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O ser humano é por natureza um ser preguiçoso, no que puder fazer para se utilizar da lei do menor esforço no desempenho de suas atividades ele não mede esforços.

Como não bastassem os fatores naturais para conseguir este intento, toda a tecnologia inventada vem ajudá-lo neste sentido. Na fala, quanto menor a sentença, mais ele a utiliza, se ele pode usar “você” porque ele usaria “vossa mercê”; se pode utilizar “cadê você” ou ainda “onde está você”, porque usar “o que é feito de você”; para que falar “motocicleta” se ele pode usar apenas “moto” e o resultado ser o mesmo. Eis ai alguns exemplos dentre tantos outros nos quais o sujeito busca falar menos.

Nas vestimentas, o ser humano procura comprar bermuda sem zíper e sem botões, as calças de botões nas braguilhas já nem existem mais, as camisas, só as sociais ainda carregam os trabalhosos botões e suas casas, sapato com cadarço também é coisa do passado. Quanto às vestimentas femininas não tenho muito conhecimento, mas, sem dúvida, hoje tudo se tornou mais prático.

Os automóveis trazem invenções fantásticas, todas com o objetivo de o motorista e até os passageiros usarem quase esforço nenhum seja para entrarem como para o motorista dirigir o veículo. O câmbio, os pedais, o baixar os vidros, a arrumação  dos retrovisores, tudo feito automaticamente, com quase esforço nenhum.

Dentro de casa, todos os eletrodomésticos exigem do usuário uma dedicação muito menor, para fazê-los funcionar, do que em tempos passados. Para ligar e desligar a televisão ou mudar de canal, o telespectador tinha que levantar da poltrona ou da cadeira e fazer isso manualmente, certamente, os mais novos não tem elementos para entender este processo, hoje até de seu celular você com segue ligar o aparelho de TV, mudar de canal, baixar volume, tudo que ela oferece é feito sem se levantar do assento.  Enfim, a tecnologia facilitou em muito a vida do ser humano, em compensação,  por fazer menor esforço, isso concorre para ele se tornar obeso.

Não se pode, de forma nenhuma, dizer que este ou aquele invento contribui mais ou menos para a melhoria de vida do ser humano, todos os inventos têm seu grau de colaboração. A internet tem provocado revoluções fantásticas na comunicação entre as pessoas e os povos. E aí também, o usuário, nas suas comunicações, está até criando uma outra língua, utilizando-se da lei do menor esforço. A forma sincopada de várias e várias palavras cria uma língua bem diferente daquela encontrada nos anais estabelecidos pela Academia Brasileira de Letras. É bem verdade que, mesmo utilizando tal recurso, há comunicação. Isso é um fato que já está sendo estudado e que não se sabe o desdobramento.

Ainda na internet, criaram-se vários e vários grupos no zap, grupo de família, de trabalho, de bairros, de profissão, enfim, para tudo foram formados grupos de pessoas mais ou menos afins. E aí também se usa a lei do menor esforço. Outro dia vi uma pérola que me chamou a atenção. No grupo da  família quatro pessoas faziam aniversário no mesmo dia e os demais manifestaram votos de felicidade de prosperidade individualmente, até mesmo pelas idades diferentes a linguagem deve ser adaptada.

No entanto teve uma sujeita que, apesar de ser muita ligada aos que mudavam de idade naquela data e por preguiça ou com a prerrogativa da lei do menor esforço, digitou no grupo:

- Parabéns a todos os aniversariantes do grupo.

 

*Publicado na edição impressa nº 602, do jornal Valença Agora.

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