C com C - Sergio Herrera vinheta

No cenário os Ternos de Rei, herança da cultura religiosa ibérica que faz referência aos três reis magos (Belchior, Baltasar e Gaspar), que foram dar as boas-vindas ao recém-nascido menino Jesus seguindo a trilha da estrela de Belém. O grupo está composto por músicos que ampliavam a sonoridade do grupo e dando requintes as melodias; cantadores que davam o ar cerimonioso de boas intenções em seus cânticos e o porta estandarte. Todos entoando a cantiga rimada percorriam as ruas visitando as casas e a família com cânticos de fé agradecendo o menino Jesus pelos seus ensinamentos e pedindo as bênçãos para a família que recebeu o terno.

Resgatado da memória de um reisado, a seguir, uma cantoria rimada muito conhecida:

“Agora mesmo cheguemos, na beira do seu terreiro
para tocá e cantá, licença peço primeiro...
Meu senhor, dono da casa, se escutar me ouvireis
que dos lados do Oriente são chegados os Três Reis”

Após a visita não podia faltar a cantoria da despedida:

“Senhora dona da casa, agradeço a gentileza
Santos Reis que abençoem a sua sagrada mesa
Pela oferta que nos deu, ficamos agradecidos
Na mesma hora que deu, lá no céu foi recebido
Eu agradeço o vinho, que nos ofertou
Eis o sangue do divino que Jesus abençoou
Vamos dar a despedida, como deu Cristo em Belém
Esse terno se despede, até o ano que vem”

Lá no meio do grupo cerimonial alguém exclamou:

“Que o maior presente entre as pessoas,
sejam a bondade e o amor fraterno!”

Os reisados são protagonistas dos ternos. O coro está entremeado de palmas e o batimento dos pés que, outrora, percorriam as ruas à luz de archotes e, junto com eles, a participação do povo celebrando a fantasia do bando saudavam o acontecimento solene dessa alegoria, e nesta oportunidade, foi acompanhado pela filarmônica de Valença. A apresentação esteve a cargo do grupo de alunas do curso contando com o apoio do grupo da maioridade, que na ocasião, era coordenada pela professora Vera Cairo.

Por meio do convite aceite em fazer parte deste encontro, outro quadro social que caracteriza a tradição cultural da região do baixo sul é o Zambiapunga do município de Nilo Peçanha. Na tradição desta cultura popular do distrito de Maricoabo participam do cortejo o grupo de mascarados da sua criação lembrando as figuras de mistério e horror de homens e mulheres vestindo trajes coloridos que parecem imitar a riqueza colorida da fauna e da beleza dos mares, de chapéus festivos lembrando a meia roda do arco íris percorrem saltitantes percutindo enxadas e fazendo soar os búzios gigantes de pesca; verdadeira ressonância de convocação para a comunhão entre os desejos humanos e os fenômenos da natureza sob acompanhamento do compasso do ronco agudo das cuícas e da caixa de guerra em um todo harmonizado e sintonizado com o som do mundo.

O zambiapunga é um brinquedo curioso que se realiza na madrugada de 29 de setembro, dia de São Miguel. A sua origem é um mistério, uma das razões é não existir traços de coincidência entre ele e outras criações brasileiras conhecidas. Tão flagrantemente africano o seu nome que há semelhança com a divindade suprema Zamiapongu do candomblé da nação Angola e Congo. Hoje como ontem, os matizes desta dança ainda presentes na memória do povo do baixo sul, conclamam o seu valor inconteste: O Zambiapunga.

Outras apresentações na próxima edição.... Acompanhe...

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.