SEIVA – A semente que semeias, outro colhe? Jornal Valença Agora 12 de julho de 2016 Colunistas, Janelas Abertas “Não me esperem pra colheita. Estarei sempre a semear” (Che Guevara) Alguns amigos tem questionado por que me afastei da SEIVA. Esclareço: não me afastei. Me afastaram! Como assim? Digo mais: após essa publicação é possível que alguns continuem a espalhar inverdades por aí, simplesmente por que me manifestei. Adianto. Não conseguirão! Quem me conhece, sabe! Militamos há alguns anos na cultura e uma coisa que construímos ao longo desses anos foi o respeito. Mantive-me calado até agora na esperança de que a SEIVA retomasse seu rumo. Numa terra onde poucas são as iniciativas culturais, é perigoso questioná-las, pois como afirma a sabedoria popular corre-se o risco de “jogar a água fora com a criança dentro”. Há alguns colegas que respeito, que estão sendo usados inocentemente, mal pagos e outros sistematicamente boicotados, quando não alijados por não se submeterem aos ditames dos organizadores desta SEIVA. É decepcionante, mas real. Se venho a público afirmar isto não é por questões pessoais, se fosse já o teria feito antes, mas simplesmente por que partilho das dificuldades dos colegas em fazer arte em Valença e agora que a culminância do projeto se aproxima, é possível corrigir distorções, superar disputas pessoais, ainda que tardias, e encerrá-la de forma marcante, entrando para a história como uma grande Semana de Integração das Artes em Valença, ou deixa-la morrer. O mais grave disso tudo é que desta vez, diferente de outras, a iniciativa envolve dinheiro público, portanto, nosso, cabendo aos responsáveis, mais do que a burocrática prestação de contas, fazer com que estes recursos sejam empregados de forma justa em benefício da maioria. Diferente do que alguns insistem em propagar por ai, A SEIVA não surgiu agora. Surgiu em 2013, na Conferência de Cultura. Provocados pelo artista visual Horácio Martinez, um grupo de fazedores de cultura resolveu mobilizar, emprestar seu nome e ofício para construí-la. Como participante, sugeri o nome, aprovado por tod@s, cuja sigla SEIVA significava Semana Intercultural em Valença. Seu objetivo era dar visibilidade à produção do território, o que conseguimos à época, com o apoio mínimo da prefeitura e a disposição e determinação d@s envolvid@s. Dela guardo imagens inusitadas e quixotescas como Adilson da Bahia, mascarado, fazendo suas intervenções, ao lado de Luiz Zenko retratando ao vivo Mãe Bárbara de Cajaíba; Gugui Martinez, junto à crianças, decorando as muretas da praça até altas horas da noite; eu e Horácio improvisando uma tela e carregando cadeiras pra que Murilo Deolino pudesse exibir seus curtas, J. Pincel incitando-nos com seus versos no teatro e na praça, onde promovemos saraus livres e espontâneos; Nem Cardim, M.Antônio, Célia Praesent, Petrus, Varne Acosta, Cleriston, Otávio Mota, Geilson, Josué Firmo, Celeste Martinez, Yara Lúcia, Fabiana... Com a abertura do edital Agitação Cultural em 2015, entendendo a sua grandeza e importância, abri mão de inscrever a Ocupação Cultural para, juntos, disputarmos com a SEIVA, vez que seu projeto já estava escrito, aprovado em outro edital similar no ano anterior, mas que, por problemas burocráticos não pôde ser realizada. Assim, após uma reunião na Câmara (eu, Erahsto e Janete), liguei pessoalmente para Fawaz Abdell, solicitando seu apoio em Ituberá, discutimos as principais diretrizes do projeto, deixamos documentos prontos, inclusive cartas de anuência, ficando para o proponente apenas fechar detalhes. Projeto aprovado, o sonho que estava prestes a realizar-se, desta vez com recursos e as condições mínimas necessárias para ser ainda maior que a primeira, já que o edital aprovou a liberação apenas pelo Estado R$ 113.880,00, fora as demais parcerias, para a sua realização. No entanto, por atitudes equivocadas, intempestivas e seletivas de seus coordenadores, o que temos visto é a SEIVA, apequenando-se, correndo o risco de não cumprir os objetivos e metas propostos e, pior, ao invés de fortalecer, enfraquecer a cultura do Baixo Sul, território tão rico em sua identidade e produção, mas tão pouco valorizado e reconhecido pelos que dele usufruem. Não irei estender-me elencando todo o processo que vem enfraquecendo e minando dia-a-dia a SEIVA por que seria bastante extenso e abrindo margem para outros desdobramentos que fugiriam dos objetivos deste chamado à reflexão. As críticas existem, não são apenas minhas e devem ser feitas nos espaços devidos. Nosso objetivo aqui, reafirmo, é alertar e chamar a responsabilidade aos interessados para que revejam suas posturas abrindo o diálogo para uma construção conjunta que deve, minimamente, incluir em sua execução não só a Ocupação Cultural, como aos artistas que realizaram a primeira edição, sem desmerecimento dos que chegaram depois e dar viabilidade e condições a um leque maior de participação dos artistas locais que estão sendo sistematicamente “esquecidos” do processo. Fica aqui a nossa disposição para o diálogo que, esperamos, frutifique. Deixe uma resposta Cancelar resposta Seu endereço de email não será publicado.ComentarNome* Email* Website