C com C - Sergio Herrera vinhetaCerta feita dirigia no centro da cidade e, eis, que me deparei com uma cena muito perigosa para quem estava sendo conduzida.

Uma criança com aproximadamente seis anos de idade em pé na barra da bicicleta, o braço direito dela em torno do pescoço do condutor e na mão do outro braço segurava a pequena mala do lanche. Enquanto o condutor, com o braço esquerdo segurava a criança pela cintura e com a mão direita segurava o guidão da bicicleta.

Frente ao eminente duplo perigo, vez que a bicicleta rodava em sentido contrário (na contramão) do permitido, desacelerei, quase parando, para permitir que a condução perigosa, principalmente em relação à integridade física da criança, continua-se seu rumo. No que passava do lado do motorista disse para ele:

– Senhor, o senhor está na contramão e colocando em perigo de acidente a criança.

Ele me respondeu:

– Isso não tem nada não!!!, aqui não tem nada disso!!!

Pequeno exemplo que faz-nos refletir sobre como o cidadão representa o seu convívio cotidiano nas ruas estreitas da Valença tradicional; ao mesmo tempo em que é demonstrativo sobre a carência de uma política pública municipal voltado para a educação para o trânsito. Se amplificado o exemplo, veremos que o cidadão valenciano ainda não tomou ciência (como no caso relatado, o ciclista só está preocupado com a sua destreza e não assim com o cuidado da criança) de que para se locomover e fazer frente ao trânsito veicular deve conhecer os sinais do mesmo que estão para contribuir com a segurança na hora de lidar com os motorizados.

Mas, como demandar novas atitudes frente a inexistência de planejamento da livre locomoção de pedestres e veículos? E, os poucos sinais que existem, são tão poucos que em quase nada contribuem para sair do caótico e desordenado crescimento da cidade.

Começamos assinalando pelo nome das ruas, particularmente morei muito tempo na rua da Taboca, nome que fiquei sabendo pelos antigos moradores da rua, não sei se é esse mesmo o nome da rua ou um outro (não sei o significado e o motivo de tal nome) mas nem no início nem no fim da rua há placa indicativa do mesmo. É assim em todas as ruas do centro da cidade, quem queira chegar a um ponto será por indicação, referencia ou porque ouviu falar da existência do mesmo. Sendo forasteiro, vire-se perguntando aqui, acola ate chegar ao ponto procurado e se não mudou de endereço (já passei por isso, mesmo tendo consultado o mapa da internet).

Quanto ao tráfego veicular, aí o descaso é maior, principalmente dos motociclistas que vão dirigindo num zig zag continuo desconsiderando os quase invisíveis sinais de rua. Pior em se tratando dos prestadores de serviço: os moto-taxistas que, em nome da agilidade do serviço, transportam o cliente colocando-o em risco por não respeitar a linha dupla continua que proíbe ultrapassar a faixa de rolamento que separa a pista de sentido contrário. Perigo constante, primeiro, porque todo motorista precisa redobrar atenção frente a imprudência que pode ocasionar graves acidentes; segundo, porque em caso de acidente o valor do transporte irresponsável está fora de qualquer cobertura por danos materiais e pessoais.

Por ora ficamos com as indagações: existe regulamentação municipal para o exercício das atividades profissionais em transporte de passageiros, entrega de mercadorias e motoboy de acordo às recomendações do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2009? Existe autorizações para pontos fixos titularizados por Empresa Prestadora de Serviço de mototáxi? Cadê a fiscalização de trânsito nas ruas pelos órgãos pertinentes?

Enfim, administrar o patrimônio público exige de planejamento racional considerando as diretrizes, políticas e estratégias de crescimento e gestão da área urbana e rural. O conjunto dessas iniciativas aprimora melhores condições de vida através de ações políticas, ambientais, sociais e outras. Por outro lado, cabe a todo cidadão consciente politicamente de estar atento, não somente nas eleições municipais e sim de demanda permanente do compromisso social do executivo e do legislativo municipal para o cumprimento dessas obrigações em nome do desenvolvimento coerente com as necessidades sociais, desde que os eleitos possuam um projeto político para tal.

 

 

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