Geraldo Pereira, administrador da Fazenda Ponta do Curral conta em entrevista, o que atraiu um dos maiores fundos de investimentos mobiliários do país para Valença

A beleza natural, preservação ambiental, localização e potencial de desenvolvimento de Valença atraiu os olhares de um dos maiores fundos de investimentos imobiliários do país, o Opportunity Gestor de Recursos do Banco Opportunity, que desenvolve no município, no âmbito do projeto Brasis, o empreendimento Fazenda Ponta do Curral, no local de mesmo nome.

O Opportunity Gestor de Recursos é representado em Valença por Geraldo Pereira dos Santos, diretor do projeto Brasis, que além da Ponta do Curral, contempla projetos em Itacaré, Garapuá, Chapada Diamantina e Porto-Seguro. Geraldo é formado em Administração de empresas com Especialização em Marketing e Business.

Há 10 anos em Valença e seis meses morando na cidade, Geraldo Pereira recebeu o diretor do JVA, Vidalto Oiticica, na Fazenda Ponta do Curral no último dia 30 de maio, para entrevista que você confere a seguir.

Geraldo Pereira, administrador da Fazenda Ponta do Curral, em Valença-BA (Foto: Valença Agora)

Quem é o Geraldo no pool de empreendimentos da Opportunity Gestor de Recursos?

Geraldo é o responsável por abertura de novos negócios e comunicação social. Nós entendemos que um projeto imobiliário começa na comunicação. A gente cansou de ver no Brasil a fora, empreendimentos pomposos, de bons ideais, que ficaram no meio do caminho, porque não fizeram justamente essa comunicação com a comunidade, então o meu papel principal é novos negócios e comunicação social.

Nos fale um pouco do empreendimento Ponta do Curral. O que significa isso para a região?

Nós entendemos um potencial gigantesco na região, levando em consideração a localização geográfica, Valença está a 100 km de uma capital, 300 e poucos quilômetros de um destino turístico internacional que é a Chapada Diamantina, 200 e poucos quilômetros de outro destino internacional que é Itacaré, e a 400 e poucos quilômetros de outro destino que é Porto Seguro, então isso foi o que nos atraiu pra região. A Ponta do Curral tem todo o potencial de ser a força motriz de desenvolvimento para região, esse é o nosso sonho, e a gente trabalha diretamente para isso, o nosso trabalho é um trabalho que a gente quer dar de exemplo de que isso é possível, quando as pessoas dizem que não dá, não dá por conta disso, não dá porque não tem gente, aí vem na Ponta do Curral porque tudo que está sendo feito aqui, está sendo feito com gente que até pouco tempo atrás era desacreditada. A Ponta do Curral é para mostrar que a nossa região tem tantos valores pessoais, quanto temos valores naturais.

Geraldo, então porque nessa região existe um estado de letargia, mesmo com esse potencial que você sinaliza?

Vidalto, essa é uma pergunta difícil de responder, mas vou tentar, obviamente com toda sinceridade. Tem alguns números que nos chamam atenção, por exemplo, nós temos propriedades no Sul da Bahia em que de 10 colaboradores um é analfabeto, já aqui na nossa região, de 10 colaboradores, você tem um que sabe escrever. Aqui em Valença a gente percebe uma cultura coronelista, um sistema ainda muito provincial, a impressão que temos é que esse estado de letargia, que você levanta tão bem, ele é favorável para alguns segmentos, se você me perguntar quais, não sei lhe dizer, mas posso lhe dizer, mesmo quem está achando que está ganhando com essa letargia, está equivocado.

Como transformar esse estado quo?

Fácil! É um problema grande, mas esse estado de letargia como qualquer macronegócio ele pode mudar a partir do momento em que nós entendemos que cada cidadão, cada pessoa, ela tem condição de fazer essa mudança, então esse é um negócio fácil de resolver, porque apesar de ser gigante, ele é resolvido individualmente. Esse estado de letargia tem que ser um estado de cada um acordar e depois de acordado, quem sabe tentar acordar o vizinho.

Geraldo, geralmente esses grandes empreendimentos quando chegam em qualquer região, eles têm a obrigatoriedade da contrapartida social e percebe-se que a maior contribuição social que vocês aplicam aqui na região é na área psicológica. Isso tem a ver com o estado quo, é proposital ou tem algum outro sentido?

Eu não sei se psicológico, até porque a gente não é profissional, mas a gente quer criar um novo mindset, uma transformação no jeito das pessoas pensarem, na realidade o nosso sonho aqui é que as pessoas adequem o seu pensamento à riqueza do local. A gente vive num local maravilhoso, rico em tudo que você pode imaginar de riquezas naturais, localização, gente boa, mas enquanto essa mente não mudar nada vai sair do lugar, então se algum momento você enxerga que a gente está trabalhando desse jeito, muito obrigado.

