Joaquim José da Silva Xavier, O Tiradentes, nasceu na Fazenda do Pombal, próximo ao Arraial de Santa Rita do Rio Abaixo, à época Território disputado entre as Vilas de São João del-Rei e São José del-Rei, na Capitania de Minas Gerais.

Joaquim José da Silva Xavier era filho do Português Domingos da Silva Xavier, proprietário rural e da Portuguesa nascida na Colônia do Brasil, Maria Paula da Encarnação Xavier (prima em segundo grau de Antonio Joaquim, Pereira de Magalhães), tendo sido o quarto dos nove filhos do casal.

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Em 1755, após a morte de sua mãe, segue com seu pai e irmãos para a sede da Vila de São José, dois anos depois, já com onze anos, morre seu pai. Com a morte prematura dos pais, logo sua família perde as propriedades devido às dívidas. Não dez estudos regulares e ficou sob a tutela de seu tio e Padrinho Sebastião Ferreira Leitão, que era Cirurgião Dentista. Trabalhou como Mascate e minerador, tornou-se Sócio de uma Botica de Assistência à pobreza na Ponte do Rosário, em Vila Rica, e se dedicou também às Práticas farmacêuticas e ao exercício da profissão de dentista, o que lhe valeu o apelido (alcunha) de Tiradentes.

Com os Conhecimentos que adquirira no trabalho de mineração, tornou-se técnico em reconhecimento de terrenos e a exploração dos seus recursos. Começou a trabalhar para o Governo no reconhecimento e levantamento do Sertão Sudestino. Em 1970, alistou-se na Tropa da Capitania de Minas Gerais; em 1971 foi nomeado Comandante do destacamento dos Dragões na patrulha do “Caminho Novo”, estrada que servia como roda de escoamento da produção mineradora da Capitania Mineira ao porto do Rio de Janeiro na Serra da Mantiqueira. Sua atuação levou à prisão de um famoso grupo de salteadores liderados pelo temido Montanha. Foi a partir desse período que Tiradentes começou a se aproximar de Grupos que criticavam o domínio português sobre as Capitanias por onde circulava. Insatisfeito por não conseguir promoção na carreira Militar, tendo alcançado apenas o posto de Alferes, patente inicial do Oficialato à época, e por ter perdido a função de Marechal da Patrulha do Caminho Novo, pediu Licença da Cavalaria em 1787.

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Após a licença da Cavalaria, Tiradentes morou por volta de um ano na Cidade Carioca, período em que idealizou projetos de vulto, como a Canalização dos Rios Andaraí e Maracanã para melhorar o abastecimento de água no Rio de Janeiro, porém, não obteve aprovação para a execução das obras. Esse desprezo fez com que aumentasse sua indignação perante o domínio português. De volta a Minas Gerais, começou a pregar em Vila Rica e arredores a favor da Independência daquela Capitania. Fez parte de um movimento aliado a integrantes do Clero e da elite mineira, como Claudio Manuel da Costa, antigo secretário de Governo, Tomás Antonio Gonzaga, ex-Ouvidor da Comarca, e Inácio José de Alvarenga Peixoto, minerador e grande proprietário de terras na Comarca do Rio das Mortes. O movimento ganhou reforço ideológico com a Independência das Colônias estadunidenses e a formação dos Estados Unidos. Ressalta-se que, à época, oito de cada dez alunos brasileiros em Coimbra eram oriundos das Minas Gerais, o que permitiu a elite regional acesso aos ideais liberais que circulavam na Europa.

 

PARTICIPAÇÃO DE TIRADENTES NA INCONFIDÊNCIA MINEIRA.

