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Caro leitor,afinal, qual a diferença entre estes dois termos tão parecidos no universo dos vinhos? Toda! Enquanto um denota qualidade, o outro é para vinhos de qualidade inferior. Uma verdadeira armadilha para leigos.

As denominações, que parecem existir mais para confundir do que para simplificar, significam uma profunda diferença entre os tipos de vinho que estão nas garrafas. E para complicar ainda mais, cada país produtor tem a sua própria regra de denominação, com leis próprias - ou não - para cada especificação.

anuncie_agoraAtualmente, os consumidores de vinhos leem mais sobre o assunto, procuram cursos e palestras e, além disso, têm aplicativos no próprio telefone que os ajudam na hora da compra. Eu uso o Vivino, um aplicativo muito útil e confiável. Outra dica interessante é avaliar o produtor e, se não conhecer, ao menos ter uma indicação de um profissional na área.

Segundo pesquisas realizadas pelaIBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho),com restaurantes em todo o Brasil,mais de 60% dos estabelecimentos pesquisados, dispõem de vinhos "Reservado" na carta. Na maioria, os proprietários ou responsáveis pelos restaurantes não conhecem o significado do termo. Apenas alguns restaurantes de grande porte, não oferecem este tipo de vinho aos clientes.

Denominações em rótulos de vinhos são, às vezes, muito complexas. Darei alguns exemplos para ajudar você leitor, na escolha de suas garrafas.Sãodenominações em algumas regiões importantes.

 

Velho Mundo

Em Piemonte, na Itália, para um vinho ser classificado como "Riserva" ele tem que ter, necessariamente, cinco anos de envelhecimento da bebida com, no mínimo, 36 meses em barricas de carvalho. Ou seja, um vinho da safra 2011 só estará disponível no mercado em 2016. Já em Chianti, na Toscana, um "Riserva" necessita de um envelhecimento de 27 meses e graduação alcoólica mínima de 12,5%.

Na Espanha, a legislação regula de outra forma: para o "Reserva", os vinhos necessitam um mínimo de 3 anos de descanso, sendo 1 em barril de madeira e 2 na própria garrafa. Os "Gran Reserva" descansam, no mínimo, 5 anos, sendo 2 em madeira. Todos os exemplos são para vinhos tintos.

Em Portugal, denominações como "Reserva", "Reserva Especial" ou expressões similares não têm determinações nas leis, mas quando produtores estampam estes títulos em seus rótulos, as bebidas são diferenciadas. Assim como na França, que utilizam as denominações "Cuvée" e "Reserve" para demonstrar uma bebida superior ou lote especial.

 

Novo Mundo

No Novo Mundo do vinho, que abrange as Américas, a Oceania e a África do Sul (emais alguns pequenos produtores de países com menor expressão), não existe regulamentação - sequer bom senso, na maioria das vezes - referente ao uso do termo "Reserva". Há, na verdade, um entendimento que o termo deve ser usado em vinhos que passaram por algum tempo de estágio em madeira, e o "Gran Reserva" um tempo ainda maior. Para termos de comparação, um "Gran Reserva" argentino pode ter menos tempo em barril de madeira que o "Reserva" espanhol. Complicou? Vamos continuar.

O termo "Reservado", muito utilizado no Chile, significa um vinho simples, sem estágio em barricas de madeira, frutado, sem complexidade e normalmente considerado vinho "de entrada" (a linha mais barata da vinícola). Diversos vinhos "Reservado" não figuram nos sites da própria vinícola e sequer são vendidos onde são produzidos, pois são exportados para países onde o rótulo confunde potenciais consumidores, pois trata-se de um termo, no mínimo, impreciso.

No Novo Mundo, o termo Reservado é destinado aos vinhos produzidos em grande escala, visando um apelo comercial e não de qualidade. A necessidade de aumentar as vendas nesses países criou uma classificação que para os leigos induz qualidade mas, na verdade, serve para ludibriar os consumidores.

Para simplificar: no Novo Mundo, para seguir uma ordem de classificação de qualidade dos vinhos, a lista se inicia com o "Reservado", depois vem o "Varietal" (vinhos também simples, com apenas um tipo de uva), o "Reserva", "Gran Reserva", "Edição Limitada", dentre outros.

 

“Nunca fiz amigos bebendo leite.”

Germano Junior

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