Foto em destaque: Pichação no “Forte da Ponta” na muralha recomposta durante as obras de restauração (Foto do Vereador Frank do Amparo que fez, voluntariamente, a limpeza do dano

análise Manoel

É irônico e constrangedor participar de um ESFORÇO HERCÚLEO DE RESGATE de um monumento tão importante que estava em ruínas e presenciar, anos depois, o grau dos riscos ao qual o sítio histórico volta a estar sujeito. Mesmo sentimento que arrebata e deixa indignada a comunidade local e todos os profissionais que lá atuaram. Pichações chegaram a acontecer na muralha e paredes internas indignando muita gente e, mais ainda, a ação de vândalos que repercutiu na IMPRENSA INTERNACIONAL ainda exige resposta proporcional da sociedade e das autoridades. Vários equipamentos foram subtraídos, cômodos violados, instalações prediais arrancadas, vidros quebrados, vegetação daninha tomando as alvenarias, entre outros absurdos. Algo que, por todos os motivos, deve impulsionar a REAÇÃO MAIS INTELIGENTE, eficiente e eficaz. Perspectiva que começa a ser modelada com esta provocação, as polêmicas e diálogos que podem advir e as proposições resolutivas que aqui estão esboçadas. Eis a âncora do desenvolvimento do terceiro polo turístico da Bahia com um dos sinais de degradação citado, na imagem acima em destaque.

Precisamos, adotando a postura de educação patrimonial e defesa do legado, falar da implantação da UNIVERSIDADE DE ECONOMIA DO MAR” na “Fortaleza do Morro de São Paulo” reunindo todas as forças institucionais para essa grandiosa missão. Decisão que terá, por certo, o apoio da Marinha do Brasil, da bicentenária ACB (Associação Comercial da Bahia) e da ACEC (Associação Comercial e Empresarial de Cairu) no seu décimo ano de existência. A Municipalidade de Cairu, a FIEB (Federação das Indústrias do Estado da Bahia) com a UNIVERSIDADE SENAI/CIMATEC, o SEBRAE Nacional, o CNT (Conselho Nacional do Turismo), a ABITUR (Associação Brasileira de Ilhas Turísticas), a SDE (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) da Bahia, a SPU (Secretaria do Patrimônio da União) e inúmeros outros players nacionais e internacionais vão, naturalmente, participar deste mutirão. Os municípios vizinhos a exemplo da Valença, Taperoá e Nilo Peçanha que têm agendas turísticas comuns e economias complementares também participarão deste esforço grandioso. O sítio histórico em foco é um ATIVO ECONÔMICO E SOCIAL, tombado no nível federal, só equiparado, na região, em importância, à “Igreja e Convento Franciscano de Santo Antônio” que é, destacadamente, o “Berço do Movimento Barroco no Mundo Colonial Lusitano”.  Conjunto arquitetônico que guarda azulejaria, retábulos, imagens sacras, bens móveis, pinturas, esculturas e uma fachada preciosa.

Chegou, então, a hora de reagir ao abandono a que está relegado o sítio histórico, do Morro de São Paulo, naquele MONUMENTO NACIONAL TOMBADO desde 1938. Fortificação com 670 metros de muralhas situada na Ilha de Tinharé, no município de Cairu, na Bahia. Nesta caminhada é indispensável considerar que foram aplicados, a valor presente, mais de R$30 milhões na restauração das alvenarias arruinadas e qualificação do equipamento turístico-museológico, em etapas, entre os anos de 2010 e 2018. Esforço que contou com o mecenas BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o protagonismo de uma governança (academia, empresas, administração pública e organizações sociais) que precisa voltar a ter sentido. TRAJETÓRIA DE TRÊS DÉCADAS que foi ricamente relatada no livro comemorativo que logo será disponibilizado em meio digital. A condição da Fortaleza do Morro de São Paulo ser, de fato, o “Berço da Marinha” deriva dos movimentos da FUTURA ARMADA IMPERIAL, ainda na Guerra da Independência em 1823. Isto no episódio de expulsão dos portugueses da capital baiana (hoje “Capital da Amazônia Azul”). Peleja que contou com a participação de um garoto de 15 anos que viria a ser, muito anos depois, o ALMIRANTE TAMANDARÉ (Patrono da Marinha do Brasil). Perspectiva histórica cheia de curiosidades ainda desconhecidas dos brasileiros e, muito especialmente, dos baianos nas comemorações do “2 de julho”.

Acima um contraste forte entre as ruínas e o resultado da restauração em fotos do arquiteto Francisco Santana, respectivamente, em 2010 e 2018.

