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(Amália Grimaldi, de Melbourne, Austrália. 2016)

 

biblia_pauperum“Sou mulher pobrezinha e quase no final. Eu nada sei, jamais por mim letra foi lida. Vejo na igreja que frequento, paroquial, pintado o céu onde o alaúde, a harpa é ouvida. E o inferno, onde os danados, fervem sem medida. Um me apavora, o outro, alegria em mim derrama...”

Nesses versos da “Balada para Rezar a Nossa Senhora”, de François Villon, ficou entendido no texto da sua obra a representação das ideias de uma época obscura.

Havia uma estratégia de aprendizado religioso. A necessidade da imagem para entendimento da mensagem, na sociedade analfabeta medieval se fazia necessária. No início do século XV, até o advento do Renascimento, surgiam os livros tubulares.  Impressos a partir de pequenas táboas. Estes livros seriam destinados aos conventos, ao clero intelectual. Não ao povo. Obras de mentalidade formal foram ilustradas com a técnica da xilogravura. A Biblia Pauperum, conhecida como a Bíblia dos Pobres, é um claro exemplo de segregação.

A essa época, a maioria da população, da Penísula Ibérica, era constituida por camponeses analfabetos. Esta obra é testemunho de uma época sombria. Época de desprezo aos menos favorecidos. E, o prazer daqueles, perpetuados no poder.

Ainda no século XV, com o aperfeiçoamento da imprensa, a xilogravura ganhou espaço na ilustração de livros de todos os tipos. Facilitou de sobremaneira o entendimento, embora se tratasse de livros religiosos. Nos meios impressos, os tipos metálicos individuais de Gutenberg, tiveram importância equivalente à xilogravura. Ele próprio, imprimiu cartas de um baralho de Tarot contendo figuras de alusão à Alquimia. Prática condenada pela Igreja medieval e, portanto, passivel de castigo.

Um marco inicial foi a invenção desses tipos móveis. Após Gutenberb imprimir a bíblia de quarenta e duas linhas, foi dado autorização por parte da corte portuguesa, para que os fundidores do reino pudessem fabricar tipos metálicos  e imprimir livros usando a mesma técnica. Assim, o livro impresso tipograficamente, corta em definitivo, sua ligação com o livro artesanal manuscrito, que era produzido pelos copistas, nos conventos medievais.

Segundo a História, em 1260 os chineses já utilizavam tipos metálicos móveis, além do sitema de placas de argila gravadas. Imagens acompanhadas de textos simples, gravados na mesma prancha, constituindo páginas, deram início aos primeiros livros xilográficos.A impressão com blocos de madeira chegou à Europa pela mesma rota do papel, embora seu início não seja preciso, sabe-se que foi a partir do século XIV. Nos desenhos figurativos, de cartas de baralho rudimentares, que foram impressos no continente.

Em nome de anjos e demônios. Numa sociedade medieval, a Igreja e seu sistema, politicamente dominante, ditavam rígidas regras ao povo.  Incutindo o estigma da culpa, em uma aura de castigos em cuja sociedade onde analfabetismo era generalizado.  Na pedagogia da leitura, através de símbolos, predicadores religiosos tiravam cruel vantagem da situação. Resultando numa sociedade patologicamente obediente.

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