O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues, é o longa-metragem brasileiro que concorrerá a uma das vagas entre os cinco indicados ao prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira do Oscar 2019, que será realizado no dia 24 de fevereiro, em Los Angeles (EUA), pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences. O anúncio foi feito nesta terça-feira (11) pela Comissão Especial de Seleção, indicada pela Academia Brasileira de Cinema (ABC), em evento na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, destacou a importância de o filme ter sido escolhido pela ABC, o que ocorre desde 2017. "Considero importante que o setor audiovisual escolha o filme, e não o governo. Estar no Oscar é interessante do ponto de vista da divulgação internacional do filme escolhido e da valorização do setor audiovisual brasileiro", destacou.

"O mundo está precisando de um pouco de poesia, de magia, e o filme do Cacá traz isso para nós, nossa brasilidade, a música brasileira, a alegria do brasileiro. Precisamos de poesia, então todos os membros da comissão acreditam que foi uma boa escolha", afirmou a produtora Lucy Barreto, presidente da Comissão Especial de Seleção. Para a atriz Bárbara Paz, além "da beleza e da poesia musical, a mensagem de esperança foi determinante para a escolha da obra".

 

Cinco gerações devotadas ao circo

 

O longa conta a história de cinco gerações de uma mesma família proprietária do circo. Da inauguração do Grande Circo Místico, em 1910, até os dias de hoje, o público pode acompanhar, com a ajuda de Celavi, mestre de cerimônias que nunca envelhece, as aventuras e amores da família Kieps, do seu auge à sua decadência, até o surpreendente final. Durante todo o tempo, o filme mescla realidade com fantasia em um universo místico.

"O filme se refere diretamente à cultura brasileira. Está com boas críticas internacionais, está com uma distribuidora internacional, nos Estados Unidos, e isso conta muito também. É uma grande produção", destacou Lucy Barreto.

O secretário do Audiovisual do MinC, Frederico Mascarenhas, disse que o Ministério empregou todos os esforços para que o anúncio fosse feito no dia de hoje e para que a Comissão fizesse a seleção. Ele ainda informou que o Ministério investirá R$ 200 mil para a circulação do filme.

A Globo Filmes, produtora do longa, tem até 1º de outubro para enviar à Academy of Motion Picture Arts and Sciences uma cópia em 35mm ou 70mm, juntamente com os demais documentos estabelecidos no edital do concurso. Até o momento, 35 países já indicaram suas produções para concorrer à categoria de melhor filme estrangeiro. O anúncio final dos indicados ao Oscar será no dia 22 de janeiro de 2019.

 

Comissão Especial de Seleção

 

Formada por membros indicados pela Academia Brasileira de Cinema (ABC), a Comissão Especial de Seleção foi criada exclusivamente para a escolha do candidato ao Oscar. Presidida pela produtora Lucy Barreto, que integra o Conselho Deliberativo da ABC, a Comissão também teve como membros efetivos a atriz Bárbara Paz, os diretores Flávio Ramos Tambellini, Jeferson De, Hsu Chien Hsin, a diretora e produtora de festivais Kátia Adler e a produtora Cláudia da Natividade. O produtor e diretor Ricardo Pinto e Silva foi o suplente. Além dos integrantes da Comissão, participaram do anúncio o secretário de Audiovisual do MinC, Frederico Mascarenhas, e o diretor-presidente da ABC, Jorge Peregrino.

 

Participação feminina

 

Durante o anúncio, a presidente da Comissão ainda anunciou que os membros estavam muito felizes com a qualidade dos 22 filmes que participaram da seleção. A atriz Bárbara Paz ressaltou que houve muita discussão, pois os filmes eram belíssimos. Já o diretor Jeferson De chamou a atenção para o elevado número de mulheres diretoras presentes na seleção deste ano. Dos 22 filmes habilitados, nove foram dirigidos ou codirigidos por mulheres, um percentual de 40,9%. Em 2017, dos 23 longas selecionados, apenas quatro tiveram mulheres na direção.

Os longas dirigidos por mulheres que participam da disputa são O Caso do Homem Errado, de Camila Lopes de Moraes; Encantados, de Tizuka Yamasaki; Aos Teus Olhos, de Carolina Jabor; Paraíso Perdido, de Monique Gardenberg; Como é Cruel Viver Assim, de Julia Rezende; O Desmonte do Monte, de Sinai Mello e Silva Sganzerla; e O Animal Cordial, de Gabriela Amaral Almeida. Além desses, Alguma Coisa Assim, de Mariana Bastos e Esmir Filho; e As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra, foram codirigidos por cineastas mulheres.

Também participam do processo seletivo os longas Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi; Dedo na Ferida, de Silvio Tendler; Ferrugem, de Aly Muritiba; Antes Que Eu Me Esqueça, de Tiago Arakilian; Yonlu, de Hique Montanari; Não Devore Meu Coração, de Felipe Bragança; Talvez Uma História de Amor, de Rodrigo Spada Bernardo; Canastra Suja, de Caio Sóh; Entre Irmãs, de Breno Silveira; O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues; Benzinho, de Gustavo Pizzi; Além do Homem, de Willy Biondani; e Unicórnio, de Eduardo Nunes. De acordo com Lucy, "mostrou-se um cinema brasileiro muito rico nesta seleção".

 

Foto em destaque: Divulgação

Fonte: Minc

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