Geraldo ressaltou o potencial de desenvolvimento de Valença durante entrevista (Foto: Valença Agora)

A cidade de Dubai foi projetada, mega investimentos, ilhas artificiais, ações em que a mão do homem mexeu na natureza. Aqui na região não tem essa necessidade, existe a potencialidade natural para tanto, mas como essa região pode ser transformada numa Dubai, a nível de desenvolvimento e riqueza?

Vou dar três exemplos que são muito interessantes, Dubai eu sempre uso, vou falar do final do século 19, Las Vegas, onde é Las Vegas hoje, no passado era um deserto, não tinha nada; década de 60, quinze anos depois da segunda guerra, Walt Disney sobrevoando a Flórida, passa por cima de onde é Orlando hoje, no passado era um pântano. Las Vegas dispensa comentários! Onde era um pântano, hoje é o parque da Disney visitado pelo mundo todo. Qual é a relação que tem da Disney e de Las Vegas com a nossa região? Nenhuma, aqui o Parque de diversões já está pronto, o nosso grande problema, daí é importante a questão do mindset, é gente! Nós temos um produto sem defeitos, aqui você tem rio, tem lagoa, tem mar de ondas, mar pra kitesurf, mar para navegar, você tem todas as belezas naturais, e mais importante, você tem as ferramentas de controle, porque você tem isso tudo, mas você precisa fazer um desenvolvimento com preservação. Nós temos duas APAS, o único lugar do Brasil que tem duas APAS é o Guaibim, tem mais um Plano de Manejo da expansão urbana, então se você tem um tesouro, tem um regramento para polir esse tesouro, falta só o quê? Gente. Está tudo pronto.

Você passa isso de uma forma bastante clara, objetiva e possível de ser aplicada, mas porque vocês, com esse patrimônio, demoraram tanto tempo para desenvolver ações nessa grande Dubai do Baixo Sul?

A gente passa hoje, como você falou, por um estado de letargia, e num estado assim é difícil você tirar as pessoas desse estágio, hoje a Ponta do Curral está pronta, pronta para quê? Nós ainda não recebemos visitas de compradores, mas nós nos achamos prontos, pois além de termos palavras para falar para essas pessoas que estão nesse estado de letargia, nós temos exemplos para mostrar. O que a gente propõe de uma construção saudável, ambientalmente correta com a participação das pessoas da própria região, que é o nosso sonho. Isso aqui é um investimento no nosso ideal, que não terminou ainda. Nós estamos gastando agora mais alguns milhões para construir sete casas, que é para formar essa estrutura, só depois que a gente formar essa estrutura é que iremos estar prontos para receber clientes, hoje nós estamos prontos para trazer a comunidade e dizer, é possível fazer o que vocês veem pronto aqui dentro, hoje nós estamos prontos para conversar, para divulgar e é isso que nós começamos a fazer, resumindo, nós não quisemos correr o risco de alguém falar: “é só conversa”. As mudanças que nós propomos são possíveis.

O que você gostaria de ver na mentalidade dos valencianos, com a convicção que tem como porto-segurense?

O senso de obrigação, acordar de manhã e saber que tem a obrigação de fazer alguma coisa pelo seu município, pelo seu entorno, de levantar de manhã, fazer o seu, olhar para seu umbigo, que é uma questão de sobrevivência pessoal, mas que a pessoa tivesse como obrigação, “eu já comi, pronto minha parte já está pronta, deixa eu olhar para o vizinho”, eu gostaria muito disso. Nós estamos trabalhando e eu acredito que isso vai acontecer a médio prazo, de as pessoas terem um senso do todo e quando eu falo senso do todo isso causa medo, “será que eu vou precisar resolver tudo?” Não. Tudo é muito simples, senso do todo é até onde sua mão alcança, eu queria que cada um fizesse a diferença. Nós temos cem mil pessoas que moram na região, dessas cem mil pessoas que elas estivessem fazendo alguma coisa, em algum momento nossas mãos iam se unir e aí a gente teria uma cobertura. Meu sonho é muito factível porque eu não tenho pressa de que seja resolvido nada amanhã, até porque nosso estágio de alto destruição já tem algumas décadas, pensar que construir é mais fácil do que o destruir é anti-matemático, se tem duas, três décadas sendo destruído, se prepare para três, quatro, cinco décadas de construção. A boa notícia é que, se o processo de destruição é penoso, o processo de construção é feliz, então se a gente vai precisar de 50 anos para reconstruir, vão ser 50 anos mais felizes, mais harmônicos, que a gente vai ter motivos para comemorar.

Você vem de uma origem, enquanto grupo econômico, que gosta muito do glamour, do que é bom, da bebida boa, de pisar em lugares chiques, popularmente falando, e aqui vocês conversam e dizem que vem com outra proposta, a de que o cara aqui tem que pisar no chão, tem que sentir o gosto da terra, porque essa mudança de conceito com tanta profundidade?

