Palestra foi proferida pela chef de cozinha vegana Adriele Carvalho e pelo cardiologista Israel Tavares

O movimento Segunda Sem Carne vem ganhando força em todo o mundo, e é justamente no Brasil em que ele tem a maior adesão. Presente em 44 países o movimento foi lançado no nosso país em 2009 em parceria com a Sociedade Vegetariana Brasileira. O movimento propõe conscientizar as pessoas sobre os impactos que o uso de produtos de origem animal para alimentação tem sobre a sociedade, os animais, a saúde e o planeta.

Como objetivo de apresentar a campanha e gerar conscientização, a Associação Protetora dos Animais Abandonados de Valença (APRANAB) em parceria com o Centro Estadual de Educação profissional em Saúde do Leste Baiano (CEEP) realizou nesta terça-feira (4), uma palestra para estudantes do curso de Nutrição e Dietética.

Bernadete Tavares, associada da APRANAB destacou que importante que a sociedade se conscientize sobre a importância de não maltratar os animais.

“Nossa associação cuida de mais de 120 animais no abrigo e buscamos essa parceria para conscientizar a população sobre o cuidado com os animais. Valença tem muitos animais abandonados e maltratados. Então queremos levar essa conscientização para as escolas porque é uma questão de saúde pública. Estamos sempre em busca de parcerias pra fazer castração ou algo do tipo para controlar essa natalidade desenfreada de animais em nossa cidade. Fazemos nosso apelo para que as pessoas sejam mais responsáveis, adotem ao invés de comprar, cuidem da higiene do animal e do meio ambiente não deixando as fezes do seu animal na rua, não peguem um bicho se não podem criar para depois não ser preciso abandonar”, conscientizou Bernadete.

Atividade prática sobre alimentação de base vegetariana

Atividade prática sobre alimentação de base vegetariana

A APRANAB apoia a Segunda Sem Carne. “Esse movimento é em defesa dos animais, da saúde e do meio ambiente. Para cada quilo de carne consumido são gastos 15 mil litros de água. O setor pecuário é responsável por mais de 80% de todo o desmatamento do nosso país, o Brasil tem mais cabeças de gado do que habitantes”, ressaltou Bernadete.

Edilton Arandiba, diretor do CEEP Valença falou sobre a parceria da instituição para a realização do evento. “Estamos abraçando essas oportunidades que nos são dadas porque é muito importante fazer essa ponte entre a prática e a teoria. Os estudantes participam da palestra e depois de uma oficina onde irão executar um prato incluindo a dieta vegana”, ressaltou.

Atitude Sustentável

A palestra foi proferida pela chef de cozinha vegana Adriele Carvalho da Sociedade Vegetariana Brasileira e pelo cardiologista Israel Tavares, que destacaram a importância da redução do consumo de carne, e consequentemente, o aumento do consumo de leguminosas, frutas, cereais e verduras, aliando a prática da atitude sustentável, importante para a preservação dos animais, da saúde e do meio ambiente.

Adriele Carvalho é chef de cozinha da Socieadde Vegetariana Brasileira

Adriele Carvalho é chef de cozinha da Socieadde Vegetariana Brasileira

A chef Adriele falou sobre o trabalho que desenvolve e sobre o movimento Segunda Sem Carne. “Eu não cozinho com nada que venha de animal, por exemplo, ovos, leite, mel, couro. Ser chef de cozinha vegano é trabalhar com tudo que a natureza nos fornece sem os animais, tudo que vem de árvores e plantações em geral”, explicou sobre a sua profissão.

Só para alimentação, todo ano são mortos mais de 70 bilhões de animais terrestres em todo o mundo. No Brasil são abatidos aproximadamente 1 boi, 1 porco e 190 frangos por segundo.

“A campanha Segunda Sem Carne convida a população para que faça pelo menos um dia de redução do consumo de carne, não precisa ser necessariamente na segunda-feira, pode ser qualquer dia da semana. Esse 1 dia de redução é equivalente a 30% do que a gente come durante a semana, então pra que a gente reduza os impactos ambientais e melhore a nossa saúde, esse dia é proposto”, destacou Adriele.

A profissional também comentou sobre a vertente ambiental do movimento. “Uma alimentação onde a gente reduza o consumo dos animais é muito mais viável para o meio ambiente porque a gente evita que áreas sejam desmatadas para que cultivem gados, os grãos que serviriam de alimentação para esses animais poderiam servir para a população. Uma pessoa que deixa de consumir um quilo de frango nesse 1 dia, ela está economizando 6 mil litros de água porque é isso que se leva desde a produção daquele animal até ele chegar no nosso prato, a ideia dessa campanha é trazer essa ligação com a sustentabilidade”, frisou.

Cardiologista Israel Tavares falou dos benfícios da alimentação vegeratiana para a saúde humana

Cardiologista Israel Tavares falou dos benfícios da alimentação vegetariana para a saúde humana

O cardiologista Israel Tavares ressaltou os benefícios da redução do consumo de carne para a saúde humana. “Uma alimentação centrada em vegetais favorece a prevenção de doenças crônicas e degenerativas como doenças cardiovasculares, hipertensão, obesidade, diabetes e diversos tipos de câncer. A alimentação vegetariana é uma alimentação exemplar, alimentação do futuro que eu vejo como tendência, é saborosa, tem custo acessível e é fundamental para termos uma saúde plena e evitar doenças. A Organização Mundial da Saúde mostrou que o consumo diário de 50 gramas de carne processada aumenta em 18% as chances de câncer colorretal”, alertou.

Para o médico, o incentivo a alimentação saudável deve começar nas escolas. “Nas cantinas das escolas o que mais encontramos é coxinha, pastel frito e isso dificulta as mudanças necessárias na nossa alimentação. O hábito só vai acontecer na hora que se instituir essa necessidade nas escolas, tem que começar na escola primária e levar isso pras famílias. O que tem hoje de obesidade infantil é impressionante, porque além do sedentarismo, temos uma alimentação ruim, e isso não está relacionado à classe social, mas ao entendimento e conhecimento”, defende Dr. Israel.

Pesquisas estimam que mudar os hábitos alimentares da população mundial para mais dietas à base de vegetais poderia evitar até 8 milhões de mortes até 2050. Isso representa aproximadamente 10% da mortalidade global.

Fonte: Jornal Valença Agora

Fotos: Jornal Valença Agora e APRANAB

 

 

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