 

Fatores mundiais e religiosos contribuíram também para a articulação da conspiração na Capitania de Minas Gerais. Com a constante queda da receita institucional, devido ao declínio da atividade mineradora, a Coroa resolveu, em 1789, a aplicar o mecanismo da DERRAMA, para garantir que as receitas oriundas do Quinto, (imposto português que reservava um quinto (1/5) de todo minério extraído no Reino de Portugal e seus domínios). A partir da nomeação de Luis Cunha Meneses como Governador da Capitania em 1783, ocorreu a marginalização de parte da elite local em detrimento de seu grupo de amigos. O sentimento de revolta atingiu o máximo com a decretação da Derrama, uma medida administrativa que permitia a cobrança forçada de impostos mesmo que preciso fosse prender o cobrado, a ser executada pelo novo Governador da Capitania. Luis Antônio Furtado de Mendonça, 6º Visconde de Barbacena (futuro Conde de Barbacena), o que afetou especialmente as elites mineiras, isso se fez necessário para saldar a dívida mineira acumulado, desde 1762, do quinto, que àquela altura somava 768 arrobas de ouro em impostos atrasados.

O movimento se iniciaria na noite da Insurreição. Os líderes da Sedição sairiam as Ruas de Vila Maria dando Vivas à República, com o que ganhariam a imediata adesão da população. Porém, antes da Conspiração se transformasse em revolução, em 15 de março de 1789, foi delatada aos portugueses por Joaquim, Silvério dos Reis, Coronel, Basílio de Brito Malheiros do Lago, Tenente Coronel, e Inácio Correia de Pamplona, Luso-açoriano, em troca de perdão de suas dívidas com a Real Fazenda. Anos depois, por ordem do novo Oficial de Milícia Ernesto Gonçalves, planejou o assassinato de Joaquim Silvério dos Reis.

Ao tomar conhecimento da Conspiração, Barbacena, enviou Silvério dos Reis ao Rio para apresentar-se ao Vice-Rei, que imediatamente (em 7 de maio), abriu uma investigação (devassa). Avisado, o Alferes Tiradentes, que estava em viagem licenciada ao Rio de Janeiro, escondeu-se na casa de um amigo, mas foi descoberto ao tentar fazer contato com Silvério dos Reis e foi preso em 10 de maio. Dez dias depois, o Visconde de Barbacena iniciava as prisões dos inconfidentes em Minas Gerais.

Dentre os Inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Correia de Tolero e Melo, José da Silva Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa, o Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, Comandante dos Dragões, os Coronéis Domingos de Abreu Vieira e Joaquim Silvério dos Reis (um dos delatores do movimento) os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José Alvarenga Peixoto e Tomás Gonzaga, ex-ouvidor.

Os principais planos dos inconfidentes eram estabelecer um governo republicano independente de Portugal, criar indústrias no país que surgiria, uma universidade em Vila Rica, e fazer de São João del-Rei a Capital. Seu primeiro Presidente seria, durante 3 anos Tomás Antônio Gonzaga, após o qual haveria eleições. Nessa república não haveria exército – em vez disso, toda população deveria usar armas, e formar uma milícia quando necessária. Há que se ressaltar que os inconfidentes visavam a autonomia somente da província de Minas Gerais.

 

JULGAMENTO E SENTENÇA

 

Negando a princípio sua participação, Tiradentes foi o único a, posteriormente, assumir toda responsabilidade pela INCONFIDÊNCIA, inocentando seus companheiros. Preso todos os inconfidentes aguardaram durante três anos pela finalização do Processo. Alguns foram condenados a morte e outros ao degredo. Algumas horas depois, por carta de Clemência de D. Maria I, todas as Sentenças foram alteradas para degredo, a exceção apenas para TIRADENTES, que continuou condenado à pena Capital, porém não por morte cruel como previam as ordenações do Reino. Tiradentes foi enforcado. Os Réus foram sentenciados pelo crime de “Lesa-magestade”, definidas pelas Ordenações Afonsinas e as Ordenações Filipinas, como traição contra o Rei.

E assim, numa manhã de sábado, 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as Ruas do Centro da Cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a Cadeia Pública e onde fora armado o patíbulo. Executado e esquartejado, com o seu sangue se lavrou a Certidão de que estava cumprida a sentença. Tendo sido declarados infames a sua memória e os seus descendentes. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada, os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de Cebola (atual Inconfidência distrito da Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiaete). Lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava jogando-se sal no terreno para que nada germinasse.

