Segurança pública: resultado da coletividade

33ª CIPM/Valença e 60ª CIPM/Gandu apresentaram resultados do 1º bimestre de 2023 em reunião com a presença do Comandante de Policiamento Regional Sul

Reunião realizada no auditório da Casa do Empresário de Valença, contou com a presença do Cel. Vanderval Meneses Ramos, comandante da CPRS (Foto: Valença Agora)

Valença sediou na última quarta-feira (22) um importante encontro propiciado pela Polícia Militar, através do Comando de Policiamento Regional Sul (CPRS) e as Companhia Independentes de Polícia Militar de Valença (33ª CIPM) e de Gandu (60ª CIPM), para Avaliação Estatística do 1º Bimestre de 2023. Mais do que uma “prestação de contas” das atividades da PM nas cidades em que atuam, a reunião contou com relevantes reflexões acerca da construção da segurança pública e da paz na sociedade.

Participaram do evento, o comandante do CPRS, Cel. Vanderval Meneses Ramos; o comandante da 33ª CIPM, Major Rodrigo Chaves; o comandante da 60ª CIPM, Major Polako Póvoas; o vice-prefeito de Valença, Joailton Manoel; a prefeita de Taperoá, Kitty Guimarães; a prefeita de Nilo Peçanha, Jaqueline Soares, entre outras autoridades civis e militares, além de representantes da sociedade civil organizada e poder público.

As duas CIPM’s, através de seus respectivos comandantes, apresentaram o comparativo dos índices de homicídio, apreensão de armas, drogas e de veículos; flagrantes delitos e mandados de prisão realizados nos meses de janeiro e fevereiro de 2023, com o mesmo período do ano passado.

Major Rodrigo Chaves, comandante da 33ª CIPM/Valença (Foto: Valença Agora)

O Maj Rodrigo Chaves destacou que a reunião é também “uma forma de estar em contato com a comunidade, saber seus anseios e necessidades”. O comandante à frente da 33ª CIPM tem sob sua responsabilidade a segurança pública dos seguintes municípios: Cairu, Camamu, Igrapiúna, Ituberá, Nilo Peçanha, Presidente Tancredo Neves, Taperoá e Valença.

Em janeiro deste ano, a redução no número de homicídios na região da 33ª CIPM foi de 50%, o que significou sete crimes deste tipo a menos do que o mesmo período de 2022. Em fevereiro passado a redução alcançou 10% em relação a fevereiro de 2022. Entre todas as cidades da área, apenas Taperoá e Igrapiúna obtiveram saldo negativo no mês de fevereiro, registrando um aumento em comparação ao mesmo período do ano passado. Na totalização do 1º bimestre/2023, a 33ª CIPM fechou com redução de 33% nos índices de homicídio em sua região. Foram oito assassinatos a menos do que 2022.

O balanço não apresentou outros tipos de crimes como assaltos e roubos. Em relação à produtividade de 2022 (jan-dez), o comandante citou: 72 armas apreendidas, 73 veículos apreendidos, 80 ocorrências de apreensão de drogas, 217 flagrantes delitos e 13 mandados de prisão.

O comandante Maj Ricardo Chaves anunciou a prisão, nesta semana, do criminoso que estava praticando arrombamentos e roubos em estabelecimentos comerciais em Valença. O Major, empossado em dezembro do ano passado no comando da 33ª CIPM, destacou ainda as operações e ações da PM sob sua administração.

Major Polako Póvoas, comandante da 60ª CIPM/Gandu (Foto: Jornal Valença Agora)

A 60ª CIPM atua nos municípios de Gandu, Itamari, Nova Ibiá, Piraí do Norte Teolândia e Wenceslau Guimarães. O comandante Maj Polako Póvoas anunciou uma redução de 62,5% nos números de homicídios em sua região de atuação no 1º bimestre de 2023, o que representa cinco homicídios a menos do que o mesmo período de 2022; foram registrados três assassinatos este ano.

A produtividade da 60ª CIPM nesses dois primeiros meses de 2023 rendeu recuperação de sete veículos roubados, nove armas de fogo apreendidas, dois autos de resistência, 17 autos de prisão em flagrante e três apreensões de drogas.

Major Polako cintou também as reuniões com a comunidade. “Buscamos sempre trazer a comunidade para dentro da nossa convivência ganhando assim a sua confiança e estabelecendo uma parceria, porque sem a comunidade a polícia militar não consegue desempenhar um bom serviço, então a gente busca a comunidade, e, de certa forma, ela acaba chancelando o nosso serviço”, afirmo o comandante.

