Vinheta Artigo Isaias Ribeiro

Edgar Morin, filósofo francês que se fez referência mundial por seus estudos sobre Educação, ensina que "A educação deve ser um despertar para a filosofia, para a literatura, para a música, para as artes, porque é isso que preenche a vida”. Por aí deveriam iniciar-se todas as crianças, de todos os lugares. O filósofo, entretanto, parece não conhecer a dinâmica de certas regiões do planeta. Nem tudo é França ou Reino Unido ou Noruega ou USA, ou Japão ou Corea do Sul; nem todos estão na OCDE. Nem todos partiram do século XVII construindo instituições políticas e econômicas inclusivas; nem todos pegaram o bonde ligeiro da revolução industrial de séculos XVIII e XIX. Aqui em nossa América Latina construímos e vivemos debaixo de instituições políticas e econômicas extrativistas e ainda perdemos aquele bonde da história que fez acelerar o desenvolvimento econômico de Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália.

A Educação é somente uma medida! A complexidade da vida contemporânea exige que as pessoas sejam educadas, que saibam se expressar, buscar, pesquisar, analisar e relacionar conhecimentos; exige cidadãos capazes de participar de forma crítica das diferentes instâncias da sociedade cuidando das pessoas, da vida social, dos recursos ambientais, (é bom repetir: cuidando dos recursos ambientais) da herança histórica e cultural. Não estamos preparando esses cidadãos!

Nada nos parece mais importante para um município vencer obstáculos ao seu desenvolvimento do que a Educação. Chame-se esse município São Caetano do Sul, o mais rico e desenvolvido do país, topo do desenvolvimento humano com IDH-M 0,862; chame-se Brejo Santo ou Sobral, no Ceará, exemplos de superação com sua Educação no topo nacional de avaliação do IDEB, superior à média da OCDE!

No nosso baixo sul, Valença, por sua condição de cidade-polo, centro financeiro e de comércio, de serviços profissionais e de influência regional, precisará sempre mais de melhor qualidade de sua Educação e de correr para melhorar o seu desenvolvimento humano. A baixa qualidade de seu ensino fundamental e médio mostrada nos índices de avaliação do IDEB-EF, já compromete não apenas o seu desenvolvimento, mas também o da sua vizinhança, principalmente os serviços turísticos, sempre mais exigentes de qualidade. Então, uma educação para a hospitalidade, uma educação para o mundo do trabalho, mas um trabalho bem específico, como atender, recepcionar ou transportar pessoas mais educadas que as nossas, é questão de sobrevivência para o turismo de Valença, como de Cairu ou Itacaré ou Maraú. Tudo a requerer gestão cada vez mais qualificada e compartilhada de uma escola excepcionalmente boa, eis que o maior dos problemas da Educação pode estar na sua gestão.

A eleição muito próxima de novos prefeitos e vereadores, bem como a constituição de quadros diretivos de Educação são oportunidades para encontrar melhores meios para vencer esse grande drama da Educação Fundamental e Média em nossos municípios. Os índices de avaliação do IDEB-EF do baixo sul, não podem continuar causando vexames diante de estupendos 8,1 e 6,7 de Sobral e Brejo Santo, no Ceará! Vamos lá, saber do que eles estão fazendo!

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