Com investimento inicial de R$ 1,6 milhão, o Projeto Prot’air — Turismo Sustentável e Áreas Protegidas França-Bahia — foi apresentado na última sexta-feira (25), no município de Valença, aos novos membros do Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental Caminhos Ecológicos da Boa Esperança e Estação Ecológica Wenceslau Guimarães. A iniciativa marca o início de uma cooperação inédita entre o governo da Bahia e a Federação dos Parques Naturais Regionais da França, com foco na valorização das comunidades locais e no fortalecimento do turismo sustentável no Baixo Sul.

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Foto: Divulgação/Ascom Sema

A primeira fase do projeto será implementada na Área de Proteção Ambiental (APA) Caminhos Ecológicos da Boa Esperança, abrangendo inicialmente os municípios de Valença, Taperoá e Nilo Peçanha. A Unidade de Conservação, sob gestão do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), foi escolhida como território-piloto para o desenvolvimento de roteiros integrados de turismo sustentável comunitário. As ações incluem intercâmbios técnicos, apoio à agroecologia, empoderamento feminino e capacitação de jovens entre 15 e 29 anos, por meio do programa Agente Jovem Ambiental.

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Foto: Divulgação/Ascom Sema

Com apoio do Ministério das Relações Exteriores da França, o Prot’air nasceu da parceria firmada em 2023 entre o Estado da Bahia, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), e a Federação dos Parques Naturais Regionais da França. O objetivo é transformar unidades de conservação em espaços de desenvolvimento sustentável, com destaque para a agricultura familiar, a gastronomia regional e o protagonismo das comunidades locais.

"Para Luiz Araújo, superintendente de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, o Prot’air é uma ponte entre a preservação ambiental e o fortalecimento das comunidades. 'A proposta é integrar turismo responsável, gastronomia local, práticas agroecológicas e o protagonismo juvenil. A colaboração com a França vai enriquecer o que já é valioso no território, conectando tradição e inovação de forma sustentável.'”

À frente da coordenação de Gestão de Unidades de Conservação do Inema, Mateus Camilo enfatizou a importância da participação das comunidades nesse processo de intercâmbio. “Estamos falando de um verdadeiro laboratório vivo em nosso território. Aqui coexistem ecossistemas frágeis e comunidades que precisam ser ouvidas. A proposta é conciliar conservação com geração de renda, educação ambiental e uso responsável dos recursos naturais.”

Parcerias e intercâmbio de saberes

Construído a muitas mãos, o Prot’air reúne instituições brasileiras e francesas em uma rede colaborativa que inclui o Inema, secretarias estaduais, ICMBio, Uneb, Ufba e a universidade francesa de Toulouse. Para a professora Lirandina Gomes (Uneb), o sucesso do projeto está diretamente ligado à participação social. “Turismo sustentável só se constrói com pessoas preparadas para receber bem, com consciência ambiental e valorização da própria cultura.”

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Foto: Divulgação/Ascom Sema

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Foto: Divulgação/Ascom Sema

A cooperação internacional também ganhou força com o envolvimento técnico direto de profissionais franceses. Morgane Brites, que colabora com a elaboração do projeto-piloto na Bahia, ressalta o valor da troca de experiências. “É uma região com histórias e sabores únicos. Nosso papel aqui é aprender, dialogar e contribuir com ferramentas que ajudem esse território a se destacar como exemplo de turismo sustentável.”

Durante as visitas técnicas, o engajamento das famílias e a atuação ativa das mulheres se destacaram. A presidente da Federação dos Parques Naturais Regionais da França, Anne Héry Le Pallec, disse impressionada com o envolvimento das comunidades. “Esse é exatamente o espírito que o Prot’air pretende fortalecer: uma governança viva, inclusiva e comprometida com a conservação e o desenvolvimento social.”

Na Bahia, a articulação entre preservação e geração de renda aparece como um dos principais diferenciais do projeto. Maiana Pitombo, coordenadora de Programas e Projetos da Sema, reforça que o foco está na valorização das pessoas e das práticas tradicionais. “Queremos mostrar que é possível gerar renda preservando, promovendo experiências autênticas e conscientes”, pontua. “É o jovem, o agricultor, a cozinheira tradicional que vão ajudar a contar essa história de forma viva, conectada com a natureza e com a identidade local.”

A professora Lirandina Gomes, da Uneb, ressalta que o turismo só será verdadeiramente sustentável quando as comunidades se tornarem protagonistas, recebendo os visitantes com responsabilidade e respeito à cultura local e ao meio ambiente. Para ela, a capacitação é fundamental para que esses comunidades do território aproveitem as oportunidades econômicas sem comprometer seus valores e recursos naturais. “Só com conhecimento e consciência é possível transformar o turismo em uma ferramenta de desenvolvimento sustentável”, conclui.

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Fonte/Imagens: Ascom/Sema

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