A Polícia Militar da Bahia inaugura este ano a nova sede da 60ª CIPM em Gandu, e um pelotão em Teolândia, confirmou Maj Póvoas.

O Cel. Vanderval Meneses fez importantes reflexões sobre a participação de toda a sociedade em prol da segurança pública (Foto: Valença Agora)

Em seu pronunciamento, o Coronel Vanderval Meneses, comandante da CPRS, com sede em Ilhéus, responsável pelo policiamento em toda a macrorregião Sul da Bahia que vai de Valença a Mucuri atendendo cerca de dois milhões de habitantes, fez um importante chamamento social sobre o papel de todos em prol da segurança pública e da paz, levantando reflexões de extrema importância, colocando não somente a Polícia Militar, mas também toda a sociedade como responsável pelos índices de segurança nos municípios, sejam eles positivos como foi constatado no comparativo apresentado na presente reunião, ou sejam eles negativos.

“Nós estamos juntos nesse processo. Sei que os gestores municipais, representantes do legislativo, as pessoas que fazem a  segurança pública de uma forma ou de outra, os nossos comandantes com o seu trabalho, eu sei que tudo isso colabora para que haja paz na sociedade, seja através de uma ação do gestor, seja através da aprovação de uma lei, até da aprovação das contas dos municípios ajudando os gestores a melhorarem as condições de vida da sociedade, seja a inauguração de um pelotão, tudo isso contribui para que a segurança pública melhore”, iniciou o Cel. Vanderval Meneses.

O comandante destacou o papel de todos na construção da segurança pública eficaz e eficiente. “Cada um de nós, na sua área de atuação, o prefeito na sua gestão, os vereadores cuidando dos seus eleitores lá no bairro, os pastores e padres cuidando das suas comunidades de fé, os empresários com suas ações sócias, cada cidadão tem que contribuir para a melhoria da sua sociedade. E a gente não tem como dimensionar o quanto cada um de vocês contribuiu para a redução de homicídios que obtivemos nesse 1º bimestre de 2023, o menor índice dos últimos cinco anos em nossa região”.

No primeiro bimestre de 2023, houve uma redução de 22 homicídios na área da CPRS em relação ao mesmo período de 2022. Na área de integração da 33ª CIPM e da 60ª CIPM foram 13 homicídios a menos do que o mesmo período do ano passado, acompanhando o movimento de redução de toda a área da CPRS.

“É claro que estamos na ponta do sistema fazendo o combate direto e atendendo as necessidades com relação aos conflitos sociais, mas esse crédito é de todos nós e nossos agradecimento a todos, que de alguma forma, sem perceber até, em uma ação pequeninha conseguiu fazer a redução de algo importante que é diminuir a violência”, frisou o Cel.

“A gente precisa entender que a atuação da sociedade tem um valor fundamental na construção da nossa segurança e da nossa paz. Nas nossas atuações, enquanto povo, devemos lembrar de que algumas coisas são justamente fruto do nosso comportamento, tanto para inibir a violência, quanto para fazer com que ela ocorra de forma mais agressiva”, conscientizou o comandante, continuando sua reflexão: “Nós estamos numa sala de pessoas pacíficas, ordeiras ou de pessoas violentas? Temos um nível de violência que nós não percebemos em nosso ambiente de convivência e a gente não se dá conta que estamos no centro da guerra sem sentir os efeitos das bombas, porque a maioria está morando em condomínios fechados ou em cidades muito ordeiras, muito pacatas, que não acontece o crime.

O comandante Cel. Vanderval citou a problemática da desigualdade social, da pobreza e da falta de planejamento urbano como fatores que contribuem indiretamente para a violência, chamando a atenção dos gestores públicos para inibir o crescimento desordenado das suas cidades.

“O maior problema que enfrentamos são pessoas com o mesmo nível de carência social reunidas numa mesma localidade. Essa dificuldade tem feito com que os níveis de violência cresçam e a dificuldade de combate e controle é maior ainda. São locais onde as facções se instalam com mais facilidade. Estamos planejando as cidades de forma equivocada e querendo uma segurança adequada. São discussões que nós estamos tento, trazendo para reflexão de todos para que aqueles que estão com as ‘mãos na massa’, às vezes discutindo uma lei, aprovando um projeto, recebendo o empresário para abrir uma nova frente de estrutura, se atentem para isso”, explicou o comandante.

