O Ministério da Saúde do Brasil tem atualizado diariamente os números do novo coronavírus (COVID-19) no país. Os dados oficiais divulgados às 15h45 no último dia 13 de março, data de fechamento desta edição, contabilizavam 98 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus, 1.485 casos suspeitos e nenhum óbito. Com base na evolução dos casos no Brasil, até o momento, estima-se que, sem a adoção das medidas propostas pela pasta para prevenção, o número de casos da doença dobre a cada três dias.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, de janeiro até às 17 horas no dia 13 de março, o estado registrou 289 casos notificados com suspeita clínica de infecção pelo novo coronavírus, sendo sete confirmados (4 em Feira de Santana e 3 em Salvador). Outros 153 foram descartados, destes 1 em Valença, e 129 aguardam análise laboratorial. Ao todo, 26 municípios da Bahia fizeram notificações oficiais ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA).

O avanço da doença tem preocupado a todos, e em meio a tantas Fake News, é necessário buscar informações em fontes confiáveis para evitar comportamentos inadequados, seja o pânico desnecessário, seja a falta de cuidados importantes de prevenção. Entrevistamos a médica infectologista da Uniclin Pró-Saúde, Dra. Lorena Zaine, para trazer esclarecimentos importantes sobre o novo coronavírus e informações seguras sobre a prevenção e combate à doença. Leia a seguir.

 

Dra. Lorena, o que é o novo coronavírus e quais sintomas ele apresenta?

O coronavírus pertence a uma classe de vírus que causa sintomas respiratórios, na maioria das vezes brando, sintomas leves, similares a um resfriado, a um a gripe leve. A gente tem o hábito de chamar qualquer sintoma respiratório de gripe, de forma leiga. No coronavírus é mais comum ter uma síndrome clínica caracterizada com tosse, pode ou não ter febre, pode ou não ter espirros e gotejamentos nasal, o que algumas pessoas chamam de nariz escorrendo, mas o mais comum é uma tosse seca persistente nesse período associado a dor no corpo, dor de cabeça e podem ter outros sintomas associados, alguns deles bem parecidos com a dengue, tirando os sintomas respiratórios, então se os sintomas forem brandos podem ser confundidos.

Qual a recomendação para as pessoas que apresentaram os sintomas compatíveis com o COVID-19?

Esses sintomas que citei por si só não significam a presença do COVID-19, pode ser qualquer outra cepa do coronavírus ou outras infecções. Então a orientação é passar por uma avaliação clínica inicial que confirme a suspeita, para depois adotar as outras medidas.

A Uniclin Pró-Saúde está preparada para prestar o atendimento de diagnóstico do COVID-19?

Está sim. Em casos de pacientes suspeitos com o novo coronavírus, ele pode agendar o seu atendimento aqui. O ideal é que ele já notifique para as nossas recepcionistas que está com os sintomas ou com suspeita, para que ele já venha utilizando uma máscara de proteção ou que ele solicite na recepção para poder proteger os pacientes que estão ao redor. Esse atendimento pode ser feito por um médico, o ideal é que seja um médico-infectologista, e então a gente vai trabalhar a gravidade clínica. A título de Organização Mundial de Saúde, Ministério da Saúde do Brasil e Centro de Referência de Controle e Prevenção de Doenças, que é internacional, o que a gente recomenda é que pacientes com sintomas brandos, fiquem em isolamento domiciliar. É feita uma notificação que vai para a Vigilância do município e também para a Vigilância Estadual, esse paciente vai passar pelos exames para confirmar se ele tem o vírus e caso resulte em positivo, a gente vai acompanhar o quadro clínico dele. Em casos de piora, é necessário fazer uma transferência para um hospital que tenha a estrutura necessária para recebê-lo, que tenha leitos de isolamento respiratório.

Há risco de uma pessoa portadora do vírus que encontra-se assintomática transmitir a doença?

Há uma divergência entre os especialistas, a maioria acredita que a transmissão ocorra com sintomas, porque através dos sintomas o paciente elimina, através da tosse, do espirro, as partículas virais, mas há relatos de contato com pessoas assintomáticas, então existe essa chance, mas é muito menor.

