moacir-saraiva

Há muitas placas dessas espalhadas pelo país, em que o motorista tem de redobrar os cuidados porque os trens não podem parar da mesma forma que um veículo. Ainda com estas advertências, ainda os motoristas sabendo disso, ocorrem muitos acidentes envolvendo trens e veículos, sendo que estes sempre levam a pior pela desproporção do volume dos dois.

Um casal deve ter o hábito de, no cotidiano, alimentar brincadeiras e sorrisos, sem jamais perder de vista a responsabilidade, pois aqueles ingredientes  diuturnamente reacendem  a chama do amor e este o  torna perene. Enquanto há casais que negligenciam tais sustentáculos, outros se excedem em segui-los à risca, tanto um como o outro carecem de encontrar a justa medida.

O casal ia viajando alegremente ou tensamente não sei como estava a atmosfera na boléia do veículo. Para quebrar o clima que predominava entre eles, apareceu na estrada a sinalização de que estaria próximo o  cruzamento com uma via férrea e lá estava o sinal próprio para este tipo de evento. O marido, ia dirigindo o veículo, ao se deparar com o referido aviso, apenas amortizou a velocidade e passou devagar sobre os trilhos que traspassavam a Br.

anuncie_agoraAo observar apenas a redução da velocidade, a esposa não gostou do que viu e reclamou bastante com o esposo, realçando a negligência dele com os sinais de trânsito, e foi mais além, afirmando que, naquele momento,  a vida dela correu risco, dada a irresponsabilidade do marido. O sujeito nada disse, apenas absorveu as críticas virulentas da esposa e seguiu viagem como se nada tivesse acontecido, apenas ficou sério e doravante abortou o diálogo que, até então, estava acontecendo.

Passado uns cinqüenta quilômetros, novo aviso de que a BR iria  cruzar a via férrea, o sujeito obedeceu à esposa, respeitando cada verbo indicativo da placa. Ele aproximou-se da via do trem e, faltando uns dez metros para cruzá-la, parou o veículo, desligou o motor, abriu a porta, desceu, andou em direção a linha do trem e ao ficar bem próximo, olhou para um lado, olhou para o outro constatou que o trem não vinha. O moço foi além, se agachou perto dos trilhos, deitou-se e pôs o ouvido em um deles para ouvir e só depois de todo este ritual, levantou-se voltou para o veículo.

Antes de chegar ao veículo, já encontrou a esposa  fora do carro, com o rosto cheio de ódio, os olhos vermelhos de tanta raiva e lhes dizendo impropérios aos gritos, tais como:

- Seu palhaço.

Ele nada disse, continuou seu trajeto até o veículo, parou na porta, olhou para os céus, deu vontade de dar uma bela risada, no entanto, se conteve.

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