Cel. Vanderval falou sobre a integração que precisa haver entre as forças de segurança e as comunidades. “Ainda há muita coisa a se fazer por nós mesmos, por mais que a gente trabalhe, por mais que a gente possa buscar mais policiais, por mais que a gente possa trabalhar tecnologicamente a nossa estrutura, colocar ruas monitoradas, ainda é muito pouco. Há uma necessidade de nós trabalharmos entre nós a nossa convivência social e começarmos a pegar os fatos que nos levam a esse grave problema e tratarmos de forma diferenciada. Se a gente se aproximar um pouco mais a gente consegue fazer uma coisa melhor, o que a gente não pode é ficar entendendo que é de forma isolada que cada um vai fazer o seu papel, nós precisamos nos unir nesse sentido”, considerou.

Foi anunciado pelo comandante um reforço de mais 300 policiais para a CPRS este ano. O quantitativo para cada município ainda será definido, informou. Além do aumento do efetivo, o Cel. Vanderval falou sobre a importância do videomonitoramento, dando como exemplo a cidade de Itagimirim-BA. “Itagimirim tem quase 200 câmeras e já tem um tempo sem qualquer tipo de ocorrência. Mais importante do que ter a câmara é ter a propagação, informar que a cidade é monitorada. Se a gente não conseguir prevenir a gente vai conseguir inibir de forma direta, em tempo hábil para diminuir os efeitos negativos”, afirmou.

Será realizado pela PM um cadastro de proprietários da zona rural para auxiliar a rede de atendimento e apoio das ronda rurais, informou o Cel. Vanderval.

“Seguimos firmes na missão de manter a ordem pública e de promover a segurança dos cidadãos. Todos nós juntos, não se esqueçam disso”, concluiu o comandante.

Vice-prefeito de Valença, Joailton Manoel de Jesus Foto: Valença Agora)

O vice-prefeito de Valença, Joailton Manoel de Jesus, enalteceu o papel da PM e do diálogo com a comunidade e poder público. “Parabenizo a forma como foi construído esse dialogo hoje e proposta de interatividade que é feita chamando a sociedade para cada um ter a sua responsabilidade. Esse momento aqui hoje foi pra gente um aprendizado muito grande, de forma que saímos daqui muito mais comprometidos com essa relação de harmonia que deve haver entre todos os seguimentos. Nesse momento o que nos resta enquanto gestores é dizer que os municípios precisam ter uma postura muito mais efetiva no apoio da segurança dos seus cidadãos”, ressaltou.

Presidente da ACE/Valença e diretor do Jornal Valença Agora, Vidalto Oititica, participou da reunião realizada no auditório da Casa do Empresário Foto: Valença Agora)

Entre as instituições da sociedade civil organizada presentes, estava a Casa do Empresário de Valença, representada pelo presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE), Vidalto Oiticica, que parabenizou o Cel. Vanderval Menezes e o Maj Rodrigo Chaves por suas atuações e empenho em suas missões. O empresário, que também é diretor executivo do Jornal Valença Agora relembrou um caso ocorrido no município no ano passado, quando um criminoso assaltou um mercado, foi preso, solto no outro dia e retornou ao mercado em que praticou o crime para debochar da situação pelo fato de já estar livre. “Temos que verificar formas e meios para que essas tragédias anunciadas deixem de acontecer, para isso precisamos aprender a sentar na mesma mesa, porque o empresário monta o seu monitoramento, contrata segurança e ainda assim fica exposto a esse tipo de situação. Isso está gerando a sensação de insegurança que é maior que a consequência da segurança violentíssima. Temos aqui que unir forças e descobrir como encontrar esses caminho”, ressaltou Oiticica.

Acerca dos recentes arrombamentos acontecidos na cidade, o empresário pontuou que o comércio quer ‘resposta’. “Diante do que a gente vivenciou aqui, imediatamente nós não temos nem sugestões, nem saídas, mas precisamos nos posicionar, então é importante também que encontremos essa saída, esses caminhos em diálogos mais eficazes, verificando de que forma juntar esses poderes para estar conversando sobre esses pontos que são fundamentais”, concluiu o representante do comércio e indústria valenciana.

Ficaram definidas como ações em prol da segurança pública, uma aproximação ainda maior da polícia militar com a comunidade, através de palestras e reuniões cm representantes da sociedade civil organizada; maior integração com o poder público legislativo e executivo dos municípios, de forma individual e por meio do Consórcio Intermunicipal da Apa do Pratigi – CIAPRA Baixo Sul.

Fotos: Valença Agora