Por Carlos. R. Reis Mattos - Diretor Operacional da Cooperativa Ouro Verde Bahia Igrapiúna

Nos últimos anos a heveicultura baiana, sobretudo no Baixo Sul da Bahia, principal região produtora de Borracha Natural do Estado, vem sofrendo com os ataques de Novas Pragas, os Ácaros: Calacarus heveae e Tenuipalpus heveae, o Percevejo-De-Renda, Leptofharsa heveae, e mais recentemente da Crosta Negra, doença originária da Amazônia, que desfolha os seringais chegando a paralisar a “Sangria das Árvores”, ou seja a extração do látex. Essa doença é causada pelos fungos Phyllachora huberi, sobretudo, e Rosenscheldiella hevea, e se instala na planta através das folhas jovens, estádios B e C, principalmente no período da troca de folhas da seringueira, ou mesmo em períodos posteriores sempre que a planta emite novos lançamentos foliares. O desenvolvimento da doença no interior das folhas é lento, e os sintomas só são vistos, em geral, 2 meses após a infecção, ou seja 2 meses após a troca das folhas do seringal, inicialmente pela formação de placas circulares negras na face inferior da folha, e mais tarde com a formação de estromas negros.

Até a chegada nos seringais da Bahia, a Crosta Negra era vista como uma doença de pouca, ou nenhuma, importância econômica nos seringas da região amazônica, e por isso essa doença foi pouco estudada e hoje sabemos muito pouco sobre a mesma. A Crosta Negra foi vista pela primeira vez na Bahia, ainda sem causar danos econômicos, em 2017 nas Plantações Michelin da Bahia (PMB), em uma casa de vegetação contaminada por folhas infectadas de plantas de IAN873 ao lado, e em seguida por mim mesmo em um viveiro de mudas de seringueira da PMB em novembro de 2017. A partir daí, a doença se expandiu rapidamente pelos seringais e em 2019 já desfolhava com muita preocupação os seringais da região, e em 2020 o desfolhamento, sobretudo nos seringais mais jovens, foi muito intenso paralisando a sangria de grande parte dos seringais.

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Dia de teste em um seringal de 9 anos do clone FDR5788 na Fazenda Massaranduba (Foto: Divulgação)

O controle da Crosta Negra pode ser feito com fungicidas dos grupos químicos dos Triazóis e Estrubilurinas, a exemplo do AZIMUT, fungicida com modo de ação sistêmico dos Grupos Químicos Estrobilurina (Azoxistrobina) e Triazol (Tebuconazol), na dosagem de 500 ml/ha, entretanto ainda não sabemos como pulverizar as folhas da seringueira em árvores com 20 metros de altura. A opção inicial foi a utilização de Drones, e um primeiro teste foi realizado em um seringal de 9 anos do clone FDR5788 na Fazenda Massaranduba, Igrapiúna, em 23 de julho do presente ano, sem sucesso, infelizmente, em função da dificuldade de visão do Drone, que está a três metros de altura da copa da seringueira, pelo operador no solo. Contudo, ainda não está descartada a pulverização com Drones mais inteligentes e adaptados a grandes alturas.

 

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