Joice Vancoppenolle-Vinho e Cultura

 

“No que se refere a vinho, sempre recomendo que se joguem fora tabelas de safras e manuais investindo num saca-rolhas. Vinho se conhece mesmo é bebendo.” Alexis Lichine

O álcool etílico presente no vinho, age como um tóxico. A embriaguez pode ser considerada um estado de envenenamento temporário do organismo. Quando, porém, você ingere vinho em quantidade moderada, não há nenhum prejuízo a saúde, melhor que isso, a bebida de Baco constitui um valioso complemento alimentar.

O vinho foi um dos primeiros medicamentos utilizados pelo homem. Em cerca de dois mil anos a.C., as antigas civilizações já o usavam como anestésico e pré-operatório. O grego Hipócrates, patrono da medicina, receitava-o como laxante, antitérmico e diurético. O francês Louis Pasteur proclamou o vinho “a mais saudável e a mais higiênica das bebidas”.

A forma correta de consumirmos o vinho é durante as refeições, evitando que o álcool passe direto para a corrente sanguínea. Eu tenho o hábito de beber bastante água intercalada com o vinho – não somente para me manter hidratada, como para diluir o teor de álcool do meu organismo. A quantidade de vinho que pode ser normalmente absorvida pelo organismo depende da pessoa, da sua idade, constituição física e sexo, como o hábito de beber vinho às refeições.

As classes médica e científica internacionais aconselham doses que não excedam um grama de álcool etílico por quilograma de peso do indivíduo, que é a capacidade do fígado de metabolizá-lo sem dificuldade. Ou seja, para uma pessoa de 70 a 80 quilos, essa dose equivale ao consumo de cerca de uma garrafa por dia. Em contra partida, os mesmos especialistas recomendam a metade desse consumo como fator de segurança para o organismo. Isso quer dizer meio grama de álcool por quilo de peso. Logo, para consumidores de 70 a 80 quilos, o limite seria 35 a 40 gramas de álcool por dia. Sendo então, meia garrafa de vinho. A restrição é beber apenas cinco dias por semana, ficando-se nos outros dois sem tocar em bebidas alcoólicas.

Diante das informações, vamos fazer uma análise rápida:

  • O consumo diário recomendado é de no máximo meia garrafa de vinho.
  • Se você tiver de dirigir após uma refeição com vinho, beba no máximo um quarto de garrafa, o que corresponde a duas taças de 100ml.
  • Se em certo dia, por algum motivo, você beber acima do normal, lembre-se de nunca ultrapassar uma garrafa de vinho, para não prejudicar o funcionamento do fígado.

Entretanto, o vinho é muito mais que uma bebida alcoólica, pois ele contém mais de 300 elementos. É rico em minerais como potássio, magnésio, sódio, fósforo, enxofre entre outros.

Agora, vamos às calorias leitor.

Quando se ingere vinho, assim como qualquer outro alimento que contenha calorias, está sujeito a engordar desde que abuse. Como regra, quanto maiores os teores alcoólico e de açúcar de um vinho, maior o seu conteúdo calórico. Porém, se você se restringir à quantidade recomendada no que foi dito no início do texto, não sentirá efeito algum em sua silhueta, desde que também não coma outros alimentos em excesso.

Vou fazer um cálculo rápido. A ingestão diária de meia garrafa de vinho tinto seco com 13% de teor alcoólico representa, 77,3 / 2 = 38,6 g de álcool. Como um grama de álcool equivale a sete calorias, tal quantidade de vinho contém 270,2 calorias só referentes ao álcool. E, obviamente, o impacto do teor alcoólico nas calorias é muito maior que o do açúcar.

Finalizo este texto com o famosíssimo “paradoxo francês”. Um trabalho do francês Serge Renaud, que causou bastante impacto tanto pela forma como foi divulgado, quanto pelo conteúdo.

Renaud chegou à conclusão que o índice de morte por doenças cardíacas na França era menos da metade do índice dos Estados Unidos por causa do consumo habitual de álcool, principalmente vinho. A grande surpresa foi que os franceses comem bastante queijo, manteiga e creme, a mesma quantidade de gorduras saturadas que os americanos e têm níveis mais altos de colesterol. Intrigante não é mesmo?

*Publicado na edição impressa nº 599, do jornal Valença Agora.

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