Vinheta Opinião Gregório José

Ah, sexta-feira 13... a data maldita que faz a gente pensar que, além de ser a única certeza da vida (junto com a morte e os impostos, claro), o azar é uma força cósmica. Aí você acorda, em pleno setembro, olha no calendário e se dá conta: sim, teremos uma sexta-feira 13 (dezembro tem outra), em ano de eleição municipal, com a inflação galopando como quem foge do dragão do PIB. É um cenário digno de filme de terror... ou comédia pastelão, dependendo do ângulo.

Pense assim e vai analisar que, azar mesmo é ser brasileiro num contexto desses. As queimadas se espalham pelo país como se fossem um plano de marketing divino, só que ao invés de salvar o planeta, a gente fica rezando para sobrar um pouco de oxigênio. No meio disso tudo, o STF sob suspeição, ministros cancelando redes sociais (já não bastava o cancelamento da dignidade?), e a inflação, que não é só o fantasma que assombra nossos bolsos — é um monstro que devora o pacote de biscoito, o salário e, se bobear, até a esperança. Afinal, quem precisa de arroz e feijão quando pode rolar no feed?

Sorte mesmo no Brasil é ter que escolher entre ter pacote de dados no celular ou comprar comida. E a eleição? Ah, a eleição... aquilo que a gente faz com o mesmo entusiasmo de quem tem que resolver uma equação de segundo grau, sabendo que a resposta correta pode ser "nenhuma das anteriores". Afinal, mudar o prefeito vai resolver o quê? O preço do óleo de cozinha? A suspensão do X (antigo Twitter)? Ou talvez ajude a escolher qual árvore apagar primeiro nas queimadas?

Se a sexta-feira 13 traz má sorte, ela só está reforçando o que a gente já sabe: que, no Brasil, o azar não tem data marcada, ele é praticamente um feriado nacional. Aliás, no fim das contas, o que é uma sexta-feira 13 perto de um país onde o milagre é sobreviver até o próximo aumento de preço, pagar a internet, e de quebra, ainda tentar não perder a fé no futuro?

Filosoficamente falando, será que o problema é a sorte, o azar, ou a nossa capacidade infinita de rir da própria desgraça? Como diria aquele velho filósofo, "rir pra não chorar". E a gente ri, porque no Brasil, até a tragédia é tão bem-humorada que vira piada. Afinal, sorte mesmo seria ter um mês sem incêndio, sem crise, sem ministro mexendo no celular alheio, e — quem sabe? — com uma promoção no pacote de dados, que seria a cereja do bolo nessa nossa tragicomédia tupiniquim.

E que venha a sexta-feira 13, porque a gente já sobreviveu a coisa muito pior.

 

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.