Campanha mobiliza recursos para que centenas de adolescentes das regiões onde a fundação atua tenham acesso a uma educação de qualidade e possam empreender no campo junto a suas famílias, em harmonia com o meio ambiente

A Fundação Norberto Odebrecht lançou, na última quarta-feira (25), mais uma edição da campanha Tributo ao Futuro, com o objetivo de mobilizar recursos para proporcionar uma educação de qualidade a adolescentes da zona rural. O evento aconteceu na Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFRPTN) e contou com a presença de diversas autoridades, incluindo Fábio Wanderley, superintendente da Fundação, Thales Lima, diretor da CFRPTN, além de representantes da Casa Familiar Agroflorestal do Baixo Sul e da Casa Familiar Rural de Igrapiúna. Também estiveram presentes o diretor da Organização de Conservação da Terra (OCT), Joaquim Cardoso, representantes do CMDCA e alunos dos projetos sociais.

Durante o evento, Fábio Wanderley falou sobre a campanha que visa arrecadar recursos para financiar o processo educativo nas Casas Familiares, instituições parceiras da Fundação que atendem aproximadamente 350 adolescentes por ano no Baixo Sul da Bahia. As escolas oferecem uma formação diferenciada, com foco no desenvolvimento sustentável e na conservação ambiental, além de integrarem o currículo tradicional ao ensino técnico profissionalizante, por meio da Pedagogia da Alternância.

Fábio Wanderley

De acordo com Fábio, os recursos arrecadados são destinados ao custeio das atividades educacionais, que impactam diretamente as famílias dos estudantes e suas comunidades. "A campanha tem como base uma lei de incentivo que nos permite arrecadar fundos essenciais para manter a qualidade do ensino e continuar promovendo a educação dos jovens rurais de forma contínua", explicou o superintendente.

As Casas Familiares, reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação da Bahia (SEC) e certificadas pelo Programa de Escolas Associadas da Unesco, utilizam uma metodologia que alia teoria e prática. Os jovens passam uma semana nas escolas e duas semanas aplicando o que aprenderam nas propriedades de suas famílias. Essa dinâmica visa à formação técnica e o fortalecimento dos valores familiares e comunitários.

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Thales Lima

A importância das Casas Familiares foi destacada por Thales Lima, diretor da CFRPTN, que ressaltou o impacto transformador que as instituições vêm promovendo ao longo dos anos. "Completamos 22 anos de luta pelo reconhecimento do homem do campo. São mais de duas décadas promovendo transformação social, ambiental e financeira. Os jovens que passam por aqui tornam-se protagonistas nas suas comunidades, promovendo mudanças significativas", afirmou Thales à reportagem do Jornal Valença Agora.

Cristiane Nascimento, responsável pela área de sustentabilidade e parceria social da Fundação Norberto Odebrecht, ressaltou a importância do Tributo ao Futuro para viabilizar o programa social da instituição. Segundo ela, a campanha busca mobilizar recursos, sejam doações de pessoas físicas ou contribuições de empresas, para garantir o sucesso das ações desenvolvidas no Baixo Sul. "O Tributo ao Futuro é um vetor fundamental para que o programa social da Fundação aconteça em parceria com as instituições do território, como as Casas Familiares", afirmou Cristiane. Ela também destacou a transparência no processo de destinação dos recursos, que são geridos pelos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente até chegarem às instituições, impactando diretamente a vida dos jovens e suas comunidades.

cristiane

Cristiane também falou sobre a escolha do Baixo Sul como território de atuação da Fundação, explicando que a região oferece uma combinação favorável de aspectos ambientais e desafios de desenvolvimento humano. "O Baixo Sul é um território com riqueza de recursos naturais, como o bioma da Mata Atlântica e uma abundância de recursos hídricos, além de uma agricultura familiar diversa. No entanto, há também grandes desafios em termos de desigualdade, educação e saneamento, o que torna esse lugar ideal para o início de um programa social transformador", disse ela. Cristiane acrescentou que a educação ambiental e a conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente estão no centro da metodologia da Fundação, formando uma nova geração de jovens comprometidos com a produção em harmonia com a natureza.

A aluna Ivoneide dos Santos de Jesus, de 17 anos, também compartilhou sua experiência, destacando o papel das Casas Familiares na formação de jovens protagonistas. "A Casa Familiar me acolheu como parte de uma família. Aqui, o aprendizado vai além da formação técnica, há um cuidado humano, uma troca de conhecimentos e incentivo mútuo. Somos motivados a transformar a realidade das nossas comunidades", disse Ivoneide.

“Eu quero agradecer a todos vocês que continuam contribuindo tanto com doações quanto vivoneideocês que estão aqui e conversam com nós jovens. Doar é mostrar para nós que vocês entendem o quanto é importante, que vocês acreditam que nós podemos transformar a vida de outras pessoas e que o que a gente faz realmente vale a pena. Porque aqui é uma família e vocês que estão doando fazem parte da família. Muito obrigada!”, acrescentou a estudante.

