Opinião Givaldo

É lamentável o estado em que se encontram os casarões edificados no século XIX, ainda no Brasil Império, com variados estilos arquitetônicos que integram a paisagem urbana da cidade de Valença.

Um emblemático casarão, onde funcionou a Câmara Municipal, que está em processo de ruínas com ervas daninhas, crescendo por toda sua fachada, foi residência do Comendador Madureira e hospedou D. Pedro II em 1860. Os arcos em forma de ogivas das suas portas e janelas, revelam a característica inconfundível do estilo neogótico que surgiu no Brasil, após a chegada da Família Real.

A Ignorância e o desconhecimento permitiram o plantio de árvores de grande porte do gênero Fícus, em uma das calçadas do prédio, o que dificulta a mobilidade de pedestres e oculta a estética da fachada do casarão histórico. A estupidez ainda não permitiu a remoção daquelas plantas exóticas, originárias da Malásia, de porte inadequado para plantio naquele local. Infelizmente, os erros cometidos nas gestões passadas, por algum motivo, não são corrigidos por seus sucessores.

Ainda ignoram, foge-lhes à percepção cognitiva, que não é recomendado plantar em calçadas, árvores com um sistema radicular muito agressivo para não danificarem calçamentos e alvenarias, provocando rachaduras e até mesmo bloqueio de encanamentos.

Colunas jônicas do estilo neoclássico encontram-se presentes no prédio SF TV, conhecido, popularmente, como Recreativa, localizado na praça Ademar Braga Guimarães. Na igreja Matriz Coração de Jesus que estampa uma placa com pedido de socorro, o maneirismo manifesta-se como estilo arquitetônico em seus traços longitudinais. Cúpulas e abóbodas hemisféricas nas torres da Igreja de Nossa Senhora do Amparo revelam as características do estilo neobarroco.

Outros prédios do século XIX, que ainda não foram demolidos, desafiam as intempéries do tempo, mesmo em estado de ruínas, como o casarão, onde funcionou a Cadeia Pública de Valença.

Infelizmente, a maioria das pessoas ignora a importância desse legado histórico por alguns motivos: baixo índice de escolaridade e outros indicadores socioeconômicos, que se encontram aquém do ideal como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e o PIB percapta.

Enquanto isso, o poder público negligencia e se omite, diante do silêncio de uma população preocupada com empregos, consumo de bens materiais, educação dos filhos, sobrevivência, falta de interesse por cultura e o desconhecimento sobre a importância de se perceber no mundo, no contexto histórico.

 

 

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