O Rotary Club de Valença em parceria com o Instituto Acadêmico de Tecnologia, Educação e Pesquisa Superior (IATEPS), realizou no último dia 03 de outubro, na Associação Atlética de Valença, a palestra “O papel das instituições sociais na prevenção do suicídio”. O evento atraiu estudantes universitários, professores, médicos e representantes da sociedade civil.

 

A mesa de abertura do evento foi composta pela presidente do Rotary Club de Valença, Camila Reis, pelo seu vice-presidente e Governador Assistente do Distrito 4550, Jaime Godinho; pela delegada de polícia Dra. Argimária Soares, pelo sociólogo e professor Mateus Soares e pela professora do curso de Serviço Social da FAZAG, Marina Cruz.

Mesa de abertura da palestra

Mesa de abertura da palestra.

“É com muita alegria que estamos recebendo vocês aqui hoje pra gente abordar um tema tão importante e que é papel também do Rotary Club abraçar essa causa. O suicídio hoje mata mais do que AIDS, mais do que certas doenças como alguns tipos de câncer, então o Rotary está aqui cumprindo um papel social difundido essas informações para que a gente possa atingir o maior número possível de pessoas que entendam que é possível prevenir o suicídio”, disse a anfitriã Camila Reis nas boas vindas ao público.

Estudantes e professores assistiram à palestra

Estudantes e professores assistiram à palestra

O vice-presidente do Rotary, Jaime Godinho apresentou a instituição para os presentes, destacando sua missão na sociedade. “O rotariano tem que ter no seu DNA a vontade de servir, por isso que um dos nossos lemas é ‘dar de si sem pensar em si’. O rotariano pratica o bem e presta serviços à comunidade”, destacou.

Jaime Godinho, Governador Assistente do Distrito 4550 do Rotary Club e vice-presidente do Rotary Club Valença

Jaime Godinho, Governador Assistente do Distrito 4550 do Rotary Club e vice-presidente do Rotary Club Valença

A palestra foi iniciada pelo doutor em Sociologia, professor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano – UFRB e escritor, Antônio Mateus Soares. O sociólogo falou sobre “instituições sociais e suicídio”.

Sociólogo e professor Dr. Mateus Soares

Sociólogo e professor Dr. Mateus Soares

Transtornos que podem desencadear um ato suicida se originam de “um ideal de felicidade ilusório, de uma busca pelo sucesso e de uma preocupação em demasia em ter determinado tipo de comportamento ou demonstrar um ideal de felicidade apenas para agradar o outro, e, para, além disso, as instituições sociais parecem que se congelaram no tempo e não perceberam que o adolescente de hoje é diferente do adolescente de dez anos atrás. Os adolescentes criam um ideal de sucesso midiatizado pelas redes sociais, pela TV e por todos os circuitos de influência em nossa vida que cria determinados rótulos e isso acaba repercutindo no indivíduo, claro que isso varia porque cada um de nós somos marcados por singularidades e especificidades”, argumentou Soares, acrescentando que “as instituições sociais acabam se fragilizando porque nós não fomos preparados para lidar com assuntos que tem tabu, e uma forma de prevenir é falar, mas falar com cautela”, ponderou.

 

Ainda segundo Mateus, “o suicídio acaba sendo a negação do sujeito que tenta se ausentar do seu projeto de existência, que tenta se negar porque não suporta mais viver, porque o ideal que ele construiu ele não consegue ser visto ou percebido dentro do âmbito psicológico doentio que ele criou, e nessa complexidade, as nossas instituições sociais não estão preparadas para lhe dar, então vamos perceber que a própria família fala coisas absurdas de estímulo ao suicídio, sobretudo aos jovens e adolescentes”, considerou.

 

O sociólogo reforçou que o papel das instituições na prevenção do suicídio é o de possibilitar diálogos sobre o tema. “O Rotary está de parabéns, esse é o papel das instituições sociais, elaborar eventos como este, não só pra falar sobre suicídio, mas do seu inverso que é a vida, compreender a vida e a nossa existência”, aconselhou.

 

A bacharela em Direito e delegada de Polícia, Dra. Argimária Freitas iniciou sua palestra falando sobre propósito de vida.

Delegada de Polícia, Dra. Arginária Freitas Soares

Delegada de Polícia, Dra. Arginária Freitas Soares

“Ainda existem pessoas que chegam aos 60 anos e ainda não se identificam em si mesmas, existem pessoas que se perdem de si e esse processo causa um processo de morrência, um sofrimento existencial muito grande. Essas pessoas que se perdem de si elas precisam ter motivação, e uma das formas de se encontrar é estabelecendo um propósito de vida”, ressaltou a delegada.

 

“As instituições, as igrejas, a família, a escola, a OAB, elas precisam estar atentas porque muitas vezes aquele potencial suicida está ao nosso lado e nós não percebemos, não percebemos pelo corre-corre da vida, não percebemos porque o “menino” é danado mesmo, porque ele fica recolhido, porque o comportamento estranho é típico de adolescente. Muitas vezes, essa atenção e esse cuidado pode evitar uma tragédia porque o suicida é só a ponta do iceberg, o que está submerso é todo esse processo de morrência, toda essa dor existencial”, prosseguiu Dra. Argimária.

 

A delegada também comentou sobre as implicações jurídicas para o indivíduo que estimula ou materialmente auxilia a prática do suicídio. “Essas condutas são crimes. No artigo 122 do código penal, traz as condutas de induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar auxílio para que o faça”, destacou.

 

O médico Ronaldo Fonseca, proprietário da Uniclin Pró-Saúde prestigiou a palestra. “É muito interessante o Rotary ter essa iniciativa de realizar esse evento dedicado à discussão sobre o suicídio. É um tema muito complexo, multifatorial e a ideia é de alertar. O que nós queremos passar é uma mensagem de otimismo, vamos celebrar e agradecer a vida que Deus nos deu”, disse em entrevista ao Valença Agora.

Médicos e profissionais liberais prestigiaram o evento

Médicos e profissionais liberais prestigiaram o evento

Dra. Mairi Cardim, cardiologista proprietária da PróCárdio também avaliou o evento. “É muito importante a gente discutir sobre o suicídio porque é um tema muito complexo e eventos como este são uma oportunidade de aprendermos mais ouvindo a visão de profissionais, para que a gente possa ajudar o próximo e não recriminá-lo, ou julgá-lo”, destacou.

 

*** Reportagem na edição impressa nº 701 do Jornal Valença Agora

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