A campanha Tributo ao Futuro é incentivada por doações e conta com a chancela do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), sendo promovida via Fundos Municipais da Infância e Adolescência (FIA). No ano passado, foram arrecadados R$ 7,4 milhões por meio de doações de mais de 13 empresas e 1.700 pessoas, recursos que foram integralmente destinados ao financiamento das atividades das Casas Familiares.

Fábio Wanderley ressaltou a visão do fundador, Norberto Odebrecht, que idealizou as Casas Familiares como ferramentas para o desenvolvimento social do Baixo Sul. "Dr. Norberto sempre acreditou na transformação social por meio da educação dos jovens. A história demonstra que esses jovens são hoje líderes em suas comunidades, destacando-se como empreendedores rurais e evitando o êxodo para os grandes centros urbanos", concluiu.

A campanha Tributo ao Futuro segue mobilizando a sociedade, com a expectativa de arrecadar recursos para garantir a continuidade desse importante trabalho de educação e transformação no campo.

A doação deve ser feita através do site: www.tributoaofuturo.com

Entrevista exclusiva com Joaquim Cardoso, Diretor Executivo da Organização de Conservação da Terra (OCT)

joaquim

Jornal Valença Agora (JVA): Joaquim, o que é a OCT?

Joaquim Cardoso: A OCT é a Organização de Conservação das Terras do Baixo Sul. A preocupação com a criação dela começou em 1998. Nosso objetivo foi organizar um conteúdo que unisse conhecimento e prática, oferecendo recomendações para o presente e o futuro da questão ambiental na região. A criação da OCT foi inovadora, porque juntamos o conhecimento das escolas, cooperativas e o trabalho junto aos produtores rurais, especialmente as famílias, para garantir um futuro sustentável para o Baixo Sul.

A OCT se tornou um centro de referência muito importante. Ver os jovens hoje, aplicando o que aprenderam, é emocionante. Eles resgatam e relembram as ideias do Norberto, que sempre acreditou que os jovens têm o poder de mudar o mundo.

JVA: A OCT atua como um ‘guarda-chuva’ para várias instituições, com foco na preservação da Mata Atlântica e no desenvolvimento sustentável. Como isso impacta a comunidade hoje?

Joaquim Cardoso: O que realizamos envolve as escolas e cooperativas, e isso nos trouxe reconhecimentos incríveis. Em 2019, fomos eleitos a melhor ONG ambiental do Brasil. Hoje, a OCT é responsável por projetos significativos, como o plantio de um milhão de mudas com o apoio da Olam e da Nestlé, o que mostra nossa visão de futuro. Quem planta uma árvore está investindo no futuro, não no presente.

Outro projeto marcante é o que desenvolvemos com a FIDA, uma fundação apoiada pela ONU, com o objetivo de aperfeiçoar os serviços ambientais e focar em políticas públicas sustentáveis. É uma honra sermos uma organização que está à frente desses grandes projetos.

JVA: Norberto Odebrecht não está mais entre nós, mas seu legado continua vivo através dos empreendimentos e iniciativas da OCT. Qual é o impacto dele nesse contexto?

Joaquim Cardoso: Norberto foi uma figura extraordinária. Ele tinha uma sensibilidade única para observar o ambiente ao seu redor. Nada passava despercebido por ele. É como se ele estivesse sempre projetando o futuro. Mesmo em seus últimos anos, Norberto estava planejando os próximos 30 anos. Ele sempre via além e nos deixou um legado de como pensar e agir de maneira sustentável.

JVA: Você tem uma presença muito forte na Fundação e na OCT. Como você vê a importância de pessoas como Norberto Odebrecht e Oscar Niemeyer, que deixaram um legado imensurável?

Joaquim Cardoso: A grande lição que eles nos deixaram é a importância de refletir sobre o futuro e sobre o papel dos seres humanos na sustentabilidade. Norberto costumava dizer: “Sustentabilidade é acreditar no futuro”. Essa frase resume muito do que ele pensava. Pessoas que têm filhos, que plantam árvores, estão comprometidas com o futuro. E isso é algo que todos devemos entender e praticar.

JVA: Norberto foi um homem que, mesmo em idade avançada, pensava sempre à frente. Qual mensagem você deixaria para os jovens que ainda pensam de maneira limitada?

Joaquim Cardoso: Minha mensagem é simples: reflitam, discutam e vejam como podem melhorar seu cotidiano. O futuro não é algo isolado, é algo que se constrói em comunidade, com a renúncia das individualidades. Se estivermos comprometidos com o futuro, teremos um antídoto contra muitos dos problemas que enfrentamos hoje. Essa preocupação com o futuro é o que nos move.

JVA: Suas considerações finais?

Joaquim Cardoso: Estou muito satisfeito por estar aqui. O Fábio me agradeceu por participar, mas na verdade, quem ganhou fui eu. O que ouvi aqui hoje, especialmente da jovem que falou, mostra que estamos no caminho certo. A presença dela e sua preocupação com o futuro são uma prova de que o trabalho da OCT está gerando frutos.

*** A Organização de Conservação da Terra (OCT) é uma referência no Baixo Sul da Bahia, combinando inovação e sustentabilidade em suas práticas.

 

 

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