O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso nesta quarta-feira (19), em Brasília. A prisão dele é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. A decisão foi do juiz Sérgio Moro no processo em que Cunha é acusado de receber propina de contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.

 

No despacho que determinou a prisão, Moro diz que o poder de Cunha para obstruir a Lava Jato "não se esvaziou". O juiz havia autorizado a PF a entrar na casa de Cunha no Rio de Janeiro para prendê-lo.

 

"A ida de Cunha para a cadeia é só a confirmação de um político em queda, que teve seu ápice quando alcançou a presidência da Câmara, mas que passou por vários declínios que vão desde a perda de apoios até a sua cassação", aponta Ricardo Wahrendorf Caldas, professor de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília).

 

Para Caldas, com o fim do "símbolo da impunidade" até então representado por Cunha, ninguém mais tem garantia de nada.. "Sem a prerrogativa de um político, o peemedebista virou um alvo fraco da PF.". Segundo ele, uma possível delação do político pode representar uma bomba no cenário político, principalmente por se tratar de "peça central no esquema". "Se a delação do ex-senador Delcídio do Amaral já causou estragos, imagina o potencial de quedas que as revelações de Cunha podem causar?", questiona o cientista político.

 

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em liberdade, Cunha representa risco à instrução do processo e à ordem pública. Além disso, os procuradores argumentaram que "há possibilidade concreta de fuga em virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior" e da dupla cidadania. Cunha tem passaporte italiano e teria, segundo o MPF, patrimônio oculto de cerca de US$ 13 milhões que podem estar em contas no exterior.

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