Moacir

A vida é tecida a partir de muitos momentos, alguns deles, aparentemente, insignificantes, pequenos, mas que são os que afloram a alegria de viver. Um desses momentos, para quem gosta, é beber uma cerveja gelada em um barzinho, ou em um restaurante, pois nas mesas de bares, quando se bebe com moderação, se criam muitas amizades boas, muitas ideias geniais daí também surgem, e um bate papo que engrandece aí são estabelecidos.

E eu estava em um bar, um lugar bonito, no alto, de onde se vê toda a cidade, com uma pessoa muito especial, um irmão que há tempos não o via, bebericando uma cerveja, comendo uma lambreta e esperando a hora do almoço se aproximar para irmos para casa. Uma conversa melhor do que boa. Crescemos juntos, hoje moramos bem distantes um do outro e quando a vida nos permite um reencontro é só alegria.

Em uma mesa perto da nossa, sentaram-se dois casais, pelas vestimentas se via que eram amantes de motos e estavam viajando, isso era denunciado pela parafernália que os vestiam. Enquanto na nossa mesa reinava a alegria, ainda mais que o garçom acabara de colocar uma cerveja, com véu de noiva, os amantes dessa bebida sabem do que se trata, ou seja ela estava bem gelada, mas essa expressão é pobre para mostrar o sentimento que nasce no cervejeiro quando se depara com uma garrafa com esse perfil, na mesa com o quarteto não se via alegria, apesar de estarem viajando e ser uma manhã de domingo ensolarado.

Enquanto, nós dois conversamos efusivamente e com esses diálogos também vinham manifestações de alegria através de sorrisos, na mesa, ao lado, conversavam pouco não se ouviam risos e o constante uso do celular. Além disso, por vezes, quando conversavam, vi o olhar dos ocupantes da mesa, ao lado, direcionados para a nossa com muita frequência. Não eram olhares acintosos, mas aquele olhar de soslaio e com frequência. Em alguns momentos, percebi que ficavam sem graça quando eu ou meu irmão olhávamos para eles.

Nós pedimos outra cerveja e veio igual a primeira, véu de noiva. O garçom a colocou sobre a mesa, a abriu e vi que os quatro ficarão absortos olhando para nós. Após eu me servir e servir meu irmão, me dirigi a eles a fim de quebrar o gelo, pois a postura do quarteto estava nos incomodando. Fiz aquelas perguntas que se faz a um viajante. Eles responderam com solicitude e com sorrisos abertos.

Uma das moças, tomou a palavra se dirigiu a nós e com um sorriso nos lábios falou:

- Desculpem a nossa indelicadeza de ficar olhando, exageradamente, para a mesa de vocês. Na verdade, estávamos contemplando a cerveja, pois é a marca de que gostamos e faz muito tempo que não víamos uma com esse véu.

Rimos juntos e ela continuou:

- Pode até parecer que estamos tristes, estamos sim, desejosos por uma cerveja com esse perfil e por estarmos na estrada, nós não bebemos e dentro de nós se instalou uma inveja, não aquela reportada como um dos pecados capitais, mas uma inveja boa, pois é bom vermos gente alegre como vocês e bebericando uma cerveja especialmente gelada.

 

 

 

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