C com C - Sergio Herrera vinheta

Incluído em 2012 na lista de Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Bumba meu Boi é uma dança tradicional brasileira típica das regiões norte e nordeste. Embora seja representativo em todas as partes do Brasil, não foi diferente em Valença, mas é claro, com pequenas releituras na sua manifestação sincrética entre a cultura dos colonizadores portugueses, da cultura africana e indígena que durante o período colonial, com a escravidão e a criação de gado, essa manifestação teve sua origem tal qual a conhecemos hoje. O seu tema é análogo ao folclore dos caboclos e vaqueiros, os cânticos são acompanhados de violas, violões, pandeiros e a batida de palmas.

A apresentação está composta, nesta oportunidade, pelas alunas e alunos do curso vestindo chapéus de couro, armados de vara de ferrão e bexigas de boi cheias de vento para dar pancadas inofensivas. Rompem os instrumentos um baião repinicado e eles dançam aboiando alto como quem tange boiadas. É o imaginário tentando representar a dura prática de lidar com o pastoreio do gado, não é só trabalho, mas também o de decifrar as idas e vindas da correria para que o gado não perca o rumo definido, são os cuidados necessários para reduzir e garantir o transporte dos animais para os locais de pastagem, a cada reviravolta parecem ameaçar a gravidade do corpo que flui como a força do vento.

Na alegria do compasso da toada, lá vem o capitão montado numa burrinha de pau com uma boneca de pano na garupa ladeada por molecotes e seguida de uma menina de chapéu e cajado na mão: a pastorinha. O mané gostoso, sujeito maltrapilho, meio feiticeiro com um grande uru cheio de ervas e o vaqueiro encorado num cavalo de pau. Finalmente a figura principal: um grande boi, feito de canastro de cipó coberto de chita que um indivíduo traz às costas, piruetando, dançando e amarrando ameaçadoramente a torto e a direita nesta e naquele indivíduo a mando do vaqueiro. Haja o brilho do teatro do diálogo entre aqueles que representam a natureza e os outros que a compreendem à sua maneira.

O espirito cultural materializando as representações simbólicas do nosso acervo multicultural misturado em um ambiente festivo, alegórico e popular. Encenação lúdica que não deixa de “tecer” aquilo que, de maneira singular, diz sobre o que nós somos. Por isso não está permitido negar o sincretismo cultural em torno do humor, da sátira, do drama e da tragédia da forma social que nos identifica.

Nossa historia como ela é manifesta. Ainda vejamos.

No bojo de pau dos antigos veleiros do século XVI, chegaram a Bahia os primeiros Capoeiristas. Eram negros da diáspora africana. Quiçá guerreiros jogadores dessa luta em que pés e cabeça tem mais importância e que as mãos fazem parte do equilíbrio do corpo no espaço. Outrora, na tentativa de fugir dos senhores de engenho, da policia imperial e da republicana, simularam a luta da capoeira com pantomimas, gestos e dança acompanhada de música.

Os lutadores formam a roda construindo as relações de sociabilidade através do convite espontâneo para os dois praticantes jogarem apresentando seus movimentos singulares     ao som dos berimbaus e batidas de palma. Acrobacias em solo, tocando o companheiro com a cabeça, olhando de cabeça para baixo, movimentos requintados de gingados, de cócoras, de rasteiras, de chutes, pulos rolando pelo chão imitando a sagacidade da cobra inventando defesa e ataque, tudo isso acompanhado do canto entre o desafio e o confronto.

A capoeira jogada “para valer”, traz serias consequências, dentro dos limites esportivos. Para a demonstração de golpes, mais ao menos lentos, passam perto do alvo desejado, sem toca-lo, assemelha-se a energia que replica a ginga maliciosa e graciosa do voo ágil e flexível do beija flor. Demonstrando, todavia, por meio da junção físico/mental, firmes e seguros um perfeito equilíbrio das brincadeiras conscientes, observando a malicia do adversário obediente das regras do jogo. É isso que apresentou o Grupo de Arte Zumbi dos Palmares de Valença.          

Sim!!!, mais apresentações na próxima edição.... Acompanhe...

 

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