Valencianos e turistas reverenciam Iemanjá na Praia de Guaibim Valença Agora 2 de fevereiro de 2018 Baixo Sul, Notícias Nativos e turistas participaram do ‘Presente de Iemanjá’, que teve como pano de fundo o azul do mar da Praia de Guaibim, local onde as oferendas foram depositadas. Ao som das enxadas, tambores e búzios o povo de santo saiu em cortejo na manhã desta sexta-feira, 2 de fevereiro, carregando balaios e muitos presentes para a homenageada do dia. Rainha das Águas, Majestade dos Mares, Senhora dos Oceanos, Sereia Sagrada - como quer que lhe chame - hoje foi dia de celebrar Iemanjá, ou ainda, Nossa Senhora dos Navegantes no sincretismo religioso. Os devotos cumpriram um curto trajeto (Avenida Aloísio Evangelista da Fonseca – Avenida Beira Mar), acompanhados do grupo folclórico Zambiapunga de Valença, simpatizantes e turistas, antes de depositarem suas oferendas à deusa no mar de Guaibim. Devotos disputam espaço para completar os balaios com seys presentes e perfumá-los com alfazema Ao chegar a areia da praia, o momento é de pura devoção. Cânticos, orações, agradecimentos e muitas preces são direcionados à Iemanjá. A emoção toma conta dos mais devotados. É um ritual que se repete há mais de 30 anos na Praia de Guaibim-Valença. Após as rezas habituais, é hora de encher as embarcações com os balaios. Os cinco barcos enfeitados de branco e azul logo ficaram cheios de baianas sob a supervisão de experientes pescadores. As rosas brancas são caprichadas para Iemanjá. O orixá africano também ganhou outras flores como angélica e orquídeas, além de sabonetes, perfumes, pentes e até pipoca. Mãe Celidalva considera 2 de fevereiro um dia sagrado Dia sagrado. É assim que a mãe Celidalva do terreiro Ilê Axé Orito Xoroquê considera o 2 de fevereiro. “É dia de festividade e muitas alegrias. Todo ano estou aqui porque Iemanjá é uma santa rica de felicidade, de paz, de amor e de carinho”, determina. “Para entrar no mar, peço licença à Iemanjá”, afirmação dita pelo pescador Jairo, nativo do Guaibim. Há 43 anos sobrevivendo “das águas”, Jairo não passa um 2 de fevereiro sem entregar sua oferenda. “Iemanjá é minha protetora, abaixo de Deus”, ressaltou. A devota Valdiná Dantas, popular dona Diná do Barateiro veio de Gandu ao Guaibim com a missão de representar seu esposo e filhos que não puderam estar presentes. Nas mãos um presente de cada um. “Esse momento representa tudo para mim, é agradecimento por tudo que a gente consegue, e também para pedir a ela que nos proteja e nos dê muita saúde, tanto para a minha família quanto para todos que contribuem com essa festa”, disse. Dona Diná relatou que seu esposo José, conhecido como Barateiro, foi o primeiro a organizar a festa de Iemanjá no Guaibim há mais de 25 anos. Como forma de agradecimento por todos os anos vividos, Dona Diná foi entregar as oferendas em alto mar. Foi a primeira passageira a se acomodar na embarcação que levava os balaios. Católico praticante, o professor Jaci Bartolomeu emanou energias positivas sobre a tradição. “Desejo que no dia de hoje, todos os santos e todos os orixás possam trazer paz para Valença, que está precisando”. A organização O convite aos terreiros, aos grupos culturais, a ornamentação, o apoio logístico, a segurança, tudo fica a cargo da Prefeitura de Valença. Este é o segundo ano do ‘Presente de Iemanjá’ sob a responsabilidade da gestão Ricardo Moura, que na ocasião esteve representada pela secretária de Promoção Social, Margarete Moura. “É um prazer estar aqui hoje representando o prefeito que não pode se fazer presente por estar se recuperando de uma cirurgia. É uma festa que ele participa todos os anos e que ele gosta muito”, justificou. Secretária Margarete Moura representou o prefeito Ricardo Moura “Mesmo com toda dificuldade que o município passa, e também o nosso país, nós conseguimos realizar essa festa. O prefeito orientou que mesmo que mais simples, não podíamos deixar de saudar a Rainha do Mar, pois temos que incentivar os terreiros e respeitar a fé que o nosso povo tem. Agradeço ao povo do Guaibim, ao povo de Valença e aos turistas que vieram para prestigiar essa festa, que Iemanjá proteja nossa cidade e todos nós com muita paz, saúde e prosperidade”, destacou Margarete. A secretaria municipal de Cultura, Janete Vomeri destaca que a realização do evento é “uma manifestação de respeito às tradições da nossa cidade”. “Nós da gestão não poderíamos nos furtar de realizarmos essa festa que já faz parte do nosso calendário cultural e que repercute positivamente dentro das raízes e tradições de matrizes africanas. Respeitando a isso tudo, a gente também demonstra tolerância, que é excepcional para o momento. A gente precisa parar de