Mortes violentas caem 3,4% em 2023 e atingem menor número desde 2011, mostra Anuário da Segurança Pública Jornal Valença Agora 19 de julho de 2024 Brasil, Notícias Apesar da redução desde 2018, Brasil registra taxa de assassinatos por 100 mil habitantes quase 4 vezes maior que a média mundial Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, divulgados nesta quinta-feira (18), apontam para mais um ano de redução nas mortes violentas intencionais (MVI), com 3,4% menos homicídios em 2023 na comparação ao período anterior. Ainda assim, com 46.328 assassinatos, o Brasil mantém uma das mais altas taxas no mundo, com 22,8 casos por 100 mil habitantes – quase quatro vezes maior que o índice global de 5,8, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), mostra reportagem da CNN. É a primeira vez desde 2011 que o país registra menos de 47 mil homicídios em um ano, de acordo com a série histórica compilada pelos pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Mas os indicadores ainda estão longe dos padrões considerados adequados, como destaca o diretor-presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima. “No Brasil vivem aproximadamente 3% da população mundial, mas o país, sozinho, responde por cerca de 10% de todos os homicídios cometidos no planeta”, salienta. O Brasil atingiu em 2017 o pico das mortes violentas intencionais – indicador que reúne os homicídios dolosos, os feminicídios, os latrocínios, as lesões corporais seguidas de mortes, as mortes de policiais e as mortes decorrentes de intervenção policial. Naquele ano, foram 64.079 casos registrados, ante 46.328 em 2023. Como destacam Lima e a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, de 2018 para cá a queda do número de assassinatos é de 27,7%, mais acentuado do que o observado na América Latina e Caribe (queda de 19,2% entre 2017 e 2022). Mas o Brasil segue com uma taxa de homicídios maior que a média da região: 22,8, ante 19,2 assassinatos por 100 mil habitantes. Das 27 unidades da federação, apenas 6 registraram alta das MVIs – Amapá (39,8%), Mato Grosso (8,1%), Mato Grosso do Sul (6,2%), Pernambuco (6,2%), Minas Gerais (3,7%) e Alagoas (1,4) – e o Maranhão ficou estável. Todos os demais registraram queda, mas ainda há 18 estados com taxas acima da média nacional: todos os da região Norte e Nordeste, exceto Piauí, além de Espírito Santo e Rio de Janeiro, no Sudeste, e Mato Grosso, no Centro-Oeste. Três em cada quatro assassinatos no Brasil são cometidos com arma de fogo. De acordo com o Anuário, pretos e pardos representam 78% de todos os registros de mortes violentas intencionais, mas essa proporção sobe para 82,7% quando se faz o recorte entre as vítimas de intervenções policiais – o risco relativo de um negro morrer em uma ação policial é 3,8 vezes maior que a de não negros. Bahia tem 6 das 10 cidades mais violentas e Amapá, a única capital O Anuário da Segurança Pública também faz uma análise das taxas de MVIs dos 50 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, o que permite detalhar as dinâmicas desse tipo de crime. Em 2023, a cidade com maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes foi Santana (AP), com 92,9 – o município registrou 100 assassinatos, dos quais 72 foram homicídios dolosos, 1 latrocínio e 27 mortes decorrentes de intervenção policial. Isso fez a cidade subir da 31ª posição em 2022 para o topo do ranking no ano passado. De acordo com os pesquisadores, a alta estaria associada às disputas pelo controle do porto localizado na cidade e ao consequente aumento de mortes por intervenção policial. Também fica no Amapá a única capital das 10 cidades mais violentas do país. Macapá já fazia parte da lista no ano passado, em 8º lugar, e no ranking mais recente está em 9º. Mas é na Bahia que estão 6 das 10 cidades mais violentas do país, situação que tem sido constante nos Anuários mais recentes: Camaçari (2º), Jequié (3º), Simões Filho (5º), Feira de Santana (6º), Juazeiro (7º) e Eunápolis (10º). Em alguns casos, como na terceira colocada, a letalidade policial responde por mais da metade das MVIs em 2023. Fonte: CNN Brasil - Foto: Agência Brasil Deixe uma resposta Cancelar resposta Seu endereço de email não será publicado.ComentarNome* Email* Website