“Fair dinkun…”

(Amália Grimaldi, de Melbourne, Austrália. 2016)

Austrália...“fair dinkum”é viver “light”, sem estilo e sem preocupações. Aqui, o australiano evita conversas fastidiosas a derramar sentimentos sobre tragédias sem remédios e dramas alheios distantes. É mão na massa, após a tempestade,ajuda-se ao vizinho a retelhar a casa. Ao quintal vêm-se um varal de roupas, sempre ocupado. É dogma dessa paisagem de cartão postal. Em meio aos lençóis, que se agitam ao vento, sempre acontece um churrasco entre vizinhos e amigos. Cada um traz a sua bebida e a cadeira também. “VittoriaBitter”, é a cerveja preferida. Alegria, sorrisos e gargalhadas, e boas-vindas ao chegante.

A Austrália é uma nação onde criticar o governo e seus servidores parecem fazer parte do sistema político. Poderá derrubar até o Primeiro Ministro! Mas, o que interessa mesmo, são as notícias sobre esporte. Obsessão pelo esporte - exultante acontecimento. Enche todo país de brios. Nada mais. Nada acontece mais rápido do que uma bola em movimento: Críquete,football, e a liga do coração.  Fair dinkun, seu caminho é parte do familiar pão com ‘vegemite’. Não esquecendo do cordial para matar a sede.

Austrália,“Fairdinkum”... Aqui, além do ‘vegemite’ no pão alguns ícones devem ser registrados. Corrida de cavalos e apostas. Aparar a grama do jardim de peito nu enquanto a nova vizinha espia por detrás das cortinas. Ter uma varanda coberta por folhas zinco e poder sentir a música da chuva.  Ao longe a terra vermelha, admirar a riqueza que reside na bauxita. Perseguir fortuna numa mina de ouro lá para as bandas do oeste australiano; existiria melhor razão de viver? Um convite para assistir a um ‘corrobore’, cerimonial do povo ancestral, nunca será negado. É sinal de prestígio. Aventuras. Perseguir a sorte. Enquanto o cão, sentindo falta de ovelhas, sai a perseguir cangurus. À noite, de papo para o ar, contemplar as luzes do Cruzeiro do Sul, é mania nacional. E ter certeza de que nunca se perderá a esperança nos números. Pois, uma vida sem apostas perderia o tempero necessário. E mais importante, ser generoso com o semelhante, e ao primeiro sinal de fumaça, entrar em ação para ajudar a apagar o fogo, pois isto enobrece a alma. E os ventos, estes bem quepodem mudar de direção.  Austrália, Fair dinkun...