Saúde mental piorou para mais da metade dos brasileiros, diz pesquisa

Segundo pesquisa encomendada pelo Fórum Econômico Mundial e divulgada pela BBC News Brasil, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano. Essa porcentagem só é maior em quatro países: Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%). Mas os dados sobre o efeito da pandemia na saúde mental da população vão além: Um estudo da ePharma mostra que o volume de medicamentos prescritos contra ansiedade, depressão e insônia cresceu quase 20% nos dois últimos meses de 2020, se comparado ao mesmo período do ano anterior.

Lucio Botelho_Psiquiatra

O psiquiatra Lúcio Botelho, que é diretor-médico, idealizador e co-fundador da OMNI – Centro de Terapias Biológicas, fala que estes dados certamente estão intimamente ligados à pandemia e seus desdobramentos. Ele alerta que as sequelas físicas e mentais tendem a perdurar para além deste período de calamidade: “Havemos de encontrar um ponto de equilíbrio entre as intervenções medicamentosas, que muitas vezes são fundamentais, e as não medicamentosas, como psicoterapias, mudanças no estilo de vida, ambientais, comportamentais e prática de exercício físico”.

O medo de adoecer e morrer, perder as pessoas amadas, ser demitido ou excluído socialmente por estar associado à doença e não ter um suporte financeiro são algumas das sensações mais sentidas durante a pandemia. Essa sensação recorrente de impotência ou instabilidade perante os acontecimentos acarretam em sentimentos de angústia, tristeza e irritabilidade. Em caso de isolamento, pode-se intensificar os sentimentos de desamparo, tédio, solidão e tristeza.

Lúcio Botelho, que também é diretor-médico do Espaço Nelson Pires, hospital psiquiátrico de Salvador, ressalta que o momento em que vivemos podem alterar o sono, apetite, conflitos interpessoais, pensamentos recorrentes quanto a pandemia, saúde pessoal e pensamentos relacionados a morte. “O adoecimento psíquico não é uma escolha ou fraqueza. Os fatores implicados no surgimento dos transtornos psiquiátricos são múltiplos e complexos. É importante buscar ajuda do profissional especializado para compreender essa conjuntura e traçar a melhor estratégia de enfrentamento”, completa o especialista.

Recomendações

Algumas recomendações e estratégias podem ser adotadas para se evitar o adoecimento psíquico. O especialista fala que o importante é que a pessoa consiga reconhecer e acolher as angústias e os medos pessoais, procurando dividir com pessoas de confiança, como amigos e familiares. A prática de exercício físico, em especial aeróbico, e outras ações como meditação, leitura, exercícios de respiração também auxiliam na redução do nível de estresse agudo.

“É importante perceber os limites do corpo e da mente. Se você estiver trabalhando durante a epidemia, fique atento às suas necessidades básicas, garanta pausas sistemáticas durante o trabalho e entre os turnos. Evite o isolamento junto a sua rede socioafetiva, mantendo contato, mesmo que virtual. Todos estão sobressaltados e assustados, compreenda que não é pessoal, mas fruto do medo e do estresse causado pela pandemia. É muito importante também evitar o uso do tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções”, alerta Lúcio Botelho, que finaliza: “Se apesar de tudo, essas estratégias não forem suficientes, busque um profissional de saúde”.

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Fonte: Ascom

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