã (1)
  35. Cairu (7)
  36. Camamu (41)
  37. Gandu (82)
  38. Igrapiúna (25)
  39. Ituberá (41)
  40. Piraí do Norte (4)
  41. Taperoá (37)
  42. Valença (14)
  43. Wenceslau Guimarães (3)
  44. Aurelino Leal (3)
  45. Buerarema (1)
  46. Camacan (2)
  47. Ibicaraí (2)
  48. Ibirapitanga (3)
  49. Itabuna (23)
  50. Ubatã (2)
  51. Itacaré (4)
  52. Ilhéus (112)
  53. Uruçuca (68)
  54. Una (1)
  55. Itagibá (3)
  56. Itamari (3)
  57. Jequié (1)
  58. Jitaúna (4)

Com as atualizações, algumas cidades podem sair da lista ou apresentar redução de diagnósticos positivos, se a investigação concluir que a origem partiu de outro município.

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