Os projetos de restauro foram realizados, confirmando o SUCESSO DA GOVERNANÇA APLICADA, no âmbito de um convênio entre a UFBa (Universidade Federal da Bahia) e o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) contando, também, com a FEP (Fundação Escola Politécnica). A mobilização foi iniciada desde o ano de 1993 sendo alavancada a partir de  1998 com a criação do IDES (Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia) presidido, na ocasião, pelo inesquecível padre jesuíta Javier Barturen (ex-presidente da “FUNDISPESCA”). As empresas de engenharia executoras das obras foram, cabe destacar, com grande mérito, as renomadas “BELOV” e a “CONCRETA”.  Organizações que atuaram, respectivamente, nas intervenções junto ao mar (Belov Equipamentos e Serviços Marítimos) e no resgate das construções próximas à encosta (Corpo da Guarda, Portaló, Forte da Ponta, contenções, infraestruturação e a readequação funcional geral) por meio da “Concreta Tecnologia em Engenharia”. Processo que transcorreu, como dito, em ciclos numa década, e transformou toda a fração oeste do outeiro que emoldura aquele cartão postal. Ícone composto pelo conjunto “FAROL, OUTEIRO, FORTALEZA” equiparável, como afirmam muitos europeus, ao “Cristo Redentor” e o “Elevador Lacerda” no imaginário global. Tal recorte insular e o conjunto de ilhas estão vocacionados, como atestam o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e a CEF (Caixa Econômica Federal), a abrigar MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL que desperta interesse em escala planetária. Condição que se somou à oferta de apoio da própria UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura) aos projetos de restauração.

O governo municipal esteve, ao longo dos anos, irmanado com a SETUR (SECRETARIA ESTADUAL DE TURISMO) para esse desafio. Aqui cabe destacar os nomes dos economistas Reinaldo Dantas e Isaías Ribeiro que dedicaram muita energia e competência para que aquele resgate fosse viabilizado. A eles estavam, desde os momentos iniciais, somados, os esforços do prefeito Hildécio Meireles Filho, desde 1993 no seu primeiro mandato, e, mais adiante, do presidente da Câmara de Vereadores Luiz Alberto Gomes. A liderança técnica sempre esteve na mão do professor emérito MARIO MENDONÇA DE OLIVEIRA (UFBa) que contou com os arquitetos Francisco Santana (IPHAN) e Marcos Galindo (IDES) na empreitada de qualificação monumental. Tudo sem esquecer os engenheiros HIldegardo Nogueira (Belov) e o professor Minos Trocoli (Concreta) que foram os principais representantes dessas renomadas empresas no canteiro de obras e nas milagrosas negociações orçamentárias que fizeram os recursos renderem e serem aplicados com inteligência e de forma impecável. Todos esses profissionais estabeleceram laços muito fortes com o Arquipélago de Tinharé. Vínculos que precisam ser contados oportunamente. A eles se somaram, mais tarde, os professores Edmilson Teixeira (UFES – Universidade Federal do Espírito Santo) e Rui Rocha (UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz) com o “LABORATÓRIO VIVO TINHARÉ” ofertando uma visão de futuro que carece de ser renovada e integrada à atual mobilização.

Neste momento o CM (CENTRO DE FORMAÇÃO CONSTRUIR MELHOR) na condição de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) apresenta à SPU (Secretaria do Patrimônio da União), ao SEBRAE Nacional, e à Universidade SENAI/CIMATEC, com a interlocução junto à FIEB (Federação das Indústrias da Bahia), por meio do conselheiro Carlos Cohim, a ideia de posicionar a “Fortaleza do Morro de São Paulo”, de forma muito oportuna, como a sede da “Universidade de Economia do Mar”. Solução que tem COMPONENTES POLÍTICOS E ESTRATÉGICOS para evitar que o conjunto restaurado continue num processo de deterioração acelerada. O complexo fortificado que precisa, doravante, ser reconhecido como “acupuntura urbana”. Pulso de ordenamento que agregará enorme valor ao polo turístico. Outro fato que foi profetizado pelo saudoso urbanista Jaime Lerner, expoente internacional de grande envergadura, quando destacou, ainda em 2013:

“Cairu deseja e pode realizar o sonho de estruturar uma referência de sustentabilidade para o mundo. As particularidades geográficas, culturais, ambientais e socioeconômicas desse singular município-arquipélago tornam-no território fértil para a construção de experiências urbanas que conciliem desenvolvimento e preservação”.