olhar as tradições de matrizes africanas como algo a parte, pois elas fazem parte das nossas raízes, que são brancas, negras e índias”, conscientiza a historiadora por formação. Ainda na seara da organização, a festa contou com o apoio da Polícia Militar, da Guarda Municipal, do Departamento Municipal de Trânsito e do Corpo de Bombeiros garantindo a ordem e a segurança. Contraponto A empresária da praia de Guaibim, Daniele Lima achou a festa um tanto desorganizada, em especial pelo descumprimento do horário, – marcada para as 08h e iniciada por volta das 10h -, e pelos participantes desanimados, segundo ela. “Já participei de festa aqui com muito mais gente, mais animação”, garantiu, acrescentando que “essa é uma data que todo mundo sabe que tem festa e, por isso, precisa melhorar a cada ano”. Isaura vem de Teolância participar da festa; ela acompanhou todo o cortejo. Ao lado Dona Diná A teolandense Isaura Andrade conta que frequenta a Praia de Guaibim desde criança e por muitos anos acompanha a Festa de Iemanjá. “Antes essa festa era mais movimentada, as pessoas eram mais animadas, hoje eu percebi que está um pouco desorganizada, está faltando algumas coisas”, avaliou, ponderando que “é uma festa muito bonita e agradável”. Nossa redação também desaprova alguns presentes escolhidos para oferecer à Iemanjá. Flores de plásticos e vidros de perfumes estavam sendo lançados ao mar por alguns devotos. Um ponto importante para a organização rever e coibir nos próximos anos, por claros motivos de preservação ambiental. O olhar de fora Alta estação, o que não falta são turistas na Praia de Guaibim. A festa de Iemanjá torna-se um atrativo a mais e desperta o interesse de muitos que saem à rua para prestigiar ou até mesmo acompanhar o cortejo para vivenciar a tradição local. Munidos de celulares e câmeras fotográficas, os turistas registram tudo e disseminam entre os seus, um pouco da riqueza cultural e religiosa que presenciaram, levando o nome da Praia de Guaibim-Valença para além de suas fronteiras. Os soteropolitanos Jaciene e Jadson curtem veraneio na Praia de Guaibim O casal de Salvador, Jaciene e Jadson Rocha, como de costume, por terem familiares em Valença, prestigiaram mais um ano a movimentação da festa, em seu veraneio na Praia de Guaibim. “Esses eventos movimentam a cidade, mostra a cultura para todos que por aqui passam e isso é muito positivo para preservar a tradição e a identidade local”, disse Jadson, acompanhado de um sonoro “não pode deixar acabar”, de sua esposa Jaciene. Família Grima veio de Salvador exclusivamente para participar da festa de Iemanjá A família Grima chegou de Salvador ontem (1º), às 20 horas, especialmente para participar dos festejos de Iemanjá na Praia de Guaibim. “Tivemos aqui há 15 dias e o dono da pousada nos contou que hoje aconteceria essa festa. Como nós gostamos muito de manifestações tradicionais, nós viemos”, afirmou Adriana Grima, acrescentando seu ultimato sobre o evento: “Estou amando, já me emocionei muito”. Paulo Roberto da Conceição achou a festa maravilhosa. “Está bem de acordo com a tradição do cortejo de Iemanjá. Está bem melhor que o cortejo do Rio Vermelho (em Salvador) porque ela está mais povo e para o povo. Parabéns”, opinou. Maré política Deputado Hildécio Meireles prestigiou a festa acompanhado de comitiva Assim como as ondas vão e voltam influenciadas pela maré, as festas populares também atraem o aparecimento de diversos políticos de tempos em tempos. Esse ano, na esfera estadual, apenas o deputado Hildécio Meireles prestigiou o evento. “A nossa cultura do Baixo Sul é muito comum entre as cidades. Estou vendo o Zambiapunga aqui e logo me lembro de Cairu, de Taperoá, de Nilo Peçanha. Essas festas prevalecem e mantém a nossa cultura e a nossa tradição vivas. Essa tradição que passa de pai para filho é muito importante porque é a identidade de um povo”, assinalou o parlamentar, que logo à tarde marcaria presença também nos festejos de Iemanjá em Morro de São Paulo. Vereadores e pretensos políticos prestigiaram a festa acompanhados de suas comitivas. Em parceria, o camarista Pó da Pesca e o pré-candidato a deputado estadual, Dal do Posto Moça Bonita, fixavam seus nomes em apoio à festa, proporcionando um minitrio que animou a praça local de Guaibim nesta manhã/tarde. Outras dobradinhas de parcerias políticas estavam estampadas nas camisas dos participantes da festa: Vereador J. Almeida e Marcos Medrado – Hildécio Meireles e Jair Veiga.*** ***Reportagem completa na edição impressa nº 667, do Jornal Valença Agora. Fotos: Jornal Valença Agora [Show thumbnails] Deixe uma resposta Cancelar resposta Seu endereço de email não será publicado.ComentarNome* Email* Website