O antropólogo e babalorixá Vilson Caetano Júnior, valenciano radicado em Salvador, é filho do contador e maçom da cidade de Valença, Vilson Caetano.

A Câmara Municipal de Salvador entregou no último dia 5 de dezembro, a Medalha Zumbi dos Palmares, maior honraria de combate ao racismo e intolerância religiosa, ao doutor em Antropologia e babalorixá, Vilson Caetano de Sousa Júnior, valenciano de 51 anos, radicado em Salvador.  A iniciativa foi do vereador Sílvio Humberto (PSB), aprovada com unanimidade pela Casa Legislativa.

Vilson Caetano foi conduzido ao plenário por Mãe Dete, Iyaegbé do Ilê Obá Lokê e pelo companheiro de vida, Rodrigo Siqueira. Sua entrada foi ao som de atabaques, clarins e cânticos entoados pelo maestro Ubiratan Castro e a Orquestra Afrosinfônica, que deu o tom durante todo o evento.

“Uma felicidade poder reconhecer a história deste que pensa coletivamente e consegue fazer a ponte entre o espaço acadêmico e as comunidades. Pai Vilson escreve histórias a partir de nós mesmos e, dessa forma, emancipa evidenciando que as pessoas negras podem falar de si mesmas”, declarou Sílvio.

A sessão destacou a atuação do homenageado na difusão dos saberes dos povos afro-brasileiros, e enquanto liderança religiosa à frente do Ilê Obá Lokê – Casa do Rei e Senhor das Alturas.

O antropólogo esteve à frente de projetos como: o levantamento histórico e arquitetônico de comunidades quilombolas em cidades baianas, como Maragogipe e Cachoeira; é autor da catalogação que instruiu o processo de tombamento e patrimonialização do Ile Asé Kalè Bokùn, único terreiro de nação ijexá no Brasil. Situado no bairro de Plataforma, o terreiro também foi homenageado por Sílvio Humberto, no aniversário de noventa anos da propriedade.

A mesa, presidida pelos vereadores Sílvio Humberto e Marta Rodrigues (PT), foi composta pelo reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo Miguez de Oliveira; pelos capelão e padre auxiliar da Igreja Nossa Senhora Rosário dos Pretos, respectivamente, Padre Lázaro Muniz e Padre Clóvis;  pela presidenta do Conselho Municipal de Política Cultural de Salvador e yalorixá do Ilê Axé Ewá Olodumare, Iyá Márcia d'Ogum; pela ouvidora Geral do Estado da Bahia, Arany Santana; Ebomi Nice, do Terreiro da Casa Branca; pelo companheiro do homenageado e Axogum do Ilê Oba Lokê, Rodrigo Sirqueira; Veronica Souza, representando a família do homenageado e pelo desembargador do TJ-BA, Ivanilton Santos da Silva.

Após as reverências da mesa, Pai Vilson compartilhou suas contribuições e desafios. “Se hoje sei ensinar é porque me sentei para aprender. Fui mestre aos vinte e seis anos, e aos vinte e nove me tornei o mais novo doutor em Ciências Sociais. Ao finalizar meu doutorado me perguntaram:  E agora, o que você vai fazer? Eu respondi: Agora que já consegui chegar vou ajudar outras pessoas a chegarem. Eu tenho consciência disso e sigo fazendo”, contou.

“A vida como babalorixá me trouxe novos desafios, afinal a academia me blindava de algumas questões, e o racismo e ódio religioso me colocava diante de outras, felizmente, tive a alegria de ir contando com mais gente. Aqui nesta Casa tem passando vários palmarinos e palmarinas que, assim como Aqualtune, Antônio Conselheiro, Zeferina, Maria Filipa e muitos outros, têm lutado e nos empoderado no enfrentamento ao racismo. Sigamos na luta mantendo acesa em nós a chama de Palmares para fazê-lo de novo”, concluiu.

Também estiveram presentes e fizeram pronunciamento a secretária de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia, Ângela Guimarães e a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB).

A medalha foi entregue conjuntamente pelo proponente, a mãe e a alfabetizadora do homenageado, Ivonilda e Celeste Maria, respectivamente.  O evento foi encerrado com o Ilê Aiyê.

Fonte: Assessoria do vereador/Sílvio Humberto

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