Cultura um sentido para a vida

– Você tem cultura?

– Que pergunta sem propósito é esse? Claro que sim, mas não sei como.

Essa conversa imaginária não esta longe da realidade. Inicialmente ela assinala a complexidade do comportamento humano que, muitos de nós, mal conseguimos dar conta da sua importância e a sua dimensão social nas inter-relações entre os seres humanos. Por outro, demarca o limite estabelecido entre a materialização da ação humana e a acumulação de saberes e conhecimentos historicamente produzidos em sociedade.

– Isso que é cultura, então?

– Não é só isso, é mais que isso.

Aliás, cultura é um dos conceitos caleidoscópio onde cada movimento das suas múltiplas facetas apresenta normas, regras, valores e padrões culturais que singularizam as características de uma realidade social. Embora possamos, todavia, considera-lo através do fator biológico, geográfico e da sua produção material e imaterial, mesmo assim ele torna-se abstrato, por isso de complicado enquadramento de tal fenômeno social numa só definição. Qualquer tentativa para tal se constituirá num pequeno passo para compreender o intrincado e contraditório comportamento do indivíduo em sociedade.

– E aí, como saber que é cultura?

– Leve em conta a sua relação social com o outro.

Esses dois seres humanos são fruto do seu meio familiar e social, de tal maneira que são a síntese – em pequeno – da sociedade, que por sua vez, influirá na formação da subjetividade e consequente formação da personalidade de cada um deles. Isto é, na medida em que há interação, eles o fazem mediado pelos valores sociais que podem ser gestuais, escritos e orais, inclusive o silencio que pode ser codificado por um dos individuos como falta de respeito, por exemplo. Seja como for, em todo esse processo manifestamos a nossa cultura que é socializado desde que nascemos até a morte através daquilo que continuamente nos constrói e reconstrói: a educação em sentido amplo.

– E por que ela é importante para a vida?

– Por que ela é o caminho da vida.

Sem a cultura não nos distinguiríamos do resto dos outros animais vivos. Ela contribui para que cada indivíduo procure uma resposta às principais perguntas da vida: Por que vivo? Para que a vida? Como vivo? Dependendo da resposta a cada uma dessas questões, todo individuo dará um sentido a sua existência, construindo ao longo da mesma, os melhores rumos e descaminhos – por que não – da sua vida em sociedade. Não esqueça, nem deixe de contar com o acaso, o fortuito que muitas vezes interfere nos rumos anteriormente planejados.

Por outro lado, toda decisão tomada dependerá da sua escolha racional e se no percurso acertar ou errar assuma a responsabilidade de contornar a situação redirecionando as suas opções. Assim, o fato de viver em sociedade implica compartilhar o que ela oferece enquanto realidade que ordena tudo aquilo que a humanidade construiu em nome da sociedade. Se por ventura achar que tudo isso é balela, considere-o também como fazendo parte da cultura, mesmo por que é do direito do homem em não acreditar – isso, também, é cultura – e que não será você ou outrem que irão desfazê-la ou destruí-la vez que assim o fizeram os seres humanos desde as suas origens.

Enfim, essa é a finalidade com que os seres sociais criaram, criam e criarão a cultura ate os últimos tempos.

– E como é que fica a questão econômica?

– Bem, isso também é cultura, mas essa é outra historia, por ora fique pensando    sobre esse inicio da vida que ela continua......