Em 21 de abril de 1990 houve a primeira grande festa Oficial em homenagem à Tiradentes, idealizada e realizada pelo Governo Republicano, e recém empossado, o Marechal Deodoro da Fonseca, presidiu a Solenidade sendo Orador do evento Silva Jardim. Antes mesmo dessa data os republicanos criaram o Clube Tiradentes, em 1882, cultuando seu herói todo dia 21 de abril. A comemoração da data foi suprimida e restabelecida por diversas vezes durante o Século XX e mobilizou grupos Políticos após pressão que consideravam necessário a Comemoração como forma de valorização da memória do país.

Em 1953, a Escritora Cecília Meireles imortalizou o sonho de liberdade dos inconfidentes na obra literária Romanceiros da Inconfidência. A popularidade e uso da imagem de Tiradentes foi reforçada no ano de 1960, quando o presidente Juscelino Kubitschek oficializou a Cerimônia do dia 21 de abril que ocorre rodos os anos em Ouro Preto.

Em 1965, durante a primeira fase do Regime Militar do Brasil, o Marechal Castelo branco, Presidente da República, para reforçar essa imagem de Tiradentes, foi sancionada a Lei nº 4.897, de 9 de dezembro de 1965, que instituía 21 de abril como feriado Nacional e Tiradentes Oficialmente. Patrono da Nação Brasileira, Tiradentes foi designado Patrono das Polícias Militares do Brasil.

O Livro do Nosso Irmão Péricles Queiroz do Lago, MAÇONARIA NO TEMPO E NA HISTÓRIA, na página 111, consta um trabalho sobre a Maçonaria e a Inconfidência Mineira, quando nosso irmão informa que a inconfidência Mineira foi um empreendimento maçônico. É bastante atentar-se na sua bandeira, nos seus objetivos: Liberdade, Igualdade, pela educação do homem com a criação de uma universidade e Fraternidade, pela União dos brasileiros em torno de um ideal supremo: a constituição de uma pátria livre.

Por iniciativa destes estudantes que regressavam a empolgados pela ação humanitária, fraternal. Desenvolvida pela Maçonaria, na Europa, no sentido de assegurar os direitos que dignificam o homem, na defesa indômita da liberdade dos povos, foram fundadas Lojas Maçônicas em Minas Gerais e no Brasil.

Aos poucos, a Conjuração Mineira ia se organizando. A ela aderiu o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como o Tiradentes, cuja iniciação na Maçonaria, para alguns foi no Rio de Janeiro, através do Sr. José Álvares Maciel e para outros, foi na Bahia, numa das suas viagens quando mercador ambulante, considerando ser a Capital Baiana o Centro da efervescência maçônica e o primeiro ponto de entrada da Maçonaria.

Iniciado na Maçonaria participava nas reuniões desta no Rio de Janeiro e pregava as suas doutrinas onde quer que se encontrasse.

Na sua passagem por Tijuco, (atualmente Diamantina) ali introduziu a Maçonaria, cuja Loja funcionava na residência de José da Silva e Oliveira, pai do famoso Padre Rolim também maçom, uma das figuras de grande atuação e valor na conjuração. A cujas reuniões concorriam as principais pessoas do Tijuco.

Concluindo, Caros Irmãos consto a citação feita pelo nosso Irmão Rui Barbosa, em Coletânea Literária:

“Da forca, onde padeceste a morte infamante reservada aos malfeitores, baixou à tua pátria o sonho republicano, que outras gerações tinham de ver consumado. Teu suplício é um dos crimes da perseguição historicamente fatais aos perseguidores. A posteridade enflorou o teu cadafalso em altar; porque o vilipêndio da expiação, que te imolou. Fez da tua memória divinizada, a padroeira nacional do direito, Supliciado por uma ideia, deixaste de emblemar a figura especial dela, para te converteres em Símbolo universal da inviolabilidade da opinião humana. Morto pela república, ó Tiradentes, és a lição imortal dada à república, da aversão ao sangue e à intolerância; és perante a república, o advogado de todos os terrores. Tua historia não afina com os cantos da guerra cruenta, mas com as imaculadas aspirações da liberdade, que floresce na paz. Se se erigisse um templo à Justiça, onde os tribunais se abrigassem da política, na fronteira desse templo, ó Tiradentes, seria o lugar para o teu nome.”

 

Por:Magno Teixeira Barnabé

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