Por ser turística, nossa região possui grande circulação de pessoas de diversas parte do mundo. Quais cuidados a população deve adotar para diminuir as chances do novo coronavírus circular em nossa região?

Em relação a regiões turísticas como é a nossa existe sim o risco de casos do novo coronavírus, porque a gente tem recebido um grande número de turistas e muitas vezes a gente não sabe quem está com sintoma ou não, nem a proveniência desse turista. Então, é recomendado a todos que caso entrem contato com uma dessas pessoas com sintomas, notifiquem ao serviço de saúde para que eles entrem em contato com a Vigilância de Saúde e façam um inquérito para tentar entrar em contato com esse turista, se for possível, para poder fazer uma avaliação. Todos os lugares turísticos deveriam estar orientando também os turistas que estão chegando em relação a isso, porque já foi decretado pela OMS uma pandemia, então muitos países acometidos devem estar atentos em relação a isso.

Em municípios como Valença que não tiveram casos confirmados do novo coronavírus, há necessidade de evitar contato físico, como aperto de mão, beijo ou abraço?

Essa restrição a gente recomenda principalmente, caso haja uma disseminação maior desse vírus. Em locais turísticos, a gente deve evitar sim o contato próximo com pessoas estranhas, aglomerados, pessoas que a gente note que está com sintomas respiratórios, porque você não sabe com quem ele entrou em contato, pode ser que ele tenha entrado em contato com alguém que tenha os sintomas do COVID-19, que esteja com o vírus, que tenha viajado e você não sabe, então o ideal é evitar esses contatos e essas aglomerações.

Quais as principais medidas individuais de prevenção contra o COVID-19?

É muito importante a higiene das mãos, muitas vezes a gente negligencia isso. O que a gente recomenda é o uso do álcool em gel 70% para higiene das mãos. Se perceber que tem partículas na mão, sujidades, ao invés de usar o álcool, o ideal é lavar com água e sabão. Estão circulando muitas Fake News, entre elas dizendo que o álcool não é eficaz, que é para usar vinagre, usar vitaminas, beber água quente, entre outros, mas nada disso tem comprovação científica. Algumas pessoas também estão preocupadas em relação a higienização de objetos, porque a gente toca e compartilha, o ideal é não compartilhar, isso parece óbvio para alguns, mas para outros não é, então não se deve compartilhar toalha, talheres, maquiagens, por exemplo, porque existe o risco de transmissão, não só pensando no coronavírus, mas também em outras infecções deveriam ser de uso restrito, individual.

Quais as taxas de mortalidade do novo coronavírus no mundo e quais os grupos com maior risco de mortalidade?

Em 1976 houve um grande surto de ebola que atingiu mais de 33 mil pessoas na época e se difundiu para nove países com mortalidade de 40%. O coronavírus em 2002, que se iniciou também na China, atingiu em torno de 8 mil pessoas, se difundindo para 29 países e teve mortalidade aproximada de 10%, a gente considera alta também. Já o MERS que é uma outra forma do Coronavírus de 2012, que veio do camelo, situado mais na região das Arábias, teve uma mortalidade de 34,5% e se difundiu para 28 países. O COVID-19 já tem uma número alarmante, mas a mortalidade foi bem pequena, de 3,4%, o que é importante ressaltar é que essa mortalidade se concentra na população acima dos 60 anos e é proporcional, quanto mais idoso, mais a mortalidade aumenta. Em crianças essa mortalidade foi praticamente nula. Até os 40 anos foi em torno 0,2%, então o que faz essa mortalidade de 3,4% é justamente quando dilui os dados através da mortalidade dos idosos. Há uma recomendação da Sociedade Brasileira de Infectologia que os idosos acima de 60 anos, fiquem em domicílio, evitem aglomerações, reuniões sociais, mesmo da família, e também quem tem alguma doença crônica como diabetes, doença pulmonar, doença nos rins, quem usa algum medicamento imunossupressor para algum tipo de reumatismo, lúpus, entre outras doenças, porque essas população é considerada de risco para as formas graves do Coronavírus.

 

Foto/Fonte: Jornal Valença Agora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.