Esse ano o mundo inteiro se emocionou diante da fotografia de uma criança síria afogada em uma praia da Turquia. Dezenas de barcos atracam todos os dias nas praias italianas, gregas e maltesas, um número recorde de imigrantes mortos na mediterrânea, famílias inteiras morrem por causa das embarcações precárias, para os sobreviventes começa uma aventura muito difícil para conseguir papéis e ficar legalmente na Europa.

Uma amplitude excepcional, a onda migratória de 2015 modificou as mentalidades e as organizações da União Europeia.

As fronteiras européias não são unilateralmente fechadas à imigração, os 28 Estados-membros da União acolheram legalmente mais de 1,5 milhão de estrangeiros extracomunitários. Cada país decide o tamanho desses fluxos em função da conjuntura econômica, da situação demográfica ou ainda da coloração política do governo.

Mas para conseguir o papel, o caminho para os imigrantes é longo e muito difícil. Durante esse ano diversos países do Oriente Médio e da África entraram em guerras civis que lançaram para fora milhões de pessoas. As guerras que destroçam a Síria, o Afeganistão, o Iêmen, a Nigéria, a Somália, e o Sudão produzem um fluxo de refugiados que se amplia a media que os conflitos se complicam. Na dificuldade e quase impossibilidade para todos de obter um visto, muitos imigrantes atravessam ilegalmente as fronteiras européias. A situação, de um imigrante ilegal é difícil. Homens, mulheres e crianças se escondem em caminhões, atravessam o mediterrâneo em barcos clandestinos. Mas depois da entrada em um pais europeu, a maior parte dos obstáculos para conseguir o visto começou. Em primeiro lugar, para pedir o asilo, o candidato deve chegar a uma embaixada ou consulado europeu em seu próprio pais ou em pais vizinho se eles estiverem fechados como na Síria ou na Somália, lá ele poderá solicitar um visto a título de asilo que lhe permitirá apenas entrar em território francês e dar entrada no pedido. Mas esses vistos são emitidos a conta–gotas pelos Ministérios dos Interiores. O outro método para os migrantes, para eles penetrarem legalmente na União Européia: entrar em um campo administrado pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), e depois esperar uma transferência para um pais da União, mas mesmo assim a chance de obter-lo são muito pequenas (A França só deu 500 vistos para refugiados Sírios em 2014).

Como a Europa decidiu resolver esses fluxos de migrantes?

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Faz 25 anos que a União Europeia multiplica os dispositivos para barrar a rota da imigração clandestina: base de dados comum para os policiais europeus (Sistema de informação Shenguen), criação em 2000 de um arquivo de impressões digitais, em 2005 ocorreu o lançamento da frontex, agência européia encarregada de vigiar as fronteiras, e reforço considerável de helicópteros, drones, navios militares, óculos de visão noturna e detectores de batimentos cardíacos.

Desde 2000, a imigração clandestina gerou um valor de troca de pelo menos 16 bilhões de euros para as redes de tráfico de imigrantes sem documentos. No mesmo período, os Estados membros da União gastaram 11 bilhões de euros para expulsar os sem documentos e 2 bilhões de euros para reforçar 14 mil quilômetros de fronteiras exteriores.

Uma utilização politica

Nem um partido consegue se exprimir de maneira livre com essas chegadas de refugiados. Poucos partidos e organizações ajudam os imigrantes, mas usam eles para interesses políticos.

Não é surpreendente que os partidos de extrema direita europeus façam da imigração a causa da maioria dos problemas, do desemprego ao terrorismo, passando pela erosão do Estado social mais o reflexo de fechamento nacional se estende agora para além da extrema direita, no seio das formações políticas que diante de situações excepcionais não consideram mais buscar soluções originais e preferem frequentemente voltar para a velha tática que consiste a opor as classes populares “nativas’ aos estrangeiros. Fazendo aumentar o racismo, o medo do outro ...

Com exceção de Berlim, que propõe trazer para Europa dezenas de milhares de imigrantes, nenhum outro governo se arrisca a pegar uma flexibilização da emissão de vistos. Mesmo os partidos de esquerda radical se mostram discretos dobre o assunto, por medo de deturpar uma opinião reputada como cautelosa em matéria de imigração. E com medo de perder votos.

Para a opinião pública os refugiados são apresentados como aproveitadores dos benefícios sociais que ameaçam a identidade nacional, como ladrões de emprego, extremistas religiosos, até mesmo terroristas. As mídias e os políticos estão mudando as mentalidades, claro que os investimentos em segurança seduzem os eleitores... Mas esse radicalismo dos partidos, da população não é um risco para a Europa?

FONTE: Agence France Presse (AFP) – Le Monde diplomatique Benoit Breville – As revoltas árabes geopolítica Masri Feki

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