Cairu tem, portanto, dignidade para ser CAPITAL DA BAHIA POR UM DIA”. Analogia em relação ao papel da cidade de Cachoeira no Recôncavo. Lá a campanha militar pela Independência do Brasil foi terrestre e, no Morro de São Paulo, deu abrigo ao esforço naval com a liderança do Lorde Chrocane. Militar escocês contratado pelo, então, ainda príncipe regente, Dom Pedro, para organizar a Marinha do Brasil. Aquele estrangeiro britânico e personagem de destaque da nossa história receberia o TÍTULO DE “PRIMEIRO ALMIRANTE” da Armada Imperial e seria protagonista em outros momentos da construção do país no século 19. Esforço que, hoje, no século 21, determina, como dito, a conjunção de forças institucionais capazes de dar conta desse desafio que precisa implicar na sustentabilidade da operação do equipamento seguindo bons exemplos e práticas de excelência. Isso como previu o “PLANO DE NEGÓCIOS” elaborado pelo SEBRAE com a inspiração de todo o trabalho empreendido pela governança por décadas. Trabalho que integrou o potencial de eventos, a museologia, a arqueologia realizada, competentemente, pela empresa “SAPIENS ARQUEOLOGIA” com os arqueólogos Mozart de Araújo Junior, Ricardo Nogueira e Marcia Labanca. Planejamento negociai que abordou várias outras dimensões para a geração de riqueza e aportes para manutenção do bem tombado.

A interação produtiva entre as organizações sociais, o governo local e a academia é a centelha para gerar a mobilização que o novo resgate d “Berço da Marinha” reclama. Acima a visita recente que estudantes de Engenharia Civil da FAZAG (Faculdade Zacarias de Góes) de Valença - BA realizaram junto com o CM e a Secretaria Especial de Administração do Morro de São Paulo (Prefeitura de Cairu) (Fotos da professora Laís Jorge)

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também reconheceu as singularidades da UNIDADE POLÍTICA E AMBIENTAL de Cairu. Registrou, então, “...assim entendemos que esta é uma ocorrência geográfica excepcional e peculiar. O município é composto de várias ilhas, diferentemente de outros que possuem áreas insulares agregadas, administrativamente, a um território situado no continente, o que justifica o TRATAMENTO ESPECIAL do caso único e particular, por parte da SPU (Secretaria do Patrimônio da União)”. Neste contexto os cairuenses vivem, também, o mesmo “Dilema de Dubai” guardadas as devidas proporções. As receitas públicas locais estão diante do ESGOTAMENTO DAS RESERVAS DE GÁS e petróleo na costa oceânica. Mudança que terá forte impacto sobre a capacidade de investimento da prefeitura e exige medidas compensatórias urgentes nas áreas de real estate, do water front e do agroecoturismo. Reequilíbrio estimado, na escala econômica de agregação de valor, resultando na NECESSIDADE DE US$2 BILHÕES até 2030, gerando espaços edificados com fortes atributos de sustentabilidade, em menos de 1% do território. Construções com potencial de tributação média permanente à razão de R$3,00/m2/mês implicando, tão somente, na manutenção do fluxo atual de R$10 milhões mensais. Receita que é, naturalmente, finita e já minguante.

É hora, então, de modelar uma EQUAÇÃO DE CORRESPONSABILIDADES que una, mais uma vez, a iniciativa privada, o poder público, a academia e a sociedade compartilhando esta visão de futuro que é o conceito de “ECONOMIA DO MAR”. Integrar o legado histórico e cultural do Arquipélago a este conceito inovador impulsionará o agroecoturismo sustentável, mas também poderá fomentar o desenvolvimento de novos setores como a pesquisa em biotecnologia marinha, o letramento oceânico, a aquicultura e a pesca contemporânea, a atividade náutica de alto nível, as energias renováveis (como as eólicas e as marinhas), o planejamento urbano sob o foco das relações costeiras e preservação da biodiversidade. Ao valorizar a RIQUEZA AMBIENTAL DA REGIÃO, seria possível criar um modelo de desenvolvimento que não apenas respeite e proteja os recursos naturais, mas também promova a inclusão social e erradicação da pobreza, com a geração de empregos locais. Vamos, de fato, oferecer ao mundo um exemplo prático de como integrar o passado e o futuro no desenvolvimento de uma ECONOMIA DO MAR. Esta mobilização precisa resultar na formação de uma rede de apoiadores e o canal para isso é o e-mail: cairusa@cairu2030.com.br ou o telefone (61)99852.6019 para esclarecimentos e sugestões.

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