Há precisamente 200 anos, em 29 de março de 1817, era fuzilado no Campo da Pólvora, em Salvador, o advogado pernambucano José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima (o “Padre Roma”), um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817. Ele viera à Bahia buscar apoio para o levante - irrompido três semanas antes em Recife - que pretendia derrubar a Monarquia, separar o Brasil de Portugal e implantar a República. A data será lembrada pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia com uma conferência em sua sede, na próxima segunda-feira (20), às 17 horas, proferida pelo jornalista e pesquisador Jorge Ramos, estudioso do tema.

JORGE RAMOS

Jornalista e pesquisador Jorge Ramos é um estudioso do tema.

A Revolução Pernambucana de 1817 forma, ao lado da Inconfidência Mineira (1789) e da Revolução dos Alfaiates, na Bahia (1798), o conjunto das maiores revoltas separatistas ocorridas no Brasil. E foi a única a passar da fase conspiratória, pois chegou a depor o governador Caetano Montenegro e ocupar o poder em Pernambuco por 103 dias, até ser dominada por tropas leais à Monarquia.

 

Tão logo deflagrada e para obter apoio ao movimento sedicioso, o comando da Revolução enviou às demais províncias mensageiros como o “Padre Roma”, para  obter apoio. Vindo de jangada, ele foi preso ao desembarcar em Itapuã, não sem antes jogar ao mar os papéis que trazia, contendo documentos comprometedores e os nomes de membros da Maçonaria local com quem faria contato. Por ordem do então governador da Bahia, o 8º Conde dos Arcos, foi submetido a um julgamento militar sumário, no qual negou-se a declarar os nomes das pessoas a quem procuraria. Foi condenado à morte e executado no Campo da Pólvora, na manhã de 29 de março de 1817. Em junho do mesmo ano, após vencer os revoltosos, o governo de Dom João VI  reprimiu com violência o movimento e outros três líderes foram trazidos presos e também fuzilados em Salvador.

 

QUEM FOI - O advogado José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima (1768-1817) nasceu em  Recife e entrou para o seminário da cidade de Goiana mas foi em Portugal que concluiu o curso de Teologia e em Roma foi ordenado frei. Voltando ao Brasil, pediu dispensa da ordem carmelita, casou-se e passou a advogar. Por ter sido prelado católico ficou conhecido como “Padre Roma”. Possuía um grande poder de oratória e defendia ideias liberais para a época. Por  causa dos seus vastos conhecimentos jurídicos e filosófico ficou famoso em Pernambuco, principalmente porque defendia causas populares. Teve  dois filhos, um dos quais o acompanhou na viagem à Bahia. O outro, mais velho, com o mesmo nome do pai, era militar e já estava preso na Bahia, por insubordinação, quando o “Padre Roma“ foi preso. Por ordem do Conde dos Arcos foi obrigado a assistir à execução do pai. Mais tarde, Abreu e Lima deixou o Exército e viajou pela América do Sul, onde se alistou no exército de Simon Bolívar, sendo uma dos mais destacados generais da campanha pela libertação da Colômbia, Venezuela e Equador do domínio espanhol.

 

IGHB – Uma das 15 instituições apoiadas pelo programa de ações continuadas a instituições culturais, iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura.

 

O Que: Conferência sobre os 200 anos do fuzilamento do “Padre Roma”

Quando: Segunda-feira (20/03/2017), às 17h

Onde: sede do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGBA)

Avenida Joana Angélica, 43

Conferencista: Jorge Ramos (jornalista e pesquisador)

Assessoria IGHB: 71 3329 4463/999745858

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