Não tem mudança de conceito não, mas essa sua pergunta é super interessante. Não tem mudança de conceito, é porque a gente vem com o nome Opportunity, Gestor de Recursos, investimentos pomposos na capital, mas na Bahia, como eu brinco, nós somos o capital hippie, é só você vê por quem trabalha aqui, é só você olhar pra mim, vê os meninos trabalhando aqui. Os societários pegaram um monte de gente que pensa diferente e mandou para a Bahia, nosso negócio é muito chique, mas eu trago do prefeito ao gari e não vejo ninguém se sentindo desconfortável aqui dentro, você pode trazer sua mulher de salto alto aqui, mas ela pode vir também de chinelinho e vai se sentir bem, isso é uma coisa meio difícil de entender e eu agradeço muito a Deus por ter essa oportunidade.

A Fazenda Ponta do Curral está totalmente legalizada e o município já deu todas as liberações para que ele comece o empreendimento?

A nível de estrutura, que são essas seis edificações e as sete casas que estamos fazendo agora, temos a licença da secretaria de meio ambiente, do CODEMA e alvará de construção das casas. Geraldo, você precisava isso? Não, não tem uma fazenda na Bahia que peça alvará para construir seus equipamentos. Essas casas que eu estou fazendo eu não posso vender, não é comercial, é como se fosse um curral, só que eu estou fazendo casa, essa é a parte de estrutura. O projeto como todo, 80 hectares, 150 casas, é com o INEMA estadual porque a nossa cidade não está podendo fazer avaliação de projetos desse porte. A parte de projeto, de papel está aprovada, quando aprovada tem que vir uma vistoria conferir se o que está no projeto pode ser efetuado em campo, estamos nessa fase desde janeiro de 2019, em janeiro de 2020, antes da pandemia, entrei com uma carta de celeridade, que é como o processo manda - porque a gente não foge do processo -, passando os procedimentos normais, eles teriam que nos dar uma resposta em seis meses, não deram. Esse ano mudou a gerencia do INEMA de Itabuna, está Dra. Cibele, eu tive uma reunião com ela há 15 dias, mostrei todo o nosso projeto, e senti ela sensibilizada, ela falou que vai colocar o nosso processo para andar, então resumindo, nosso projeto de equipamento está aprovado no município, estamos em execução e o projeto total ao qual esse equipamento está destinado, está na mão do INEMA para aprovação. Se você me pergunta, “mas vocês com tanta força política e econômica, não poderiam ter pressionado isso?” Sim, poderíamos, mas a gente não faz isso, esperamos vir de maneira tranquila, orgânica. Nós temos um poderio econômico muito grande, se aqui está parado, estou fazendo Trancoso. O projeto Ponta do Curral não está mais nas minhas mão, ele está nas mãos da comunidade, porque se a comunidade fala assim, “vamos transformar isso aqui”, aí eu vou com toda força que o grupo tem que ter para cima do INEMA, porque não adianta eu ir com toda força, o INEMA me liberar e eu ainda não ter uma Valença pronta para receber isso, você me entende? É essa a situação.

Famosa por ser o local onde desembarcaram as primeiras cabeças de gado do Brasil, a Ponta do Curral é uma fazenda particular com um total de 530 hectares (Foto: Reprodução/Internet)

O que essa comunidade valenciana e Baixo Sul podem criar como expectativa desse empreendimento Ponta do Curral daqui a 10 anos?

Tudo o que trabalho duro, foco e determinação puderem produzir é o que Valença pode esperar da Ponta do Curral. Não vou dizer para você que a gente vai construir dez, a gente vai construir o que for possível e vontade para isso não nos falta, a única coisa que eu posso garantir para toda a região é, se trabalho dá expectativa, pode ficar todo mundo com boas expectativas, porque a única coisa que a gente faz é trabalhar.

Suas considerações finais.

A gente está só começando e a nossa região tem que despertar para as riquezas que estão aí, a nossa região tem que superar traumas, eu vejo as pessoas muito desacreditadas de si e dos outros, isso é um processo mundial, mas quando você tem esse processo na Zâmbia, na Angola tudo bem, mas quando você está em cima de um tesouro desse a gente não pode, não é direito nosso, esse estado de letargia. A nossa região está aqui por um propósito muito maior do que todo mundo pode imaginar, não é possível que tanta coisa positiva veio num lugar só de graça, aí se você acredita em Deus ou qualquer religião, é impossível, o supremo não pode ter colocado tudo num único lugar, mas porque tanto tempo para descobrir, porque tanto tempo pra isso acontecer? Tudo tem seu tempo, eu acho que em vez da gente buscar problema no passado, vamos olhar para as soluções no futuro, e quando é esse futuro? Agora.

 

Atualizada em 8 de outubro de 2024 para correções ortográficas.

 

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